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21/11/2011 - 17h00

ONG critica demora em demarcação após ataque no MS

DA BBC BRASIL

Entidades de defesa dos direitos humanos e dos indígenas condenaram o ataque ao cacique Nísio Gomes, da tribo guarani-caiová, ocorrido na última sexta-feira (18) em um acampamento indígena no município de Amambaí, no Mato Grosso do Sul.

A ONG Anistia Internacional disse que o caso é "chocante" e criticou a lentidão das autoridades no processo de demarcação de terras na região.

"Quando esses processos são lentos, as comunidades ficam em uma situação muito, muito vulnerável. Elas são retiradas de suas terras ancestrais e ficam sujeitas a violência e ameaças", disse à BBC Brasil Patrick Wilcken, pesquisador da Anistia Internacional para o Brasil.

Testemunhas citadas pela Funai (Fundação Nacional do Índio) e pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário) afirmam que o cacique foi executado por cerca de 40 pistoleiros, que teriam levado o corpo.

Relatos indicam que uma mulher e uma criança também estariam desaparecidas.

"É um caso chocante, e infelizmente não é novo, já que vários ataques semelhantes têm sido realizado contra essas comunidades, há muito tempo", disse o pesquisador.

De acordo com Wilcken, a situação no Mato Grosso do Sul é crítica, devendo ser resolvida por meio de maior rapidez nos processos de demarcações de terra. A área onde Gomes desapareceu é reivindicada pelos guaranis-caiovás, mas o processo de identificação da terra ainda não foi finalizado.

Por sua vez, o diretor da entidade de defesa dos direitos indígenas Survival International, Stephen Corry, culpou diretamente os fazendeiros da região pelo episódio.

"Parece que os fazendeiros não ficarão satisfeitos até que eles tenham erradicado os guaranis", disse Corry, por meio de comunicado.

"Este nível de violência sustentada foi um lugar-comum no passado, e isso resultou na extinção de milhares de tribos. É vergonhoso que o governo brasileiro permita que isso continue hoje", afirmou o diretor da Survival.

LOBBY

Patrick Wilcken afirma que, no MS, existe um lobby poderoso por parte de fazendeiros e de representantes do agronegócio, que vêm tentando contestar na Justiça os processos de demarcação de reservas.

"Este ataque [de sexta-feira], junto de outros, é um grito de alerta", diz Wilcken.

"Depois da decisão envolvendo Raposa Serra do Sol [reserva indígena em Roraima, livre da presença de fazendeiros por decisão da Justiça, em 2008], havia o sentimento de que a prioridade seguinte seria dos guaranis-caiovás. É hora de investir nessa situação e avançar com essas demarcações", afirma.

Segundo o pesquisador da Anistia Internacional, a Polícia Federal (PF) deve assegurar que atiradores não operem com impunidade na região, e que os relatos de ameaças a comunidades indígenas sejam devidamente investigados.

A PF ainda investiga o caso, e trata oficialmente o ocorrido com o cacique como um desaparecimento. Ainda não há a confirmação, por parte da PF, de que outras pessoas ou corpos tenham desaparecido além do chefe indígena.

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