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10/06/2012 - 07h17

HÁ 20 ANOS: Chefes de Estado se deparam com Eco-92 mergulhada em impasse

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JEFFERSON CORREDOR
DO BANCO DE DADOS

Folha, 10.jun.1992 - Começaram a chegar ontem para a Eco-92 os principais chefes de Estado. O primeiro foi o chanceler alemão Helmut Kohl. À noite, devem desembarcar o norte-americano George Bush e o britânico John Major. A chegada dos principais líderes dos países desenvolvidos, no entanto, não foi capaz de acelerar as negociações sobre florestas e financiamentos ambientais, importantes pautas da conferência.

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Um dos objetivos dos países riscos mundo na Eco-92 era obter um acordo forte para preservar as florestas tropicais. Bush lançou a ideia de uma convenção sobre o tema em Houston (EUA), há dois anos. A ideia foi e continua sendo rechaçada pelos países do Grupo dos 77 (Terceiro Mundo), principais exportadores de madeira do mundo.

A comissão sobre o tema, que deveria ter encerrado seus trabalhos ontem, resolveu transferir o problema para a instância superior de negociação, o Comitê Principal. A situação piorou porque a Comunidade Europeia defendeu a proposta de conservação de florestas tropicais, provocando reação imediata do Paquistão, Malásia e Índia.

Houve impasse também quanto ao financiamento de ações de preservação. Os países em desenvolvimento querem que os países ricos cedam mais que 0,7% do PIB a um fundo de financiamento ambiental, como prevê a Agenda 21. "O desenvolvimento não pode ser um motor de propulsão para enriquecer aqueles que já são muito ricos em detrimento daqueles que são mais pobres", disse Collor à imprensa.

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COTIDIANO

Os convidados internacionais da Eco-92 não têm do que reclamar. O superpoliciamento montado no Rio para o evento reduziu em 37% os registros policiais na zona sul e no centro. No resto da cidade, porém, a "higienização" da cidade não surtiu efeito: os índices de criminalidade permaneceram os mesmos.

Com a ação ostensiva de cerca de 25 mil policiais civis, militares, federais e agentes das Forças Armadas, os visitantes estão mais protegidos. Segundo a Comissão de Segurança para a Eco-92, desde o início da conferência a média de ocorrência diárias com estrangeiros caiu de 20 para um máximo de oito.

A PM concluiu ontem uma análise comparativa de criminalidade antes e durante a Eco-92 de 30 de maio, início do policiamento especial, a domingo passado, os homicídios, assaltos, agressões e furtos caíram mais de 25% em relação ao período entre 16 e 24 de maio. A PM, no entanto, prevê que após a Eco-92 a criminalidade volte a crescer.

Darcy Cardoso - 9.jun.1992/Folhapress
Turistas japoneses tiram foto com criança entre soldados que fazem a segurança na zona sul do Rio, onde ocorrem eventos paralelos à Eco-92
Turistas japoneses tiram foto com criança e soldados que fazem a segurança em eventos paralelos à Eco-92

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MUNDO

O governo italiano anunciou ontem uma nova e mais dura legislação contra a máfia e deu imediata consequência prática a ela, ao fazer cerca de 700 detenções no sul do país. Só na Sicília, foram presas 151 pessoas. As demais foram detidas em outras três regiões do sul, Campânia, Calábria e Puglia.

Trata-se de evidente resposta ao assassinato no dia 23 último do juiz Giovanni Falcone, o maior símbolo da luta contra a máfia. "Confrontado com fatos de tanta gravidade, o Estado não podia ficar imobilizado. Tinha de dar uma resposta forte e determinada", disse o ministro da Justiça, Cláudio Martelli, ao anunciar a nova legislação.

Aliás, foi o próprio Falcone quem inspirou ao menos o espírito das novas regras, com base na experiência adquirida no superprocesso contra mafiosos que conduziu em 1987 e levou 338 deles à prisão.

