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Presidente do Parlamento desmente que Chávez tenha câncer
CLAUDIA JARDIM
DE CARACAS PARA A BBC BRASIL
Em meio à onda de rumores sobre o estado de saúde do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, o presidente do Parlamento do país, Fernando Soto Rojas, desmentiu que o mandatário tenha câncer e pediu que seus adversários "deixem de sonhar".
"Eu seria o primeiro a informar ao país[se Chávez tivesse câncer]", afirmou Soto Rojas neste domingo, ao ser questionado sobre rumores sobre o presidente venezuelano, internado em Havana desde o dia 10 de junho após ser submetido a uma cirurgia de emergência.
"Chávez está se recuperando e se Deus quiser o teremos aqui em 5 de julho", acrescentou. Nesta data está prevista a realização de um megadesfile militar em comemoração do bicentenário da Independência do país e o lançamento da Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos), bloco de integração regional que exclui Estados Unidos e Canadá.
"Em alguns dias o teremos potencializado aqui na Venezuela", afirmou Soto Rojas.
Altos funcionários do governo afirmam que Chávez continua no comando da Presidência e se mantém informado sobre tudo o que acontece no país.
SILÊNCIO OFICIAL
Desde a cirurgia para remoção de um abscesso na região pélvica, o único detalhe sobre a operação foi dado dias depois pelo próprio Chávez, 56, quando afirmou por telefone ao canal estatal de TV que se recuperava bem.
Segundo Chávez, uma série de exames foram realizados, incluindo uma biópsia, que não apontou "nada maligno".
A partir de então, o estado de saúde do presidente venezuelano abriu caminho para uma série de especulações sobre a gravidade da operação ou da enfermidade do mandatário.
Baseada em fontes anônimas, a imprensa venezuelana afirma que Chávez sofreria câncer de próstata, razão pela qual continuaria sendo tratado em Havana.
A imprensa local ventila que um andar do hospital militar em Caracas estaria sendo reformado para dar continuidade ao tratamento médico do presidente.
No fim de semana, o jornal americano em língua espanhola "El Nuevo Heraldo", publicado em Miami, afirmou que o estado de saúde de Chávez era "crítico, mas estável".
O governo, por sua vez, não apenas nega os rumores, como acusa seus opositores de utilizarem a doença do líder venezuelano como argumento para derrubá-lo.
No sábado, o vice-presidente, Elias Jaua, acusou a direita nacional e internacional de estar "enlouquecida", inclusive "falando da morte do presidente". "Ainda teremos Chávez por muito tempo", acrescentou Antonio Ledezma, prefeito de Caracas.
A oposição critica o fato de Chávez continuar "governando" o país a partir de Cuba e insiste que o mandatário deveria ser substituído formalmente pelo vice-presidente.
"Não se pode governar um país via Twitter", criticou o prefeito opositor de Caracas, Antonio Ledezma.
SUCESSÃO
O problema de saúde do líder venezuelano trouxe à tona preocupações entre membros e simpatizantes do chavismo sobre o grau de dependência do governo de Chávez e sobre a ausência de uma "direção coletiva" da revolução após 12 anos no poder.
Não há uma figura similar no campo governista, nem opositor, com o mesmo grau de carisma e popularidade que concentra o atual mandatário.
Analistas consideram que o presidente venezuelano é o único ponto de unidade entre as diferentes correntes --da direita à esquerda--, que se aglutinam em torno do chavismo.
Sem a liderança de Chávez, se desataria uma disputa interna pela sucessão presidencial, que na opinião de especialistas, não necessariamente representaria os "ideais" da revolução bolivariana.
O culto à figura presidencial, neste domingo, foi representado em diferentes atos religiosos, entre católicos, evangélicos e rituais indígenas- pedindo por sua recuperação.
"Bendições para meu filho querido. Que o poder de Deus lhe cure rápido e o traga de volta", disse a mãe do presidente, Elena Chávez, em um ato ecumênico celebrado em Barinas, seu estado natal.
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