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13/09/2010 - 11h53

Teatro palestino "rompe" bloqueio a Gaza com barquinhos de papel

DA BBC BRASIL

Um grupo de teatro palestino encontrou uma maneira simbólica de chamar atenção do resto do mundo para o embargo imposto por Israel à faixa de Gaza, anunciando que irá "romper o bloqueio" lançando ao mar barquinhos de papel.

De acordo com o grupo Ashtar, que trabalha em Ramallah, na Cisjordânia, os barquinhos serão feitos com folhas de papel em que 33 adolescentes palestinos escreveram suas experiências durante a ofensiva israelense a Gaza --entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009.

Os barcos de papel serão lançados ao mar no dia 17 de outubro, segundo o grupo.

"Queremos levar a voz de Gaza para o mundo e assim romper o isolamento imposto por Israel", disse à BBC Brasil a diretora artística do grupo, Iman Aoun.

Escritos por adolescentes com idades de 13 a 18 anos, os textos já tinham servido de base para o projeto Gaza Mono-Logues. Traduzidos para várias línguas, eles serviram de inspiração para trabalhos teatrais desenvolvidos com adolescentes também em Belém, na Cisjordânia, e nas cidades de Aco e Haifa, em Israel.

De acordo com Iman, o projeto dos Mono-Logues já foi adotado por grupos de teatro de 36 países de Europa, América Latina, e Oriente Médio.

"Cada grupo trabalha de acordo com suas próprias visões artísticas", explicou a porta-voz do Ashtar, Najwa Mubarki, à BBC Brasil.

Em seu monólogo, Ehab, de 16 anos, descreve sua sensação depois que a guerra acabou:

"Descobri que eu não existia antes da guerra, mas depois da guerra, cá estou eu --que Deus me proteja!-- na cidade, respirando seu ar, cantando, dançando e chorando junto, e a vida continua (...)", diz o texto.

Muhamad, de 15 anos, descreve a que diz ser "a cor da guerra".

"Muitas vezes olhava para o céu através da ponta da janela e descobria que o mundo era tão vermelho, de tanto fogo e fumaça em volta..."

Iman Aoun afirmou que depois que a ofensiva israelense terminou, sentiu necessidade de fazer alguma coisa para "ajudar a curar as feridas".

"Os danos causados pelo ataque israelense não são apenas físicos, o impacto emocional é de longa duração, principalmente para os jovens", afirmou.

O grupo Ashtar trabalhou durante meses com os adolescentes usando psicólogos e lançando mão de técnicas do chamado Teatro do Oprimido, desenvolvida pelo dramaturgo brasileiro Augusto Boal, que prega, entre outras coisas, a democratização dos meios de produção teatral e o acesso dos mais pobres ao teatro.

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