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Estudos sobre gripe aviária ficam secretos por enquanto, diz OMS
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GIULIANA MIRANDA
ENVIADA ESPECIAL A VANCOUVER
Uma reunião da OMS (Organização Mundial da Saúde) decidiu que os dois polêmicos artigos que podem tornar o vírus da gripe aviária (H5N1) mais letal devem ser publicados na íntegra. Quando isso irá acontecer, porém, é um mistério.
A decisão diz que, antes da publicação, é necessária uma ampla discussão sobre todos os riscos envolvidos na divulgação dos detalhes. Os 22 especialistas de todo o mundo que debateram a questão durante dois dias não apresentaram um prazo para isso.
Ou seja: essas informações seguem em segredo, por enquanto.
O debate começou quando o NSABB (Conselho Científico para a Biossegurança Nacional), do governo dos Estados Unidos, pediu que as revistas "Science" e "Nature" não publicassem os artigos sobre a pesquisa na íntegra.
Cientistas dos EUA e da Holanda conseguiram, de forma independente, fazer com que uma cepa do vírus tivesse mutações que o tornaram altamente transmissível entre mamíferos. Normalmente, o H5N1 não infecta humanos, apenas aves.
Os pesquisadores justificaram os trabalhos como uma forma importante de se antecipar às mutações do vírus que possam levar a uma pandemia. Para a NSABB, no entanto,não há conversa: os artigos poderiam ser usados por terroristas para criar uma arma biológica.
Na opinião do editor da revista "Science", Bruce Alberts, a opção por publicar os artigos na íntegra é acertada. Ainda assim, ele diz que o órgão de biossegurança do governo dos EUA fez o seu papel.
"Não podemos olhar apenas o lado científico, há uma questão importante ligada a área da segurança que nós não somos totalmente capazes de compreender. Precisa haver discussão", disse ele em entrevista coletiva ontem na reunião da AAAS (Sociedade Americana para o Progresso da Ciência) em Vancouver, no Canadá.
Apesar disso, Alberts ironizou os riscos.
"Apesar da metodologia estar toda ali, não é uma coisa simples de fazer. Você precisa de cientistas especializados, das instalações e do material adequado."
Segundo ele, mutações descritas já foram identificadas na natureza. O que comprova a importância de se antecipar a problemas.
Quando comandava outra publicação científica, a "PNAS", Bruce Alberts despertou a ira de alguns setores mais conservadores e ligados à biossegurança quando aceitou a publicação de informações detalhadas sobre o vírus da gripe espanhola, que matou milhões de pessoas no século passado.
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