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Após tremor, brasileiros ficam com passaporte e roupa do corpo
RICARDO CALIL
DA BBC BRASIL
EM MELBOURNE
Os brasileiros que moram em Christchurch, na Nova Zelândia, estão tentando colocar a vida em ordem depois dos terremotos de que destruíram parte da cidade e alguns até já voltaram ao trabalho.
Mas, para o casal Derek Piva e Angela Ragavani, voltar à vida normal está sendo mais difícil, pois eles tiveram que abandonar o apartamento onde moram no centro da cidade só com o passaporte e a roupa do corpo.
O condomínio onde moram tem quatro prédios e todos estão interditados pela defesa civil neozelandesa. As colunas estão com rachaduras e correm o risco de desabar.
Angela e Derek passaram a noite na casa da amiga Carla Miller e na manhã desta quarta-feira tentaram chegar até o apartamento para retirar roupas e alguns pertences, mas a polícia tinha cercado a área e eles estavam sem saber se iriam conseguir entrar em casa.
O casal deve passar mais algumas noites na casa dos amigos até que os prédios estejam seguros.
O número oficial de mortos no terremoto que atingiu a cidade de Christchurch na terça-feira já chega a 75, mas ainda há cerca de 300 pessoas desaparecidas. O tremor atingiu magnitude de 6,3.
SOLIDARIEDADE
A piauiense Danielli Amstrong, que mora em Christchurch, destaca a solidariedade dos vizinhos logo depois do terremoto.
"São amigos ajudando amigos, vizinhos ajudando vizinhos, estranhos socorrendo estranhos. (...) Nós trabalhamos fora o dia todo e quase não temos contato com os nossos vizinhos, mas hoje de manhã [quarta-feira] um [vizinho] bateu aqui na porta de casa oferecendo ajuda e perguntando se precisávamos de leite ou de um pedaço de pão."
"Isso é a coisa mais gratificante do mundo. Você vê que não está sozinho e que tem alguém preocupado com o seu bem-estar. Isso é muito importante", disse.
Danielli mora com o marido Mathew Amstrong no bairro de Sydehan, a dez minutos do centro da cidade e tirou algumas fotos do quintal de casa que está cheio de areia e da rua onde mora e onde os vizinhos estão usando até uma escavadeira para retirar a água e areia que surgiu com o terremoto.
Esse fenômeno é conhecido como liquefação, o solo de Christchurch é arenoso e com o tremor, a areia e a água que estão no subsolo inundaram casas e ruas.
Trovão
Danielli é funcionária do hospital Princess Margareth, no centro da cidade e, na hora do terremoto, ela estava trabalhando e ajudou a socorrer alguns colegas que se feriram.
"Primeiro eu ouvi como se fosse um trovão e depois tudo começou a sacudir. As cadeiras começaram a andar, mesmo com as pessoas. Foi uma loucura. Corremos para ver quem estava machucado."
"Eu estava calma e a ajudei a minha chefe a socorrer algumas pessoas, depois ela mandou que eu descesse pra rua. Eu trabalho no 4º andar do prédio do hospital", afirmou.
Danielli chegou em casa e ligou para o marido, que trabalha próximo ao aeroporto. Naquela região, nada havia acontecido.
"Ele nem sabia que a cidade tinha sido sacudida por um terremoto."
"Depois fui ver se havia algum dano na casa. No meu quarto, a TV estava sobre a cama e a estante no chão", afirmou.
Segundo Danielli, a cidade ainda está tumultuada com os tremores secundários que toda hora assustam, mas a solidariedade das pessoas ajuda a superar os problemas. E, em sua página no Facebook, ela conta como está a situação em Christchurch.
"Dia de sorte hoje [quarta-feira], limparam toda nossa driveway [entrada do carro] com uma escavadeira, tudo já está no chão, a casa já esta parecendo mais normal [...] só a falta de água que é chato pra caramba, mas, na medida do possível, estamos todos bem, a solidariedade das pessoas chega a comover, apesar de tudo eu ainda amo esse país e esta cidade!"
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