A chave da nova lei baseia-se na concessão de prêmios e segurança para mafiosos delatores, e em interrogatórios por telefone ou vídeo, quando o deslocamento de testemunhas for considerado perigoso.

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BRASIL

César Itiberê - 3.jun.1992/Folhapress
PC, em seu apartamento na Vila Olímpia, SP
Paulo César Farias, em seu apartamento na Vila Olímpia, SP

O empresário Paulo César Farias disse ontem que os gastos da campanha eleitoral do presidente Fernando Collor de Mello foram superiores aos declarados ao TSE. Ele classificou de "hipócrita" a legislação eleitoral e afirmou que não tinha como declarar os gastos "imensuráveis" com camisetas, caminhões e aviões na campanha.

O depoimento de PC deu novo fôlego à CPI. Além de reconhecer a fraude perante o TSE, o empresário admitiu a prática de tráfico de influência. No campo pessoal, PC contou que possui um automóvel Mercedes-Benz registrado em nome de um "testa de ferro", Luiz Calheiros.

Em depoimento que durou quase seis horas, PC só conseguiu convencer o presidente da CPI, Benito Gama, (PFL_BA), de que "houve uma contradição total" com o depoimento de Pedro Collor. Gama acredita que será "inevitável uma acareação entre os dois". Sobre as denúncias de Pedro Collor, PC disse que abriu processos contra o irmão do presidente por "18 calúnias", três injúrias e cinco difamações.

Antes de se submeter às perguntas dos parlamentares, PC fez um pequeno discurso. Lembrou que foi seminarista em Alagoas e que seus bens são fruto de 22 anos de trabalho como empresário.

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CULTURA

O ator inglês Jeremy Irons começa a filmar em agosto, no Canadá, uma adaptação da peça "M. Butterfly", de David Hawang, assinada por David Cronenberg, diretor de "Gêmeos, Mórbida Semelhança".

Depois de uma noitada no Jazzmania ouvindo o trompetista Wynton Marsalis, o ator surgiu no hall do hotel Caesar Park, em Ipanema, zona sul do Rio, clamando por um café bem forte antes da entrevista.

Irons participou como mestre de cerimônia no dia 7 de junho do "Concerto para a Vida", a abertura cultural da Eco-92.

Desde 1986, quando testemunhou o flagelo dos índios da Amazônia durante as filmagens de "A Missão", sedimentou a preocupação ecológica que foi decisiva para sua presença na Eco-92.

"Não se pode jogar lixo num jardim todos os dias impunemente", disse, pregando que países ricos "ajudem financeiramente os mais pobres a sobreviver sem acabar com a natureza".

ESPORTE

O Portland Trail Blazers tenta hoje à noite em seu ginásio a recuperação no playoff final da NBA. O time de basquete precisa vencer o Chicago Bulls para empatar a série melhor de sete partidas. Os Bulls lideram por 2 jogos a 1.

Uma nova derrota em casa para o time de Chicago faz com que o Portland praticamente dê adeus ao título. As duas equipes voltam a se encontrar nessa sexta-feira no mesmo local.

O Portland não quer que se repita o que ocorreu nas finais de 90/91, contra o Detroit Pistons. O time, como agora, empatou o playoff em 1 a 1, mas permitiu que o adversário fechasse a série em 4 a 1.

O Chicago, por sua vez, conquistou o troféu da temporada passada com uma vantagem de 4 a 1 sobre o Los Angeles Lakers.

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FRASE

"Não sou vizinho do presidente em Brasília. Tenho uma casa a cerca de mil metros de distância"

PAULO CÉSAR FARIAS
empresário e ex-tesoureiro da campanha eleitoral de Fernando Collor, sobre sua proximidade com o presidente.

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Leia mais no Acervo Folha

Hanne Marstrond, mulher do secretário-geral da Eco-92, Maurice Strong, aproveitou a Convenção sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento para reunir 75 líderes espirituais de todo o mundo. A milionária dinamarquesa chamou todos para um sítio a três quilômetros do Riocentro, para enviar boas vibrações aos representantes dos governos reunidos no Rio.

 

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