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13/12/2010 - 13h22

Primeira pandemia do século 21, gripe A foi menos letal que o temido

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DA EFE

A OMS (Organização Mundial da Saúde) suspendeu no meio de 2010, um ano após tê-lo declarado, o alerta global da gripe A, a primeira pandemia do século 21 que, com um balanço final de 19 mil mortos, se revelou muito menos mortal do que a gripe comum.

Em pouco mais de um ano, o vírus se propagou em grande velocidade, atingindo 214 países e territórios insulares.

Mas o alerta mundial lançado pela OMS após a descoberta do vírus H1N1 na América do Norte terminou se convertendo em uma medida que prejudicou a credibilidade da organização perante a opinião pública e inclusive perante os Governos.

Conforme suas possibilidades, os governos gastaram enormes quantias para adquirir remédios (dois antivirais estavam disponíveis) e vacinas contra a proliferação da doença --conhecida inicialmente como "gripe suína"--, que causou pânico e alvoroço generalizado.

Apesar da grande midiatização do assunto, o impacto real do vírus foi muito mais leve que o registrado anualmente pela gripe sazonal comum --que, segundo estimativas, mata por ano 500 mil pessoas no mundo.

Após manter o nível de alerta pandêmico durante 14 meses, a OMS declarou em agosto que a situação já estava fora de perigo. No entanto, já fazia tempo que a percepção de que o novo vírus era uma grave ameaça havia terminado.

As autoridades sanitárias nacionais começaram a se preocupar com as excessivas despesas com as quais tinham se comprometido para se prepararem para o pior.

Os países mais ricos gastaram dezenas de milhões de dólares e, encorajados pelo princípio da precaução, compraram e estocaram enormes quantidades de medicamentos e vacinas, mas boa parte delas acabou nem sendo usada e teve o prazo de validade vencido.

Da maioria de países nunca será possível ter dados exatos do quanto foi investido nesta pandemia, mas alguns casos específicos podem dar ideia do custo econômico deste episódio.

Por exemplo, pouco antes de a OMS suspender o alerta pandêmico, os Estados Unidos anunciaram que tinham destruído 40 milhões de doses contra a gripe por elas terem vencido, o que representava um quarto das que tinham adquirido.

A esse número se somaram outras 30 milhões de doses que também seriam eliminadas posteriormente, pela mesma razão.

O custo da campanha de vacinação nos EUA foi de pelo menos US$ 260 milhões.

No México, as informações oficiais cifram em US$ 354 milhões os gastos despendidos para estocar vacinas, enquanto a França destinou para este fim 870 milhões de euros, o que a permitiu adquirir 94 milhões de doses, das quais somente 5 milhões foram utilizadas.

As excessivas quantias adquiridas pelos governos se justificam pela recomendação da OMS, que chegou a aconselhar a vacinação de povos inteiros.

Essa campanha, no entanto, gerou desconfianças e deteriorou a credibilidade da organização, que buscou promover uma vacina elaborada e manufaturada em tempo recorde pelos laboratórios farmacêuticos.

Paralelamente à evolução da pandemia foram surgindo suspeitas de conivência entre a OMS e a indústria farmacêutica, que levariam à investigação sobre o assunto por parte da Comissão de Saúde do Parlamento do Conselho da Europa.

Acusava-se a OMS de ter-se deixado influir pelas companhias farmacêuticas em suas decisões sobre a pandemia, uma denúncia reiteradamente negada pela diretora-geral da organização, Margaret Chan.

O certo é que depois se divulgaria que alguns dos conselheiros de Chan para situações de crise sanitária tinham anteriormente mantido vínculos de natureza diversa com as farmacêuticas.

No entanto, a resposta oficial foi que tais vínculos não prejudicavam a independência desses cientistas na formulação de suas opiniões.

Os críticos da OMS esperam que este episódio sirva para evitar novos erros na gestão de futuras emergências sanitárias.

Agora resta esperar em 2011 o relatório dos especialistas da OMS para esclarecer como a organização lidou com a crise da gripe A e, sobretudo, se houve ou não conflito de interesses.

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