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03/06/2011 - 08h43

Acidentes em saltos de sacadas a piscinas de hotel preocupam Espanha

ANELISE INFANTE
DA BBC BRASIL, EM MADRI

Uma brincadeira conhecida como balconing tem atraído centenas de adeptos na Espanha, mas preocupa autoridades por ser uma aventura arriscada: deixou seis mortos no verão passado e 44 vítimas graves ao longo de 2010.

O termo balconing vem de "pular do balcão", como os espanhóis denominam as sacadas, em direção a uma piscina ou a outra varanda.

Sistemas de Emergência das Ilhas Baleares (SEIB)
Em 2010, o inglês Ryan Elley, 20, teve as costas fraturadas em três partes, um pulmão perfurado e traumatismo crânio-encefálico
Em 2010, o inglês Ryan Elley, 20, teve as costas fraturadas em três partes, um pulmão perfurado e traumatismo crânio-encefálico

Segundo as autoridades, os praticantes, após consumir álcool e/ou drogas, tentam passar de uma varanda a outra, sem se preocupar com a altura do andar, e dali pular até a piscina.

Em muitos casos, as façanhas são gravadas em vídeo para ser exibidas pela internet. Muitas vezes a proeza termina no hospital e nas manchetes policiais.

A brincadeira virou prática comum no verão. Neste ano, mesmo antes do início da estação no hemisfério Norte, já há quatro turistas hospitalizados com politraumatismos.

Isso porque nem todos acertam o alvo. A última vítima mortal foi um italiano de 26 anos que saltou do sétimo andar de um hotel em Ibiza. Era setembro de 2010, e Davide Dirienzo caiu sobre o telhado do bar do hotel, morrendo na hora.

No final de maio de 2010, o inglês Ryan Elley, 20, teve as costas fraturadas em três partes, um pulmão perfurado e traumatismo crânio-encefálico pela mesma aventura.

OS PRECIPITADOS

Os atendentes dos serviços de emergência até já têm até um codinome para os saltadores. "Chamamos [os praticantes] de precipitados", disse à BBC Brasil o chefe de Área Integral dos Sistemas de Emergência das Ilhas Baleares (SEIB), Job Torres.

"Não se contentam em ir de um quarto a outro ou descer até a piscina. Precisam passar através das sacadas sem calcular o perigo que a euforia e a falta de reflexos provocadas pelo consumo de substâncias durante uma noite de festa implicam", explicou Torres. "Os resultados vão de uma fratura ou traumatismos graves até perdas irreparáveis."

Segundo relatório do SEIB, o perfil dos praticantes do balconing é formado por turistas, ingleses e alemães na maioria, entre 18 e 25 anos.

Chegam bêbados ou drogados aos hotéis depois de uma noite de farra. A faixa horária com maior número de ligações para os serviços públicos de emergência está entre as 22h e 7h.

Desde o último 26 de maio, já houve quatro acidentes graves, e as autoridades temem que o verão de 2011 supere a média de internamentos do ano anterior.

De acordo com as estatísticas da Secretaria de Saúde das Ilhas Baleares, durante os meses de verão 35% dos internados na UTI com diagnóstico muito grave ou crítico são praticantes de balconing.

CAPAZES DE VOAR

"Precisamos de uma campanha para reconduzir a situação", disse à BBC Brasil a chefe do setor de emergência do Hospital Can Misses de Ibiza, Maria de los Ángeles Leciñena.

"Além do espírito de diversão criado pelas férias que leva os jovens a cometer esse ato sem pensar nas consequências, lembramos que todos estão sob efeitos de alucinações pelo consumo abusivo de álcool e entorpecentes e podem chegar a pensar que são capazes de voar", afirmou.

"Também há problemas de conduta e aceitação --jovens que queiram demonstrar a seu grupo que são melhores, mais valentes ou mais hábeis. Para isso colocam os vídeos na internet. Neste caso, só a prevenção por meio da educação pode dar resultado."

O setor hoteleiro e o Ministério de Turismo preparam campanhas de conscientização para tentar controlar o modismo.

Entre as medidas que estão sendo discutidas estão multas, expulsões dos hotéis ou a instalação de grades nas varandas.

Para o presidente da Federação Hoteleira espanhola, Juan José Riera, a melhor opção é lançar uma campanha audiovisual como as de acidentes de trânsito.

"[Sugiro] campanhas com impacto visual mostrando com dureza as consequências sofridas por quem pratica este tipo de brincadeira. É o único jeito de que (os praticantes) percebam o perigo que correm", comentou. "Eles colocam em risco suas vidas de forma gratuita. E nós não podemos passar a imagem de que toda estupidez está permitida."

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