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Paquistão condena pai e filho à prisão perpétua por desrespeito a Maomé
DA BBC BRASIL
A Justiça do Paquistão condenou à prisão perpétua um líder religioso muçulmano e o seu filho por supostamente rasgar um pôster sobre um evento em homenagem ao profeta Maomé.
Uma corte na província de Punjab, no leste do país, usou a polêmica lei da blasfêmia para condenar os dois homens, que negam as acusações.
Mohammad Shafi, 45, e Mohammad Aslam, 20, trabalhavam em uma lojinha de alimentos em um mercado no vilarejo de Noor Shah Talaj. O pai também chefia as cerimônias religiosas na mesquita local.
Segundo o reclamante do processo, pai e filho teriam removido e pisoteado o pôster de uma reunião convocada para marcar o aniversário do profeta Maomé. O cartaz havia sido colado em um pilar do lado de fora da loja em abril do ano passado.
O advogado de defesa do pai e do filho, Arif Gurmani, disse que vai apelar da decisão. Arif Gurmani diz que seus clientes, seguidores da escola Deobandi, estão sendo vítimas da intolerância religiosa de seguidores da seita Barelvi. Ambas são divisões sunitas.
ACERTO DE CONTAS
Críticos da lei da blasfêmia dizem que a legislação tem sido usada para perseguir grupos de diferentes credos no Paquistão e servido de pretexto para acertos de contas entre cidadãos com desavenças pessoais.
A legislação ocupa o centro dos debates desde o assassinato, na semana passada, do governador de Punjab, Salman Taseer, que defendia mudanças nela.
Assassinato de Taseer colocou lei da blasfêmia no centro do debate
Taseer foi morto por um de seus próprios guarda-costas, Malik Mumtaz Hussein Qadri, que disse ter agido por discordar das alterações defendidas pelo governador.
Um líder cristão disse que o tipo de condenação à prisão perpétua dada ao pai e seu filho foi inédita. Isso porque a lei de blasfêmia implica em pena de morte mandatória. No entanto, até agora ninguém foi executado por conta dela.
A cristã Ásia Bibi está no corredor da morte por supostamente insultar o profeta Maomé durante uma discussão com trabalhadores agrícolas, em junho de 2009. Ela alega inocência.
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