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04/05/2012 - 10h43

HÁ 20 ANOS: Pesquisa revela carioca otimista com a realização da Eco-92 no Rio

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JOCIMARA RODRIGUES
DO BANCO DE DADOS

Folha, 4.mai.1992 - Os cariocas estão otimistas com a Eco-92, em junho no Rio de Janeiro. Segundo a pesquisa realizada pelo Datafolha, 87% dos cariocas sabem da realização da conferência na cidade, sendo que 40% deles acreditam que a reunião ajudará na defesa do meio ambiente.

Divulgação
Logo oficial da Eco-92
Logo oficial da Eco-92, que será realizada em junho, no Rio

A expectativa da população do Rio é com a imagem que a cidade projetará no exterior. 67% dos entrevistados acreditam que o Rio será visto positivamente fora do país depois da conferência. Os entusiastas da Eco-92 confiam que causar uma boa impressão irá estimular o turismo. Além disso, 51% dos entrevistados afirmaram que a realização da conferência está trazendo melhorias de infraestrutura para toda a cidade.

A principal referência que pode ter influenciado a opinião dos cariocas é o projeto Rio-Orla, que remodelará a orla marítima no trecho do Leme, na praia de Copacabana, até a Barra da Tijuca, na zona sul da cidade. O projeto inclui a construção de uma ciclovia, a reformulação dos calçadões e dos estacionamentos e o aumento da área verde na região.

Em contrapartida, 44% das pessoas ouvidas pelo Datafolha acreditam que as obras realizadas especialmente para a Eco-92 estão envolvidas em irregularidades. Parte da desconfiança que paira sobre as obras se justifica pela prisão preventiva de Luiz Roberto Themudo, revogada há menos de uma semana.

Themudo era coordenador-geral do Grupo de Trabalho Nacional (GTN), entidade responsável pela organização da conferência. Ele foi acusado de desviar U$S 200 mil, que foram destinados para a realização de outro evento, no ano passado, no Rio. Após a denúncia do caso pela Folha no dia 24 de março, Themudo pediu demissão da coordenação da GTN.

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BRASIL

A Comissão Episcopal de doutrina da CNBB (Confederação Nacional dos Bispos do Brasil) anunciou ontem que as próximas edições da "Bíblia - Edição Pastoral" sofrerão cortes.

Polêmica desde o seu lançamento, em 1990, a edição pastoral é uma leitura da Bíblia a partir da Teologia da Libertação, corrente da Igreja que utiliza elementos do marxismo para analisar a sociedade e propor mudanças em sua estrutura.

Na versão da Bíblia segundo a Teologia da Libertação, o personagem Davi é chamado de "chefe guerrilheiro". Alguns verbetes do glossário também causaram polêmica no Vaticano, como por exemplo, o termo "lucro", definido como "ganho conseguido graças ao mau pagamento do salário". Outro termo que causou controvérisa é "ordem", explicado no livro como "desculpa que o poder dominante usa para conter a possibilidade do povo se organizar contra o sistema injusto e opressor."

Segundo dom Aloízio Lorscheider, arcebispo de Fortaleza, algumas modificações foram realizadas para melhorar o entendimento da obra, após solicitação feita pela Congregação da Doutrina da Fé do Vaticano.

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MUNDO

Em resposta às constantes críticas dos EUA, a China divulgou ontem comunicado declarando que os distúrbios recentes de Los Angeles, nos EUA, não foram acidentais e que refletem as violações dos direitos humanos, como grave discriminação social e abuso de força pela polícia existentes no país.

A rebelião de Los Angeles, que já se espalhou para outras regiões norte-americanas, foi motivada pela decisão judicial que inocentou quatro policiais brancos acusados de espancar o motorista negro Rodney King, no dia 29 de abril. A agressão foi filmada por um conegrafista amador, e o vídeo transmitido para diversas emissoras de TV do mundo. Milhares de pessoas foram às ruas para protestar contra o resultado do julgamento.

O governo chinês demonstrou grande preocupação com a situação dos cidadãos chineses e de seus descendentes, além dos compatriotas de Taiwan, que residem nos EUA e que sofreram com os ataques e, consequentemente, com as perdas ocorridas durante a rebelião.

