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Laboratório argentino importa cadáveres dos Estados Unidos
MARCIA CARMO
DE BUENOS AIRES PARA A BBC BRASIL
Um laboratório do Hospital Central da província argentina de Mendoza importou quatro cadáveres dos Estados Unidos para cursos de especialização em traumatologia. Foi a primeira vez que a alfândega argentina autorizou esse tipo de importação.
A ideia foi do traumatologista Matías Roby, especialista em medicina esportiva e diretor do Laboratório de Cirurgia Cadavérica do hospital, que é público.
Ele afirmou à BBC Brasil que essa foi uma importação inédita na América do Sul. "Nós decidimos pela importação dos cadáveres porque houve um problema no frigorífico aqui de Mendoza, onde recebíamos corpos de pessoas não identificadas, a partir de autorização judicial", disse.
Matías Roby | ||
Foi a primeira vez que Argentina autorizou essa importação; corpos vieram sem cabeça para evitar contaminação |
Os quatro corpos, sem cabeças, foram importados do Estado do Colorado e são de pessoas que tinham deixado, em vida, autorização para pesquisas. Essa iniciativa, disse o médico, não existe nos países da região.
Cada corpo custou US$ 4 mil (R$ 6.600). Eles chegaram poucos dias após a formalização da compra, feita a uma empresa privada americana, nos Estados Unidos.
QUESTÕES SANITÁRIAS
"Antes só importávamos material anatômico para implantes específicos, mas nunca para estudos", disse. Ele explicou que foi por questões sanitárias que os corpos chegaram sem cabeça. "O cérebro pode transmitir doenças."
E afirmou ainda que foram realizados exames para garantir que os corpos não estavam infectados com doenças como hepatite. A importação foi autorizada pela Direção Nacional de Saúde de Fronteira, ligado ao Ministério da Saúde da Argentina.
Os corpos foram exportados, em aviões, em caixas individuais e gelo seco para sua manutenção. O carregamento fez escala, em Santiago, no Chile, ao lado de Mendoza e, após três dias no depósito da alfândega provinciana, foram enviados para o laboratório.
O laboratório argentino --segundo o médico, mantido com recursos do setor privado-- é ponto de referência nas pesquisas do ramo na América Latina e frequentado por jovens especialistas do Brasil e de outros países.
Ele contou que o objetivo da "importação" é permitir que os médicos possam trabalhar técnicas cirúrgicas com os defuntos. "Nós realizamos todos os preparativos para uma cirurgia, como se fosse para uma pessoa viva, mas treinando com os corpos", disse.
A especialização faz parte do programa internacional Kleos, integrado por profissionais das áreas ortopédica e traumatológica. Essa organização, disse, tem fins médicos e educativos e auxilia fábricas de implantes.
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