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05/07/2011 - 09h50

Tabloide britânico é acusado de grampear celular de menina desaparecida

DA BBC BRASIL

A polícia britânica está investigando alegações de que um conhecido tabloide local grampeou o telefone celular de uma menina de 13 anos que estava desaparecida, enquanto a polícia tentava encontrá-la.

Milly desapareceu em março de 2002 perto de sua casa, em Walton-on-Thames, no Condado de Surrey (sudeste da Inglaterra). Os restos mortais foram encontrados seis meses depois, em um bosque afastado na região de Yateley, no Condado de Hampshire.

Segundo o jornal "The Guardian", um detetive contratado pelo tabloide "News of the World" interceptou ilegalmente o celular da menina desaparecida e até apagou mensagens enviadas a ela por seus familiares.

PA
Morta em 2002, Milly Dowler teve mensagens apagadas por detetive contratado pelo tabloide "News of the World"
Morta em 2002, Milly Dowler teve mensagens apagadas por detetive contratado pelo tabloide "News of the World"

Essa é a mais recente de uma série de acusações de grampos ilegais encomendados por funcionários do jornal dominical "News of the World".

As alegações sobre a interceptação do telefone de Milly Dowler estão tendo grande repercussão no país. O primeiro-ministro, David Cameron, em visita ao Afeganistão, disse que elas eram "bastante chocantes", considerando que alguém pudesse acessar as mensagens do celular enquanto a polícia estava tentando encontrar a menina.

"Se elas (as alegações) forem verdadeiras, isto será um ato verdadeiramente terrível e uma situação verdadeiramente terrível", disse o primeiro-ministro britânico.

"A polícia do nosso país é bastante independente, e ela deve sentir que precisa investigar isto sem qualquer medo, sem favorecimentos, sem qualquer preocupação sobre onde as evidências vão levar", afirmou Cameron.

O caso de Milly Dowler só foi concluído no dia 23 de julho do ano passado, com a condenação de um ex-segurança de uma casa noturna, Levi Bellfield, pelo seu assassinato.

ANGÚSTIA E TRAGÉDIA

A polícia deverá se reunir com executivos do jornal para tratar das alegações contra o investigador Glenn Mulcaire, que teria realizado a invasão do telefone de Milly.

O advogado Mark Lewis, que trabalha para a família de Milly Dowler, disse que a suposta ação do detetive ocorreu no período em que o "News of the World" estava a cargo da editora Rebekah Brooks --hoje executiva-chefe da corporação News International, da qual o jornal faz parte.

"(Traz um sentimento de) angústia montada sobre tragédia saber que o "News of the World" não tinha senso de humanidade naquele momento terrível", disse o advogado, por meio de comunicado.

"O fato de que eles estavam preparados para agir de forma tão abominável a ponto de poder colocar em perigo a investigação policial e dar [a Sally e Bob Dowler, os pais de Milly] falsas esperanças é deplorável."

O "Guardian" afirma que, segundo uma fonte ligada ao caso, o fato de que algumas mensagens enviadas ao celular de Milly foram apagadas deu à família da jovem a esperança de que ela ainda estivesse viva e "limpando" o seu serviço de voz.

Lewis disse ainda que os pais da menina assassinada foram avisados que seus próprios telefones foram alvo de interceptação ilegal. Segundo o advogado, Sally e Bob Dowler cogitam processar o "News of the World" pelo caso.

Segundo o "Guardian", o tabloide contratou outro detetive, Steve Whittamore, para obter ilegalmente números de telefone de pessoas com o sobrenome Dowler que não constassem da lista telefônica na região de Walton-on-Thames.

Um porta-voz da News International afirma que a empresa está cooperando totalmente com a polícia desde que uma "revelação voluntária feita em janeiro (pela News International) reiniciou a investigação sobre interceptação ilegal de correio de voz" no Reino Unido.

O representante da corporação afirma que o caso de Milly Dowler traz "grande preocupação" e que a empresa irá realizar sua própria investigação a respeito.

"Nós obviamente vamos cooperar totalmente com qualquer pedido da polícia que nos for feito", disse o porta-voz.

POLÊMICA NO REINO UNIDO

As alegações de que funcionários do "News of the World" estariam envolvidos em interceptação ilegal de telefones começaram a pipocar em 2006. Em 2007, a Justiça condenou à prisão o correspondente do jornal para assuntos da Realeza Clive Goodman e o próprio investigador Glenn Mulcaire por causa do grampo ilegal de telefones de mebros família real.

A Polícia Metropolitana de Londres iniciou uma nova investigação em fevereiro de 2011, após alegações de que mais de 7 mil pessoas, entre elas atores, políticos, jogadores de futebol, apresentadores de TV e outras celebridades, tiveram seus telefones hackeados.

Sobre o episódio de Milly Dowler, a polícia deverá investigar até onde vai o envolvimento de Rebekah Brooks, que agora ocupa um dos cargos mais altos da News International, do magnata australiano Rupert Murdoch.

"Este é um dos poucos episódios que ocorreram quando ela (Rebekah Brooks) estava editando o jornal, e ela claramente terá de responder algumas questões sobre o quanto ela sabia do que estava ocorrendo", disse à BBC o correspondente especial do Guardian Nick Davies, que escreveu a reportagem sobre o caso.

O editor de negócios da BBC Robert Peston afirma que Brooks deverá dizer à sua equipe que está "profundamente chocada" sobre as últimas alegações, insistindo que ela não sabia nada sobre interceptação ilegal de telefones envolvendo o "News of the World".

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