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09/09/2011 - 10h17

Gêmeos relatam dor diante de perda de irmãos nas Torres Gêmeas

DA BBC BRASIL

Entre as pessoas que sofreram a morte de entes queridos nos atentados de 11 de Setembro, em Nova York, um grupo permaneceu pouco conhecido do público: o dos que perderam seus irmãos gêmeos no colapso das Torres Gêmeas do World Trade Center.

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Dos quase 3 mil mortos nos ataques aos edifícios, 46 tinham irmãos gêmeos. Estes tiveram que se redescobrir e se reconstruir após perderem suas "caras metades". Algumas de suas histórias foram contadas no documentário "The Twins of the Twin Towers", apresentado no último dia 6 pela BBC 1, no Reino Unido.

"Se você tem uma namorada, uma mulher, você a chama de cara metade. Eu não. Eu chamo o meu irmão de cara metade. Ele me completava", conta o bombeiro Zachary Fletcher, que perdeu o irmão Andre, também bombeiro, na queda das torres.

Divulgação
Greg Hoffman, Gary Guja, Lisa DeRienzo, Dan D'Allara, Linda McGee, Zachary Fletcher perderam irmãos nos atentados
Greg Hoffman, Gary Guja, Lisa DeRienzo, Dan D'Allara, Linda McGee, Zachary Fletcher perderam irmãos nos atentados

Linda McGee, professora que vive no Bronx, conta que precisou refazer sua identidade após a morte da gêmea Brenda, que trabalhava em uma das torres.

Desde pequena, Linda estava acostumada a se enxergar como parte de um todo. Diz que a família tratava a dupla não como duas pessoas separadas, mas como "Brendalinda".

"Éramos um pacote", relembra Linda. "Se soubesse o que sei hoje, teria tentado desenvolver uma identidade própria. No primeiro aniversário (após o 11 de Setembro), pensei: um ano apenas como Linda. É como se neste setembro fosse completar dez anos."

DESESPERO

Os gêmeos ouvidos no documentário relatam a tensão quando descobriram que seus irmãos estavam em uma área alvo de um ataque extremista.

Gregory Hoffman tentou desesperadamente ligar para Stephen Hoffman quando soube que a primeira torre tinha sido atingida. O irmão trabalhava no complexo.

"A cada minuto que passava, sentia como se estivesse sem ar. Finalmente consegui falar com ele, que me disse: 'Estou bem'. E, cinco segundos, depois vimos na TV o outro avião bater. A última coisa que ele disse foi 'Oh, meu Deus!'' e a ligação caiu."

O bombeiro Zachary também teve uma conversa emocionante com Andre na última vez em que se falaram.
O batalhão de Andre chegara primeiro que Zach para prestar socorro ao World Trade Center, e Andre morreu subindo uma das torres para tentar resgatar sobreviventes.

A conversa entre irmãos se deu antes de Zachary saber da gravidade da situação no WTC. "Não faça nenhuma estupidez. Eu te amo", disse Zachary ao irmão por telefone. "Não sei porque disse isso.
Raramente dizia eu te amo, porque nós sabíamos (que nos amávamos)", relata.

A policial Lisa DeRienzo tentou acudir o irmão, Michael, um corretor de investimentos, quando soube que o prédio onde ele trabalhava tinha sido alvejado. Conseguiu chegar à frente das Torres Gêmeas. Mas não entrou --decisão que provavelmente salvou sua própria vida e permitiu que ela hoje se tornasse mãe de dois meninos-- também gêmeos.

"Sou policial, estou acostumada a entrar em lugares ruins. Por que não entrei? Senti que ele (Michael) me manteve fora."

DOR

A perda de alguém tão ligado a tantos aspectos de sua vida foi de difícil superação para os gêmeos entrevistados no documentário.

"A dor da perda era muito poderosa", relata Gregory. Ele e o irmão Stephen fizeram faculdade juntos, onde conheceram suas futuras mulheres. Os quatro eram inseparáveis.

No ano seguinte à tragédia, Gregory contou à sua mulher que havia pensado em se suicidar, tamanha a falta que sentia do irmão. Foi o estopim para que ela decidisse criar um grupo de apoio reunindo os gêmeos que perderam irmãos no 11 de Setembro.

Dezessete deles se juntaram em uma primeira confraternização, e muitos se veem até hoje. "Ajuda o fato de sabermos que temos uns aos outros", diz Gregory.

Em um texto publicado no jornal "The Daily Mail", a diretora e produtora do documentário, Olivia Lichtenstein, opina que, "para os próprios gêmeos, a produção do vídeo foi para provar uma oportunidade muito desejada de serem reconhecidos".

"Dez anos depois, eles estão fazendo seu melhor para seguir com suas vidas, mas ainda se definem como gêmeos", escreveu a documentarista. "Quando você está com eles, quase sente uma sombra do gêmeo ausente ao seu lado."

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