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22/09/2010 - 14h16

Chávez vende eletrodomésticos em reta final da campanha

DA BBC BRASIL

O presidente da Venezuela Hugo Chávez assumiu o papel de "vendedor" de eletrodomésticos com preços "socialistas" em meio à campanha eleitoral para as decisivas eleições legislativas do próximo domingo, quando os venezuelanos decidirão a nova composição do Parlamento, hoje controlado por maioria governista.

"Minha casa bem equipada" é o novo programa do governo venezuelano para compra a crédito de geladeiras, fogões, microondas, aparelhos de ar-condicionado e máquinas de lavar roupa, com prazo de até 36 meses para o pagamento.

"Estou me metendo a vendedor. Vendedor do socialismo para derrotar os vendedores do capitalismo", afirmou Chávez, ao anunciar o lançamento do programa de compra a crédito que promete "preços solidários".

"Estes mecanismos não são apenas para abastecer bens e serviços baratos e bons, mas também para protegê-los do roubo e da avareza do capitalismo", disse.

CONSUMISMO

A propaganda de Chávez, que critica reiteradamente o "consumismo", funcionou. Em cinco dias, os eletrodomésticos que estavam disponíveis no mercado Bicentenário, no leste de Caracas, já estavam esgotados.

De acordo com uma funcionária, somente no fim de semana foram vendidos 2.000 pacotes de três produtos --geladeira, fogão e máquina de lavar roupas-- por um custo de 3.000 bolívares (equivalente a R$ 1,2 mil).

O governo vende o pacote mais barato, mas também é possível comprar as peças separadamente. O fogão sozinho custa 878 bolívares (R$ 351), a geladeira 1,897 bolívares (R$ 758) e a máquina de lavar 1,123 bolívares (R$ 449).

Ao lado desses eletrodomésticos, importados da China, estavam produtos de outras marcas, com preços entre 50% e 150% mais caros.

"Com esse dinheiro só dava para comprar um fogão. Agora, vou levar tudo", comentou com entusiasmo à BBC Brasil a vendedora Celimar López. Simpatizante do presidente Chávez, López disse não acreditar que o motivo do lançamento deste programa, na reta final da campanha, tenha motivação eleitoral.

"A oposição critica tudo que o presidente faz, mas não nos favoreceu em nada quando estavam no governo. E vão perder de novo no domingo", afirmou López.

Outro cliente desconfiava da qualidade dos produtos chineses. "É barato porque é chinês, vai saber se isso presta?", afirmou o pintor Carlos Contreras, que decidiu não se arriscar.

A compra ainda é limitada e burocrática. Quem tiver dinheiro e quiser comprar os produtos à vista, no entanto, não pode. A única opção de compra é no crediário, com juros de 16%, inferior à inflação anual de 30% e à média da taxa de juros cobrada pelos bancos venezuelanos, que gira em torno de 19% a 27%.

Com uma economia que continua baseada na importação de produtos de bens e serviços que são financiados pela renda petroleira, a nova estratégia de vendas do governo é resultado da compra de mais de 300 mil eletrodomésticos da empresa chinesa Haier, por um total de US$ 72 milhões.

O programa de venda de eletrodomésticos foi distribuído a 59 lojas da recém lançada rede de supermercados Bicentenário --que ganharam este nome depois que a rede de capital colombo-francesa Exito foi expropriada no ano passado-- e nos mercados populares subsidiados pelo governo chamados de Mercais.

O governo prometeu ampliar a gama de ofertas de eletrodomésticos para continuar alimentando o consumo entre os setores populares, porém, não deixou claro se continuará importando esses produtos para atender à demanda.

CARTÃO BOM VIVER

Para completar a compra do "pacote chinês" o governo prometeu colocar em circulação na próxima semana o cartão de crédito "Bom Viver", que poderá ser utilizado para financiar eletrodomésticos e alimentos nas redes de mercados populares subsidiados pelo governo.

O "Bom Viver" foi criticado pela oposição, que comparou a medida ao controvertido cartão "Minha Negra" proposto durante a campanha presidencial de 2006 pelo opositor Manuel Rosales, com a qual prometia transferir os recursos da renda petroleira a toda população.

As últimas pesquisas de opinião apontam que o governo pode ganhar a maioria das cadeiras do Parlamento, porém, não está claro se o chavismo conseguirá alcançar a maioria qualificada, equivalente a mais de 110 vagas, número que permitiria à base governista continuar no controle legislativo.

Para tentar angariar votos, Chávez tem percorrido todo o país em caravanas que são seguidas por milhares de simpatizantes. Nesta terça-feira, durante comício no estado fronteiriço de Táchira, cujo governador é opositor ao governo, Chávez voltou a afirmar que nas eleições legislativas estão em jogo a sua reeleição presidencial em 2012 e a continuidade da revolução bolivariana.

"Imaginem-se que um esquálido (opositor) voltasse a governar em Miraflores (sede do governo)? Tomariam de volta tudo o que a revolução deu para vocês, coisa que não é nenhum favor do governo e sim um direito do povo, de viver com dignidade. Por isso, enquanto Chávez for presidente, continuarei trabalhando sem descanso com os deputados da revolução".

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