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Após mortes, jornal do México pede orientação a traficantes em editorial
DA BBC BRASIL
O principal jornal de Ciudad Juarez, cidade no norte do México, publicou um editorial em que se dirige diretamente aos traficantes que atuam na região, perguntando a eles o que pode ou não ser publicado sobre o conflito entre eles e o governo mexicano sem que a publicação resulte em violência.
O texto, intitulado "O que vocês querem de nós?", diz que os jornalistas do "El Diario" são "comunicadores, não adivinhos" e pede explicações dos criminosos para que o jornal pare de "pagar tributo com a vida" de seus profissionais.
Segundo o diretor do jornal, Osvald Rodríguez, a decisão de falar diretamente com os traficantes foi tomada depois da morte do estudante de fotografia Luis Carlos Santiago, 21, na última quinta-feira, por um grupo de criminosos.
O estudante trabalhava para o jornal e é o segundo jornalista do "El Diario" a ser assassinado por traficantes. Um estagiário que estava com ele, Carlos Sanchez, também foi atacado e permanece internado.
A Comissão Nacional de Direitos Humanos do México diz que mais de 60 jornalistas foram assassinados na última década em todo o país e 11 estão desaparecidos desde 2006.
NÃO SOMOS ADIVINHOS
O editorial descreve os chefes do tráfico como "autoridades de fato" em Ciudad Juarez, já que os governantes instituídos legalmente não conseguiram evitar a morte de seus colegas.
Entretanto, o jornal ressalta que o editorial não representa "uma rendição", mas sim "uma trégua para com quem impôs a força de sua lei nessa cidade".
Falando à BBC, Osvaldo Rodriguez disse que os jornalistas não pediram pela guerra que está acontecendo no México.
Rodríguez disse ainda que o veículo "busca a verdade", mas pode considerar o fim da cobertura da guerra contra o tráfico para proteger os seus repórteres. "Nenhuma história vale a vida de alguém", afirmou.
ESCALADA DE VIOLÊNCIA
Ciudad Juárez é cenários de alguns dos mais violentos confrontos entre o narcotráfico e o governo mexicano, que experimentaram um rápido crescimento no norte do país nas últimas semanas.
Grupos de oposição dizem que uma operação do governo de perseguição aos cartéis, que começou há cerca de 3,5 anos, não fez nada para acabar com o fluxo de drogas em direção aos Estados Unidos.
Mais de 28 mil pessoas morreram em crimes relacionados ao tráfico desde que o presidente Felipe Calderón deu início a uma campanha do Exército contra os cartéis em 2006.
O "El Diário" também criticou no editorial a atuação do governo do presidente Felipe Calderón na proteção dos habitantes de Ciudad Juarez, afirmando que ele, "para conseguir a legitimação que não obteve nas urnas, se meteu em uma guerra contra o crime organizado sem conhecer a dimensão do inimigo nem as conseqüências que este confronto poderia trazer ao país."
No entanto, Felipe Calderón defendeu sua política, dizendo que o crescimento da violência é um sinal de que os cartéis estão ficando desesperados.
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