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27/12/2010 - 15h31

Khodorkovsky fez fortuna com privatizações após fim da ex-URSS; saiba mais

DA BBC BRASIL

Mikhail Khodorkovsky foi preso pela primeira vez em outubro de 2003 sob acusações de evasão de impostos, fraude e enriquecimento ilícito.

O antigo dono da gigante do petróleo Yukos, e na época o homem mais rico da Rússia, foi condenado em 2005 a oito anos de prisão, e deveria ser libertado em 2011.

Mas em 2009 ele foi colocado em julgamento novamente, ao lado de seu sócio Platon Lebedev, por novas acusações de enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro - e ambos foram declarados culpados novamente nesta segunda-feira.

Khodorkovsky, de 47 anos, fez sua fortuna, estimada em mais de US$ 15 bilhões pela revista Forbes, com a polêmica privatização de ativos estatais no período pós-soviético.
Antes de sua prisão, ele não era apenas rico, mas também muito influente.

Seus advogados sempre afirmaram que as acusações contra ele foram forjadas a mando de figuras de alta importância no Kremlin que passaram a ter objeções quando suas atividades começaram a enveredar pela arena política.

Khodorkovsky havia financiado quase todos os partidos políticos, incluindo os comunistas, e adquiriu os direitos para a publicação do prestigioso jornal "Moskovskiye NovostI".

Ele também contratou um conhecido jornalista investigativo crítico do então presidente Vladimir Putin.

Enquanto ainda estava à frente da Yukos, ele dizia com frequência que não estava ligado a nenhum partido em particular. "Grandes companhias não podem financiar partidos políticos, porque seus acionistas e empregados têm visões políticas diferentes", afirmou.

Porém ele não fazia segredo de seu apoio à oposição liberal a Putin.

Quando questionado sobre Khodorkovsky em um programa de TV ao vivo antes do anúncio do veredicto do segundo julgamento, o ex-presidente e atual primeiro-ministro o comparou ao fraudador americano Bernard Madoff, dizendo: "Lugar de ladrão é na cadeia".

A sentença inicial do ex-magnata o deixou atrás das grades durante as eleições presidenciais de 2007, e sua mulher, Inna, disse recentemente que estava certa de que ele permaneceria na prisão durante a campanha para a eleição de 2012.

PARTIDO COMUNISTA

Natural de Moscou e filho de dois engenheiros, Khodorkovsky estudou no Instituto de Química Mendeleyev e começou sua carreira como um leal membro do Partido Comunista no período soviético, administrando uma importadora de computadores ligada ao movimento jovem do partido nos anos 1980.

Em 1987, quatro anos antes da queda da União Soviética, ele fundou o que se tornaria a Menatep, um dos primeiros bancos privados da Rússia pós-soviética.
Ele fez seus primeiros milhões nos anos 1990, quando o banco adquiriu grandes quantidades de ações de companhias que foram privatizadas a preços baixos.

A fabricante de fertilizantes Apatit foi comprada em 1994 por Khodorkovsky e Lebedev por US$ 283 milhões, tornando-se depois o foco da acusação no primeiro julgamento contra eles.

Seu império de negócios, segundo os promotores, era quase uma operação mafiosa, e as ações da Apatit teriam sido adquiridas ilegalmente com o uso de uma rede de empresas.
Em 1995, Khodorkovsky comprou a Yukos em um leilão estatal ao preço de US$ 350 milhões.

A Yukos quase foi fechada, mas se tornou a segunda maior companhia de petróleo, produzindo um em cada cinco barris de petróleo do país.

A empresa começou a publicar suas contas seguindo padrões internacionais e logo foi vista como uma das companhias russas mais transparentes e bem administradas.

O homem por trás de sua modernização, Mikhail Khodorkovsky, até serviu como vice-ministro de petróleo e combustíveis durante a Presidência de Boris Yeltsin.
Mas após Vladimir Putin chegar ao poder, as atividades políticas do presidente da Yukos começaram a gerar suspeitas sobre suas próprias ambições.

Em julho de 2003, seu sócio na Yukos, Platon Lebedev, foi preso por fraude em uma ação vista como um aviso para que Khodorkovsky se mantivesse fora da arena política.

Quatro meses depois, policiais armados o detiveram em seu jato particular em um aeroporto da Sibéria.

A receita russa alegou enormes dívidas por impostos não pagos pela Yukos e, incapaz de pagar, a empresa foi à falência em 2006. Seus ativos foram vendidos em leilões promovidos pelo Estado.

PRISÃO NA SIBÉRIA

Com o desaparecimento da Yukos como entidade legal em novembro de 2007, Khodorkovsky e Lebedev passaram a maior parte de suas sentenças em um campo de trabalhos forçados da era soviética na região de Chita, no leste da Sibéria, a 4.700 quilômetros de Moscou.

Eles foram transferidos para Moscou no começo de 2009 para enfrentar um segundo julgamento, que envolvia acusações de apropriação indevida de quase 1 trilhão de rublos (R$ 46,8 bilhões) e a lavagem de quase 450 bilhões de rublos (R$ 21,1 bilhões).

Conforme o julgamento chegava ao fim, o próprio Khodorkovsky previu que sua soltura era pouco provável, mas advertiu que o destino de todos os russos dependia de seu caso.

"Não somos somente eu e Platon Lebedev que estão sendo julgados, é todo o povo russo", disse ele à corte em suas declarações finais.

Ele afirmou também que não desejava morrer na prisão, mas que se "isso é necessário, não hesitarei".

Seu filho, Pavel, disse à BBC que seu pai nunca considerou declarar-se culpado das acusações, apesar de ser um realista e esperar passar mais tempo na prisão.

"Ele falou sobre isso e disse: 'Eu não sou um homem ideal, mas tenho ideais'", afirmou.

Nos dias antes do anúncio do veredicto, Khodorkovsky deixou claro que via o primeiro-ministro como a causa de seus apuros.

"Eu desejava para Putin que as pessoas não tivessem medo dele, mas que o amassem", escreveu em um artigo para o jornal "Nezavisimaya Gazeta".

Ele acrescentou que sentia pena por alguém que parecia "tão solitário em frente ao seu país sem limite e impiedoso" e que vestia uma "armadura de gelo" que podia ser penetrada apenas "por um amor por cães".

A declaração seria uma referência às imagens recentes do primeiro-ministro acariciando um cachorro pastor, mas suas declarações apenas reforçaram a expectativa de que o período de prisão de Khodorkovsky está longe de terminar.

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