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Técnica recupera parte da função cardíaca após infarto
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RICARDO BONALUME NETO
DE SÃO PAULO
Pesquisadores "remendaram" o coração de camundongos ao induzir um tipo de célula a se transformar em outras que fazem o órgão bater. A pesquisa poderá, no futuro, levar a uma terapia para a insuficiência cardíaca.
A insuficiência do coração afeta mais de 14 milhões de pessoas no mundo. O obstáculo para se obter tratamento satisfatório é a limitada capacidade de regeneração das células do músculo cardíaco chamadas cardiomiócitos.
A equipe de Deepak Srivastava, da Universidade da Califórnia em San Francisco, "reprogramou" outra célula, o fibroblasto, que representa 50% das células do coração dos mamíferos.
A tecnologia constitui em enviar diretamente ao coração proteínas conhecidas como "fatores de transcrição", que se grudam no material genético (DNA) e regulam a ativação dos genes.
A equipe usou três fatores de transcrição, conhecidos pela sigla GMT. Eles foram levados ao coração por um vírus que infectava as células.
Os fibroblastos costumam se ativar e migrar para o local do dano no coração do caso de infarto do miocárdio.
Os cientistas induziram dano cardíaco nos camundongos e depois injetaram os vírus com o GMT na zona contígua ao local do enfarto.
Complexos "rotulamentos genéticos" foram necessários para identificar a transformação celular e para checar se as células estavam eletricamente ativas e se "batiam".
Três meses depois do enfarto induzido o coração dos camundongos foi examinado por ressonância magnética e ecocardiografia. Houve uma "significativa melhoria".
"A capacidade de regenerar tecido cardíaco adulto a partir de células endógenas [do próprio organismo] é um enfoque promissor no tratamento de doença cardíaca", concluíram os autores no artigo na "Nature"
Os pesquisadores ainda testarão a eficácia em um animal maior, como um porco, antes de testar em humanos. "Se funcionar, a técnica deve estar disponível entre cinco e sete anos para humanos", disse Srivastava à Folha.
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