Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
24/12/2010 - 14h45

Reportagem acompanha por 12 horas a vida no Instituto da Criança, em SP

Publicidade

IARA BIDERMAN
DE SÃO PAULO

As mães começam a acordar. Tentando encontrar uma posição na cadeira, Erika Nakabayashi, 34, ainda cochila, a cabeça apoiada no leito da filha.

Caio Guatelli/Folhapress
Família espera por consulta no corredor onde ficam os ambulatórios do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de SP
Família espera por consulta no corredor onde ficam os ambulatórios do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas

Fabiana, 10, tem leucemia. "Enquanto tiver febre, não pode começar a químio", conta a mãe, meio sonada.

É o início de mais um dia no pronto-socorro do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Lucas, 16, e a mãe, Maristela Feitosa Estrela, 45, acordaram faz tempo. Saíram da Paraíba para uma cirurgia no hospital paulista, especializado em doenças de alta complexidade. Lucas tem um tumor na cabeça. Também está com febre.

ESPERA

Nos dois casos, a espera é paciente. Não é o que acontece com Sueli Manuel, 33.

"Estou cheia, ninguém gosta de ficar em hospital." Sueli saiu de Itu, no interior de São Paulo, com a filha Fernanda, 7, para fazer exames rotineiros no InCor, o Instituto do Coração do mesmo complexo onde fica o hospital das crianças. A menina tem "sopro no coração" (prolapso da válvula mitral).

Depois da consulta, elas pararam em uma lanchonete para comer uma coxinha. A menina começou a vomitar. "Os exames do coração estão normais, mas, por causa da coxinha estragada, tive que internar a Fernanda no pronto-socorro", afirma Sueli.

São 8h e não há mais casos para atendimento urgente, mas o hospital já está lotado. Famílias de pacientes com hora marcada nos consultórios de especialidades, como endocrinologia, pneumologia ou nutrição, aguardam a a vez de serem atendidas.

Na UTI de crianças, 17 dos 20 leitos já estão ocupados. Enfermeiras e médicos também. A maioria das internações e dos procedimentos (exames, consultas, sondas etc.) é feita pela manhã.

Normalmente, são as mães que acompanham as crianças. O motorista de ônibus Fernando Batista Fonseca, 37, é uma exceção.

Há quatro meses, o filho Carlos Eduardo, 12, foi diagnosticado com um câncer agressivo nos tecidos moles, chamado rabdomiossarcoma. "Tão disgramado que até o nome é ruim", desabafa. Para ficar ao lado do filho, tirou 20 dias de férias, que pretende passar na UTI.

HORA DO ALMOÇO

Meio-dia e meia. É hora de acompanhantes e funcionários se juntarem no refeitório para o almoço. Daquela cozinha saem diariamente 250 almoços.

As bandejas são levadas às enfermarias para as crianças internadas. Adryan, 9, largou a sua para segurar um gibi. Por causa da sonda, o movimento do braço é limitado.

A mãe, Selma Teixeira, 43, conta que ele tem um rim transplantado. Um exame de controle indicou mau funcionamento do órgão. O garoto, que já tinha recebido alta, está de volta ao hospital.

Idas e vindas e estadias que podem se prolongar por meses são as histórias mais comuns no Instituto da Criança. Os pacientes vão para lá encaminhados por outras unidades de saúde justamente porque têm doenças mais difíceis de tratar.

Em uma sala ao lado da brinquedoteca fica a classe hospitalar. A aula começa às 14h. Quem não pode ir, estuda na cama.

A brinquedoteca fica aberta o dia inteiro, para quem quiser e puder. Na falta de rua, o corredor em frente vira pista de triciclo. Sucesso.

Algumas mães aproveitam o momento em que as crianças estão brincando para tomar banho, e buscam suas toalhas na rouparia. Efigênia Ramalho, 51, funcionária do Instituto da Criança desde os 18, conta que o que mais estraga as toalhas são as manchas de tinta.

"As mãe usam o vestiário para pintar os cabelos. Mas, também, elas passam meses vivendo aqui, fazer o quê?"

É fim de tarde, acabam-se as filas para consultas. No prédio onde ficam as crianças com câncer, o movimento está todo concentrado na área de quimioterapia.

Erika Nakabayashi acompanha a sessão de quimioterapia de Fabiana. Quando a febre cedeu, ela foi transferida do pronto-socorro. Vai ficar uns dias internada.

Começa a escurecer e cada um vai para o seu canto. Uns voltam para casa, alguns vão para o quarto. Outros, como Lucas Feitosa Estrela, continuam no pronto-socorro. Na brinquedoteca vazia, até o super-homem vai dormir.

Caio Guatelli/Folhapress

7h30

No pronto-socorro, Fabiana Nakabayashi, 10, brinca com o celular enquanto espera a mãe acordar e a febre baixar; ela tem leucemia

Caio Guatelli/Folhpress

8h

Com a mais nova no colo, o técnico de máquinas de lavar Sérgio Rocha dorme ao lado da filha Andressa, 15, que vai fazer cirurgia de obesidade

Caio Guatelli/Folhapress

12h30

O paciente Adryan Teixeira, 9, lê quadrinhos no quarto da enfermaria

Caio Guatelli/Folhapress

14h

Maria Faustina, 15, acompanha aula da classe hospitalar; ela tem lúpus, uma doença autoimune, que atingiu o pulmão

Caio Guatelli/Folhapress

19h

Super-herói na brinquedoteca da unidade de oncologia do Instituto da Criança de São Paulo, que fica aberto de manhã até a tarde

+ Livraria

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página