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Equipe de Sarkozy monitorava vida privada de Strauss-Kahn, diz jornal
DA BBC BRASIL
Aliados do presidente francês, Nicolas Sarkozy, monitoravam a vida privada do ex-diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional) Dominique Strauss-Kahn, indiciado por agressão sexual nos Estados Unidos, segundo um artigo publicado nesta terça-feira pelo jornal francês "Le Monde".
O diário afirma que, nos últimos meses, colaboradores de Sarkozy teriam vazado aos jornalistas do "Le Monde" a existência de um registro policial, redigido pouco antes das eleições presidenciais de 2007, segundo o qual Strauss-Kahn teria sido visto em uma "posição indecorosa" dentro de um carro em uma área de prostituição em Paris.
DSK, como é chamado pelos franceses, teria sido surpreendido no local durante uma ronda policial de rotina.
"O Palácio do Eliseu (sede da Presidência francesa), bem mais do que a imprensa, não ignorava nada da vida privada de Strauss-Kahn. O poder, alimentado pelas redes policiais, sabe os segredos mais íntimos dos políticos e usa até mesmo as informações com caráter sexual que dispõe", escreve o "Le Monde".
Segundo o diário, Sarkozy, logo após assumir o cargo de ministro do Interior, em 2002, nomeou uma equipe de fiéis colaboradores para cargos importantes dos serviços de inteligência e de polícia.
Apesar de ter assumido a Presidência apenas em 2007, ele já conheceria desde 2002 aspectos da vida privada de políticos que poderiam representar uma ameaça eleitoral, diz o diário francês.
DOCUMENTO TRITURADO
O jornal afirma ainda que nem a Secretaria de Segurança Pública de Paris nem o Ministério do Interior confirmaram ou desmentiram a existência do registro policial citado na reportagem.
"Três fontes diferentes, no entanto, asseguraram ao "Le Monde' que esse relatório existiu e que foi levado ao conhecimento de colaboradores de Sarkozy", escreve o jornal.
Segundo uma das fontes, o documento original da polícia teria sido destruído em uma máquina de triturar papel.
"Na época dos fatos, foi decidido em alto escalão não dar continuidade ao ocorrido, nem penalmente nem na mídia. Como DSK não havia passado nas primárias socialistas, no final de 2006, ele não representava mais o mesmo desafio", diz o artigo.
"E foi com total conhecimento de causa que Sarkozy, eleito, o impulsionou ao comando do Fundo Monetário Internacional."
RIVAL
Na época, o apoio de Sarkozy para que o socialista assumisse a direção do FMI foi interpretado pela oposição como uma forma de o presidente se livrar de um forte rival nas eleições presidenciais de 2012, já que DSK teria de renunciar ao seu mandato no Fundo para disputar o cargo.
Mesmo sem ter anunciado oficialmente sua candidatura às primárias socialistas, a partir de junho, DSK era o favorito em todas as pesquisas de opinião sobre as eleições presidenciais de 2012, sendo o único que teria sua vaga garantida no segundo turno.
"Mas, nos últimos meses, à medida que DSK avançava nas pesquisas, colaboradores de confiança de Sarkozy se vangloriavam diante de jornalistas de ter o diretor do FMI nas mãos. Foi assim que esse registro policial veio providencialmente à tona", escreve o "Le Monde".
Ainda segundo o jornal, outros presidentes franceses também utilizaram os serviços secretos para investigar a vida de personalidades políticas.
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