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02/06/2011 - 17h53

Filha de Fujimori ressalta lado "mãe e mulher" para vencer no 2º turno

DA BBC BRASIL

A candidata à Presidência do Peru Keiko Fujimori alterou sua estratégia de jogo para o segundo turno da eleição do próximo domingo, distribuindo suas fichas em outras áreas além do legado de seu pai.

Se na primeira etapa ela se aproximou das conquistas econômicas e vitórias contra o terrorismo do ex-presidente Alberto Fujimori (1990-2000), agora ela trabalha para ressaltar seu lado de mulher e mãe e suas propostas, como a continuidade da política financeira e a redução da pobreza.

A mudança de rota se explica principalmente por Keiko ter obtido somente 23% dos votos no primeiro turno. Como se estima que os fujimoristas somem, tradicionalmente, cerca de 20% do eleitorado, ela precisa angariar votos fora dessa base de apoio fiel para conseguir se eleger.

Na mensagem final do debate realizado no último domingo, Keiko disse: "Por erros de terceiros, tive de carregar uma cruz muito grande. Sou mãe e não permitirei que minhas filhas passem pelo que passei".

Segundo pesquisa realizada pelo instituto peruano Ipsos Apoyo na semana passada, 35% dos eleitores de Keiko a escolheram por ser mulher e mãe (ela tem duas filhas), enquanto 26% levaram em conta o fato de ela ser filha de Fujimori.

"É importante para Keiko ressaltar esse seu lado feminino agora, especialmente porque seu rival (o nacionalista Ollanta Humala) é um ex-militar que costuma ser visto por muitos como machista", diz o historiador e analista político peruano Eduardo Toche.

Para o pesquisador do Centro de Estudos e Promoção do Desenvolvimento, a candidata, que foi eleita senadora em 2006, vem se saindo bem nesse desafio e apostando em alguns outros, como tirar o foco do legado de seu pai.

"Ela também tenta ganhar a confiança dos eleitores fazendo promessas em questões não relacionadas ao regime de seu pai, mas sim ao que ela pensa sobre o futuro."

VOTO FEMININO

Na mesma pesquisa, 49% do votos femininos eram pró-Keiko, contra 32% a favor de Humala. Na opinião da socióloga e cientista política Cynthia Sanborn, é natural que muitas mulheres queiram votar em outra mulher para presidente, ainda mais por ser a primeira vez que uma chega à disputa final no país.

"Além disso, Humala gera temor entre certas mulheres, por sua imagem de militar durão, ainda que tenha conseguido suavizar bastante essa característica se comparado a 2006 (quando também disputou a Presidência)", diz a analista, que é professora da Universidade do Pacífico.

Segundo ela, é preciso ter em mente que a maioria dos peruanos não votou para nenhum dos dois candidatos no primeiro turno. Se contarmos apenas os votos válidos, Humala obteve 27% e Keiko, 20%.

"Portanto, não podemos falar de tendências fixas, mas de sentimentos bastante passageiros, que buscam o 'mal menor' ou novos argumentos para tomar a decisão sobre em quem votar."

ASSESSORES

Mas, se a candidata conservadora vem se saindo bem em enfatizar seu espírito maternal, as últimas sondagens indicam que ela não está tendo o mesmo sucesso na luta para se distanciar do legado de violações de direitos humanos de seu pai.

A pesquisa Ipsos Apoyo apontou que entre os principais fatores de rejeição à candidata estão argumentos como "porque é filha de um condenado por corrupção e violação de direitos humanos" e "pelas pessoas que a rodeiam".

Para analistas, é justamente nesse círculo próximo da candidata que estão assessores que, com suas declarações, fizeram com que ela acabasse caindo nas pesquisas desta semana.

"As dúvidas sobre Keiko recaem principalmente sobre quem a acompanha", afirma Toche, citando dois exemplos recentes.

O primeiro caso foi o do porta-voz da campanha da candidata que, em uma entrevista, acabou reconhecendo, ainda que indiretamente, os assassinatos durante o governo de Alberto Fujimori.

"Nós matamos menos do que os governos que nos antecederam", disse Jorge Trelles, demitido horas após ter feito a declaração.

Além disso, um dos candidatos a vice de Keiko, Rafael Rey, disse não ter certeza de que Vladimiro Montesinos violou direitos humanos.

Braço direito de Fujimori, Montesinos está preso por acusações de corrupção e assassinato. A candidata tenta inclusive culpar Montesinos pelos crimes do governo de seu pai, para se afastar dos escândalos que marcaram o período.

GRADES

Assim como Montesinos, Fujimori também está detido em uma prisão peruana, condenado a 25 anos de prisão por crimes de corrupção e de violação de direitos humanos, como assassinatos e sequestros, e por ter sido o mentor de um massacre de civis em 1991 e 1992.

Muito próxima de seu pai, Keiko participou de seu governo assumindo as funções de primeira-dama desde que tinha 19 anos e seus pais se separaram. Durante seis anos, além desse papel, ela também foi responsável por uma fundação infantil.

Apesar de há alguns anos ter dito que sua mão "não tremeria" em assinar um indulto para o ex-presidente, Keiko tem prometido que não adotará essa medida.

No entanto, de acordo com a pesquisa Ipsos Apoyo, 80% dos eleitores peruanos avaliam que os candidatos no país não cumprem o que prometem durante a campanha e, desses, 64% dizem acreditar que Keiko vai, sim, soltar seu pai.

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