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HÁ 20 ANOS: Japão e EUA esvaziam proposta de usar PIB para ambiente
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JEFFERSON CORREDOR
DO BANCO DE DADOS
Folha, 11.jun.1992 - Os dois países responsáveis por cerca da metade do dinheiro do planeta, EUA e Japão, estão definitivamente fora do compromisso formal de destinar 0,7% do Produto Interno Bruto para projetos ambientais até o ano de 2000.
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Esse é um dos temas polêmicos do capítulo sobre finanças da Agenda 21, o programa de ação global para o próximo século, em debate na Eco-92. Representantes dos EUA e do Japão disseram ontem que devem aumentar suas contribuições para projetos ambientais, mas não querem fixar prazo nem valores.
A França lidera proposta de comprometer já US$ 3,8 bilhões adicionais para projetos ambientais. O dinheiro viria dos países da Comunidade Europeia, que ainda não havia fechado a questão ontem.
Ainda não está definida qual será a reação dos países pobres (G-77) à posição dos EUA e do Japão sobre os 0,7%. Até as 20h não havia previsão sobre como ficaria o capítulo de finanças.
Enquanto do lado de dentro do Riocentro reina a discordância, do lado de fora a oposição às posições assumidas pelos EUA na Eco-92 era uma unanimidade. Uma multidão entre 10 mil (estimativa da PM) e 40 mil (segundo organizadores) gritava "The people, united, will never be defeated". Criticavam o FMI e a política econômica do governo federal.
Luciana Whitaker - 10.jun.1992/Folhapress | ||
Passeata contra a política ambiental norte-americana na Eco-92, seguindo para ao Consulado dos EUA no Rio |
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BRASIL
Os principais portos do país amanheceram parados. A greve dos sindicatos dos trabalhadores nos portos contra o projeto de desregulamentação que tramita na Câmara dos Deputados obteve grande adesão em seu primeiro dia. Segundo a companhia das docas, de 15 portos deixaram de arrecadar em torno de Cr$ 6,28 bilhões.
Em Santos (65 km a sudeste de SP), 15 mil portuários paralisaram suas atividades. Somente um navio que descarregava gás operou. Outras 22 embarcações permaneceram paradas. A perda de faturamento para a Codesp, administradora do porto, é de Cr$ 3,1 bilhões por dia.
Pela manhã, cerca de 5.000 trabalhadores e o Movimento de Mulheres de Portuários fizeram um "abraço ao porto" colocando-se em fila ao longo de pelo menos sete quilômetros do cais.
Os cinco portos do Estado do Rio de Janeiro estão deixando de faturar desde ontem Cr$ 1,5 bilhão por dia com a greve. Segundo Salvador Câmara, chefe do setor de Relações Públicas da Companhia Docas do Rio de Janeiro, a greve atingiu 100% dos 15 mil trabalhadores.
A greve também paralisou portos da Bahia, do Espirito Santo e, principalmente, os de Paranaguá (PR) e Rio Grande (RS).
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MUNDO
A Líbia está na iminência de dar uma profunda guinada em sua orientação político-diplomática, com ou contra o seu líder atual, o coronel Muammar Kaddafi, no poder desde 1969.
Os sinais mais evidentes dos novos rumos surgiram ontem no jornal "Al Jamahiriya", justamente o órgão oficial dos "comitês revolucionários" --em tese, a base do poder de Kaddafi.
O jornal publicou um duro editorial no qual condena a política nacionalista e pan-arabista seguida por Kaddafi desde que chegou ao poder. Não menciona o líder pelo nome, mas não há ninguém mais a quem possa ser dirigido o texto.
"Você nos empurrou à inimizade com o Ocidente, quando nós só temos problemas com ele por causa de seus árabes. O Ocidente devolveu a inimizade, enquanto os seus árabes nos traíram e se submeteram ao inimigo", diz o editorial. "Você está perseguindo uma miragem. Vá sozinho ao seu arabismo e seus laços islâmicos. Quanto a nós, nós temos a América", completa.
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CULTURA
Divulgação |
Cazuza, no filme de Cacá Diegues "Um Trem para as Estrelas" |
De hoje até o dia 28 de junho o Sesc Pompeia, em São Paulo, vira uma parada obrigatória para fãs de Cazuza. Depois de ser montado no Rio de Janeiro, abre hoje às 19h30 o Projeto Cazuza - O Tempo não Para, homenagem multimídia à música e à vida do cantor e compositor morto há dois anos.
A exposição reconstitui o "habitat" do cantor através de objetos pessoais, como sua máquina de escrever, seus livros prediletos e sua bandana. A principal atração são alguns de seus manuscritos, com a primeira versão da música "Minha Flor, Meu Bebê", do dsco "Ideologia".
Será exibido o vídeo "Cazuza e os Outros", com depoimentos dos pais do campositor, shows históricos, "invasões" de camarim e momentos de sua vida privada. Também aparece uma apresentação feita há um mês com a participação de Frejat e Sanda de Sá, cantando a música "Blues do Ano 2000", cuja letra é de Cazuza.
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ESPORTE
A McLaren já marcou data para voltar a ser competitiva. Daqui a três corridas, no GP da Alemanha, a equipe de Ayrton Senna acredita que já estará em condições de atacar a Williams, time que até agora "correu sozinho" no Mundial de Fórmula 1 de 92.
A previsão foi feita ontem pelo mexicano Jo Ramirez, chefe de equipe da McLaren, nos boxes do circuito Gilles Villeneuve, em Montréal, onde domingo acontece o GP do Canadá, sétima etapa do campeonato.
"Falando realisticamente, a situações aqui será como em Imola", disse Ramirez, lembrando o passeio de Williams no GP de San Marino. "Mas, até o final do ano, nós vamos ganhar corridas. Hoje estamos à frente da Benetton e da Ferrari. Mais umas três provas e estamos na luta contra a Williams."
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FRASE
"Al Capone foi preso em Alcatraz pelo fisco. Por que não o PC na Ilha Grande?"
ALOÍZIO MERCADANTE
deputado federal pelo PT, sobre a desenrolar do caso PC Farias.
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O discurso do politicamente correto dominou os bastidores da Eco-92. Muitas vezes sem produzir nenhum resultado. Dois representantes das Ilhas Seychelles e do Togo tentaram fazer uma barreira diante de um estande onde era oferecido café, gritando "não tomem café, não é saudável". Fracasso total. Um casal de vegetarianos caminhou com um cartaz pelas ruas do Rio, no qual se lia que a salvação do mundo dependia de mudanças nos hábitos alimentares. No Riocentro, um dos lugares mais disputados na hora do almoço era a Churrascaria Porcão.
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