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Em SP, apreensão de crack é maior longe da área da cracolândia
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ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO
O centro de São Paulo, local em que fica a área conhecida como cracolândia, símbolo nacional do uso indiscriminado do crack, é a região onde essa droga é menos apreendida na cidade.
Foram nas zonas norte e oeste da capital paulista --com 36 quilos cada-- onde as forças de segurança mais acharam crack no ano passado, aponta estudo inédito do Ministério Público Estadual sobre tráfico de drogas.
Para o delegado Marco Antonio de Paula Santos, chefe do Denarc (departamento de narcóticos), há hoje uma pulverização de pontos de venda de crack fora do centro.
"Na cracolândia, o que menos encontramos é gente com grandes quantidades de crack", afirma o delegado.
"Ali, o que predomina é o usuário que sempre tem pequenas quantidades da droga para o seu consumo. Já nas outras áreas, o crime organizado percebeu que havia demanda para o crack e, por isso, a droga passou a ser oferecida", completa Santos.
Um exemplo dessa pulverização da oferta de crack nos pontos de tráfico fora do centro de São Paulo é uma região conhecida como a nova cracolândia, esta localizada na rua Idioma Esperanto, em São Miguel Paulista, no extremo leste do município.
O estudo do Gaerpa (Grupo Especial de Repressão e Prevenção aos Crimes Previstos na Lei Antitóxicos), elaborado pelo Ministério Público Estadual, teve como base casos em que maiores de 18 anos foram presos em flagrante em 2009, sob a acusação de traficar drogas.
Como a baixa quantidade de crack apreendida no centro chamou a atenção, o Gaerpa fez um novo recorte, desta vez levando em conta não a quantidade apreendida mas o número de ocorrências envolvendo a droga.
Descobriu que a cracolândia fica em terceiro lugar quando se trata de ocorrências. Foram 361 casos.
Isso comprova que quem é preso na região central por tráfico de crack quase sempre é flagrado com uma pequena quantidade da droga.
Essa análise revelou que as zonas norte (355) e oeste (107), líderes na quantidade de crack apreendido, são as duas últimas em total de casos. A zona sul liderou com 552 e a zona leste teve 454.
Presos
O número de pessoas presas no Estado de São Paulo sob acusação de traficar drogas subiu 18,5% no ano passado, aponta o mais recente censo do Depen (Departamento Penitenciário Nacional), do Ministério da Justiça.
Em 2008, o sistema prisional de São Paulo tinha 32.716 presos acusados de traficar drogas; em 2009, 38.747.
Homens e mulheres presos por tráfico em São Paulo representavam 23,5% do total (163.915) dos detentos no Estado até 31 de dezembro de 2009, período de finalização das apurações do censo.
Em todo o Brasil, ainda de acordo com o trabalho do Depen, 91.037 das 417.112 pessoas que estavam presas até dezembro passado foram acusados de traficar drogas -22% do total. São 79.725 homens e 12.312 mulheres.
Até o dia 23 deste mês, apenas o Denarc havia levado para a prisão 192 pessoas sob acusação de traficar drogas.
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