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Depressão tem sintomas diferentes em crianças e adultos
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JULIANA VINES
DE SÃO PAULO
Sintomas de adulto não servem para diagnosticar depressão em crianças.
O alerta é dos pesquisadores Mara Lúcia Cordeiro e Antônio Carlos de Farias, do Hospital Infantil Pequeno Príncipe, de Curitiba.
Eles são autores do livro "Transtornos Mentais em Crianças e Adolescentes -Mitos e Fatos", recém-publicado pelo hospital.
Para Farias, que é neuropediatra, pais podem pensar que os filhos têm depressão, quando, na verdade, a criança está normal.
"Há uma valorização do sintoma. É muito comum crianças saírem com antidepressivos dos consultórios."
De acordo com Cordeiro, neurocientista, é preciso diferenciar o transtorno da tristeza passageira. "Toda criança fica triste quando perde um animal de estimação ou vai mal na escola. Os sintomas de depressão são diferentes e devem persistir por mais de dois meses", afirma.
Os principais sinais são agitação, irritabilidade e desânimo para atividades corriqueiras ou divertidas. Estima-se que 2% das crianças de até 12 anos tenham o transtorno. Em adultos, a incidência chega a 10%.
editoria de Arte/folha press/editoria de Arte/Folha press | ||
DIAGNÓSTICO DE ADULTO
Paulo*, 10, sempre foi tímido, segundo sua mãe, Cristina. Depois que seus pais se separaram, o desempenho na escola piorou.
A mãe, que já teve depressão, viu os mesmos sintomas no filho: falta de autoestima, desânimo e isolamento. E pensou que ele também tivesse o transtorno.
Para sua surpresa, o menino foi diagnosticado como superdotado. Cristina mudou o filho de escola e passou a acompanhar suas tarefas.
"As notas melhoraram e estão boas até nas disciplinas com as quais ele nunca teve contato", diz.
Para a psiquiatra Maria Conceição do Rosário, da Unifesp, quanto mais nova a criança, mais difícil é o diagnóstico do transtorno.
"A criança não consegue dizer o que está sentindo. Corre o risco de a depressão passar despercebida ou então de os sintomas serem supervalorizados."
Muitas vezes, são necessárias várias consultas para saber se a criança tem mesmo algum problema.
O tratamento nem sempre é com antidepressivos. Pelo contrário, segundo o psiquiatra Fábio Barbirato, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A longo prazo, a terapia é mais eficaz.
"O remédio recupera mais rápido, mas causa mais recaídas", diz o médico.
*Os nomes foram trocados a pedido dos entrevistados
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