A posição do governo dos EUA diante dos ataques de Los Angeles foi criticada também pela França. O presidente francês, François Mitterrand, afirmou que a responsabilidade pelos pelos distúrbios recentes é da política negligente dos norte-americanos em relação aos problemas sociais.

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CULTURA

A rádio Nova FM Record (89,7 MHz) passou por uma reformulação geral. Desde seu nome --agora a rádio passa a se chamar Nova FM-- até a sua programação, muitas mudanças estão sendo executadas. Considerada referência na música eletrônica, chegando a assumir o slogan "rádio dance da cidade de São Paulo", agora a emissora aposta numa programação mais eclética, com lugar para o rock e o pop.

Mário Fontes - 1.mai.1992/Folhapress
Rádio Record FM muda sua programação
O novo programador Lélio Márcio Pereira, da rádio Nova FM

Buscando melhorar sua audiência, a Nova FM trocou o diretor de programação. Lélio Márcio Pereira irá comandar a emissora neste período de transformações.

A especialização em "dance music" teve origem num programa que era vinculado a uma importadora de discos, a New Images. O programa homônimo tocava as últimas novidades do gênero dos EUA e da Europa. Era transmitido de segunda a sexta das 10h à 0h, mas, com as alterações na emissora, o programa foi extinto.

As transformações foram feitas baseadas numa pesquisa de opinião com o público-alvo da emissora, ou seja, entre jovens de até 25 anos pertencentes às classes A, B e C. Nas entrevistas, foi detectado que este público sentia falta de rock na programação das rádios.

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ESPORTE

O presidente da Confederação Brasileira de Basquete (CBB), Renato Brito Cunha, deve anunciar hoje no Rio de Janeiro as medidas que serão adotadas pela entidade sobre as declarações da jogadora de basquete Edna, do time Unimed-Araçatuba, cortada da seleção brasileira há cinco dias.

A jogadora terá um prazo de 72 horas para desmentir ou confirmar as declarações feitas à jornalista Roselana Tolentinom da TVI --TV afiliada ao SBT--, em que ela justifica seu corte da seleção brasileira devido à preferência da técnica do time, Maria Helena Cardoso, por jogadoras que calçavam sapato 44, fazendo alusão ao termo "sapatão", usado para definir pejorativamente mulheres homossexuais. Ainda na mesma entrevista, Edna diz que "gosta de sexo da maneira convencional".

Acusada de discriminação sexual, Edna chegou a questionar a veracidade das acusações, declarando que não conhecia a jornalista que publicou a entrevista, além de desconhecer qualquer caso de homossexualismo no basquete.

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FRASE

Os políticos não permitem que se falem coisas que o país inteiro apoiaria. Não querem saber do interesse do país, mas do que pode dar votos

LUIZ SIMÕES LOPES
presidente da Fundação Getúlio Vargas, sobre os políticos brasileiros.

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Leia mais no Acervo Folha

Ambientalismo nunca foi um consenso no Brasil, nem mesmo entre os próprios ambientalistas. O estudo "Discursos Verdes: As Práticas da Ecologia", de Andreia Luísa Moukhaiber Zhouri, revela que, desde o "advento" da ecologia, com os "ecologistas históricos" até os "novos ambientalistas", muita coisa mudou.

A começar pelo termo "ecologia", relegado a segundo plano ao longo do tempo por ser considerado romântico. A substituição de "ecologia" por "meio ambiente" nos discursos dos militantes tinha como objetivo apresentar de maneira neutra e mais abrangente a questão.

O perfil dos militantes também mudou, passando de jovens idealistas a profissionais que focam o debate em questões técnico-científicas. Segundo Zhouri, a profissionalização da militância no Brasil se fez necessária a partir de 1986, quando o discurso ambiental foi incorporado pela política. Com a formação das "Listas Verdes", publicações que arrolavam candidatos ecológicos, independentemente do partido, a plataforma do político que contemplava questões ambientais ganhava maior credibilidade entre a sociedade.

 

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