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Amazônia deve suas espécies a formação dos Andes, diz estudo
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REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE CIÊNCIA
Se o Egito é uma dádiva do Nilo, como se costuma dizer, a diversidade estonteante de espécies da Amazônia é um presente dos Andes, afirma uma nova pesquisa.
Com base em dados que vão de análises de DNA a estudos detalhados de fósseis e solos, a equipe do estudo concluiu que os grandes pulsos de especiação (ou seja, de surgimento de novas espécies) na região amazônica batem com as fases de formação das grandes montanhas.
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"Em resumo, essas espécies se criaram em resposta ao surgimento dos Andes, e 'in situ', na própria Amazônia --não vieram já prontas de outros lugares", disse à Folha o biólogo brasileiro Alexandre Antonelli, que trabalha no Jardim Botânico de Gotemburgo (Suécia) e é um dos autores da pesquisa na revista "Science".
Antônio Gaudério -23.out.04/Folha Imagem |
Estudo mostra que surgimento de novas espécies na região amazônica bate com as fases de formação das grandes montanhas |
A missão de Antonelli, que é de Campinas (SP) e se casou com uma sueca, foi vasculhar milhares de artigos científicos, em busca de filogenias (a grosso modo, árvores genealógicas evolutivas) de grupos de animais e plantas do norte da América do Sul.
Várias dessas filogenias são datadas com base no chamado relógio molecular (algo como o ritmo com que mutações afetam o DNA), e as datas sugerem influência andina, coincidindo com as grandes fases de expansão das montanhas, primeiro há 23 milhões de anos e, principalmente, a partir de 10 milhões de anos atrás.
Quando os Andes "brotaram", sua ação pode ter levado a uma explosão de biodiversidade por diversas razões. A mais simples, explica o biólogo, envolve o isolamento: duas populações do mesmo bicho, separadas por uma nova montanha, seguiam caminhos distintos, até virar espécies diferentes.
O avanço andino modificou o traçado dos rios e os solos da região. Até 7 milhões de anos atrás, por exemplo, o oeste da Amazônia era um superpantanal, que foi soterrado pelos sedimentos das terras altas.
Esses sedimentos, junto com a maior quantidade de chuva vinda dos Andes, afetaram principalmente o oeste da Amazônia, hoje a área mais rica em espécies.
"Uma das possíveis explicações para isso é que essa região ficou com solos bastante heterogêneos, permitindo que muitas espécies diferentes de planta os explorassem", diz Antonelli.
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