Construir uma espécie de mapa de quase tudo que faz parte da adolescência das meninas, temperando-o ali e acolá com um pouco de ciência. Esse é o objetivo de Mayim Bialik –a cientista Amy Farrah Fowler, da série americana "The Big Bang Theory"– em seu novo livro "Girling Up".
Como o título já dá a entender (um trocadilho com a expressão "growing up", crescer, em inglês), a autora entra em discussões sobre "as complicações de estar vivo e, em particular, de ser do sexo feminino".
Bialik tem história com o público adolescente. Na década de 1990, aos 14 anos, ainda na puberdade, era protagonista de "Blossom", uma série sobre a vida de uma garota que vivia com o pai divorciado e dois irmãos.
Isso fez com que Bialik tivesse algumas experiências típicas dessa fase nas telas de televisão e na vida real ao mesmo tempo. Em alguns casos, literalmente, como o primeiro beijo, segundo conta em "Girling Up".
Logo após o fim da série, ela resolveu interromper a carreira de atriz e se dedicar mais aos estudos, o que a levou a se tornar uma neurocientista pela UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles). Daí a explicação para os leves toques científicos salpicados ao longo na obra.
"Há alguns estudos científicos fantásticos dos níveis de hormônio no cérebro e no corpo de pessoas que alegam não se encaixar em seu DNA", diz Bialik em seu livro, referindo-se a transgêneros.
A autora basicamente dá uma aula de educação sexual, com direito a imagens dos órgãos reprodutivos e dicas sobre menstruação (como apoiar um dos pés em um lugar mais alto para colocar o absorvente interno pela primeira vez e fazer ioga para amenizar a cólica).
Um dos objetivos da obra, diz Bialik, é tentar quebrar estereótipos e preconceitos.
MAMAS
Logo no primeiro capítulo, por exemplo, buscando incentivar uma autoimagem positiva, a autora conta –com auxílio de uma ilustração– sobre os diferentes tipos de mamas. Ela diz que as imagens midiáticas tendem a se aproximar de um certo formato e tamanho padronizados, mas que "seu corpo é bonito, seja lá qual for o tamanho dos seus seios!"
O início da vida e das descobertas sexuais também é introduzido sem delongas.
Ao falar sobre masturbação, Bialik menciona as culturas e religiões que têm "opiniões fortes" contra o ato, mas esclarece que "não há nada de errado em se tocar", sendo isso uma forma de aprender sobre o próprio corpo e o prazer. "Quando uma mulher está excitada, às vezes os mamilos enrijecem um pouco, e sangue flui para a vagina, particularmente para o clitóris (sobre o qual já falamos no capítulo um)."
A questão do consentimento, de que ele "não tem nada a ver com roupas que você usa, com a forma como você flerta com alguém ou mesmo com você aceitar um convite para jantar", também é abordada.
Ironicamente, há alguns meses Bialik foi duramente criticada após publicar um artigo de opinião –que apresentou alguns elementos também presentes no livro– no jornal "The New York Times" no qual comentou a revelação dos casos de assédio sexual em Hollywood.
Leitoras consideraram que a autora culpabilizou a vítima, o que levou a neurocientista a se desculpar e reafirmar que quem sofre um ataque nunca pode ser responsabilizado.
Tornando-se mulher
As dicas de Mayim Bialik para as meninas que estão crescendo
CORRA
Por saúde, é importante fazer exercícios e evitar ficar muito tempo parado em frente à tv ou ao computador
ÁGUA
Valendo também para os meninos, beber água sempre é essencial para deixar o corpo nos trinques
CÓLICA
Caminhadas, a clássica bolsa de água quente e até mesmo ioga podem ajudar a diminuir as dores
NA ESCOLA
Evite faltar em aulas, tenha uma agenda, evite procrastinar, cuidado com as distrações, repita para aprender e seja criativa
IMAGEM CORPORAL
Não acredite no corpo magro que você vê na TV. Existem todos os formatos e tamanhos de corpo, não há um certo ou errado quanto a isso
TRANSTORNOS
Achar que sempre é necessário perder peso pode levar a um transtorno alimentar, como bulimia e anorexia. Se esse é o caso, procure ajuda, tente conversar com alguém
SEIOS
Existem diferentes formatos e tamanhos. Portanto, não há certo ou errado em relação a isso
MASTURBAÇÃO
Não tem nada de errado em se tocar e é uma forma de aprender sobre si mesma
CONSENTIMENTO
Fique longe de pessoas que queiram te tocar sem que você queira, isso é abuso sexual. "Não" é "não" e não é dever das mulheres satisfazer homens
SEXO
Sexo é bom, mas é preciso de responsabilidade para saber lidar com ele. Camisinhas para proteção são essenciais
Girling Up - Como se tornar uma mulher saudável, esperta e espetacular
Autora Mayim Bialik
Editora Primavera Editorial
Preço R$ 9,90 (ebook) e R$ 25 (livro físico)
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.