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Google+ completa duas semanas de vida
DAVID CUEN
DA BBC MUNDO
Há duas semanas o Google lançou quase em segredo sua nova rede social online, o Google+. Com ela, o gigante das pesquisas pretende ingressar em um mercado liderado pelo Facebook, no qual já tentou penetrar sem sucesso.
Buzz e Wave foram as tentativas frustradas anteriores do Google para competir neste terreno, em que seu único êxito foi o apoio ao Orkut, criado inicialmente como projeto independente de um funcionário da empresa.
REDES SOCIAIS
O serviço tornou-se muito popular no Brasil e na Índia, mas não foi promovido em outros mercados pelo Google.
O Google+ ainda está em fase de testes, com usuários pré-selecionados, mas sua abertura total é iminente. Pode-se argumentar que a empresa resolveu fazer desta maneira para se assegurar de que tudo funciona bem antes de atrair mais público ou que se trata de uma estratégia publicitária para gerar interesse.
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Tela do site da nova rede social Google+ |
Após 14 dias no Google+, vamos analisar o que é bom e o que não é tão bom nesta nova aposta, e o que ela representa para outros partipantes do mercado como o Facebook e o Twitter.
O QUE PROMETE
Círculos: O Google+ organiza os contatos através de círculos. O usuário pode criar um para sua família, outro para seus colegas e outro para seus interesses, por exemplo. Ao agrupar as pessoas desta formar - semlhante ao modo com o que se agrupa as relações na vida real - é mais fácil decidir o que compartilhar com quem.
Hangout: O sistema permite que qualquer usuário que tenha uma webcam organize uma espécie de bate-papo coletivo em vídeo com seus amigos. Ao iniciar uma destas vídeo-chamadas, o usuário abre sua câmera a seus amigos e todos podem falar ao mesmo tempo. Também é possível decidir com que círculos compartilhar o recurso.
Como se compartilha: Ao escrever algo para compartilhar ou publicar um link, vídeo ou foto, o usuário tem total controle não só de quem o pode ver, como também do que os usuários podem fazer com seu conteúdo. Por exemplo, é possível estabelecer que nenhum usuário possa republicar uma postagem que você fez ou não permitir comentários em certas ocasiões.
Fotos: As pessoas que têm telefones Android podem desfrutar de uma das funcionalidades que tem o potencial de trazer mais usuários para o Google+, o "instant upload". Com o recurso, cada vez que se faz uma foto com o celular, ela é colocada automaticamente no site em modo privado, tornando o compartilhamento posterior mais simples. Os usuários da Apple ainda estão esperando que a empresa aprove um aplicativo semelhante para o iPhone.
A comunidade: É uma das coisas mais atraentes desta rede social, ao menos até agora. As coisas que estão sendo escritas e compartilhadas no Google+ são muito interessantes e a proporção entre conteúdo atraente e interferência (piadas, anúncios, etc) ainda favorece o primeiro.
O QUE PRECISA MUDAR
Sparks: É uma boa idéia que ainda não conseguiu agradar. O usuário diz ao Google+ quais os temas que lhe interessam e o site dá a ele uma seleção de notícias, vídeos, fotos e outros conteúdos sobre o tema indicado. Ainda não está claro qual é o algoritmo que o Google utiliza para suas sugestões, mas encontro coisas mais interessantes no Twitter ou no Google Reader.
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Aplicativo móvel do Google+ |
Versão para celular: Em duas semanas desenvolvi uma relação de amor e ódio com o aplicativo do Google+ para celulares. O lado positivo é que considero muito útil que ele coloque minhas fotos instantaneamente no site ou que me deixe ver, fácil e rapidamente, o que outros compartilham. Mas não gosto de não poder começar um papo com amigos do celular, não ter aceso aos Sparks e não poder editar o que escrevo. Nota-se que é uma funcionalidade ainda em processo e que precisará de mais trabalho.
Simplicidade: Entre a comunidade do Google+ há um grande entusiasmo pela nova rede social. O problema é que a comunidade já está composta majoritariamente de amantes do Google e de tecnologia. Não sei se a interface da rede social é muito intuitiva para quem, por exemplo, usa o Facebook.
Huddle: O serviço para celulares permite, teoricamente, que se possa enviar mensagens de texto a diversos usuários ao mesmo tempo. O problema é que para usá-lo todos os usuários têm que ter o aplicativo instalado no Android. Mesmo que o Google gostaria que fosse diferente, a realidade é que nem todas as pessoas têm esse tipo de telefone.
Não às empresas: Por hora, o Google não permite que empresas abram contas e tenham perfis no Google+. Mas isso também deixa de lado as organizações não-governamentais, que poderiam fazer bom uso da plataforma. Quer gostemos ou não, grupamento social também passa pela interação com grupos e instituições e o Google não pode ignorar isto.
A BOLA DE CRISTAL
O especialista em redes sociais Manuel Castells, da Universidade do Sul da Califórnia, diz que "as redes sociais vendem liberdade e, se não a dão, seus usuários irão a outro lado".
Nem o Google+, nem o Facebook, nem o Twitter são eternos. Eles existem na medida em que respondem às necessidades de seus usuários e, quando deixam de fazê-lo, morrem. Se não acreditam em mim, perguntem ao Friendster, ao MySpace ou ao Bebo.
O Google claramente quer roubar o mercado do Facebook e é possível que consiga feri-lo, mas não mortalmente. Pouco a pouco o Facebook se transformou de um site de rede social em uma plataforma social de entretenimento. E continua indo nesta direção.
O Twitter, por sua vez, parece ainda menos ameaçado que a rede de Zuckerberg, na medida em que segue sendo uma plataforma aberta, instantânea e sem vínculos entre seus usuários. A grande vantagem desta rede é sua capacidade de influenciar outras plataformas, sejam meios de comunicação, movimentos sociais ou empresas. É a voz digital da internet, não só uma rede social.
Mas talvez o Google+ represente uma ameaça para outras redes sociais, de nicho, que poderiam se perder diante de tantas ofertas.
Para além do êxito ou do fracasso do Google+, uma coisa parece clara em qualquer recanto social em que se pergunte sobre o tema: a competição é boa porque aumenta as opções dos usuários. A liberdade de escolha está servida no cardápio de opções.
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