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30/06/2011 - 09h06

Redução de estresse pode deter dano a cromossomos, diz ganhadora do Nobel

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CLÁUDIA COLLUCCI
ENVIADA ESPECIAL A LINDAU

Foi a partir da observação de que mães de crianças com doenças crônicas pareciam mais velhas do que as com filhos saudáveis que a bioquímica australiana Elizabeth Blackburn iniciou a investigação que a levaria a ganhar o Prêmio Nobel de Medicina, em 2009, dividido com Carol Greider e Jack Szostak.

Juntos, eles descobriram como os cromossomos (as estruturas enoveladas que abrigam o DNA) podem ser copiados de forma completa durante o processo de divisão celular e como se protegem da degradação.

A solução está nas pontas dos cromossomos, os ditos telômeros, e na enzima que os "monta", a telomerase.
Blackburn os compara ao cadarço de um tênis. Os telômeros são as pontas, que impedem o desgaste. À medida que envelhecemos, os telômeros sofrem um desgaste lento e natural. No entanto, o estresse crônico pode acelerar esse processo, alertou Blackburn durante palestra no encontro com os premiados do Nobel, que acontece em Lindau (Alemanha).

Paul Sakuma-17.mar.2004/AP
Elizabeth Blackburn, cientista ganhadora do Nobel de Medicina, em seu laboratório nos EUA
Elizabeth Blackburn, cientista ganhadora do Nobel de Medicina, em seu laboratório nos EUA

"Muitas das doenças do envelhecimento, como problemas cardiovasculares e diabetes, são associadas ao encurtamento dos telômeros", explicou a pesquisadora.

A boa notícia, segundo ela, é a possibilidade de prevenir, pelo menos em parte, a aceleração desse fenômeno.
"Uma vida estressada e a exposição a múltiplos traumas têm uma relação direta com o encurtamento dos telômeros, assim como a hostilidade e o pessimismo", diz.

Blackburn aposta que educação, exercícios e redução do estresse possam frear esse processo e reduzir o risco de doenças no futuro.

INSPIRAÇÃO

A linha de pesquisa que culminou no Nobel de Blackburn começou anos atrás, quando ela e a psicóloga Elissa Epel, que estuda o estresse crônico, desenvolveram um estudo que avaliou dois grupos de mães. Um deles envolvia crianças normais e saudáveis e outro englobava mães que tinham filhos com doenças crônicas.

Foram feitas medições fisiológicas e psicológicas nos dois grupos e se descobriu que, quanto mais as mães tinham que cuidar de seus filhos doentes crônicos, mais estressadas elas estavam. Essa situação também resultava em telômeros mais curtos e em menor capacidade de reparação via telomerase.

"Pudemos ver claramente, pela primeira vez, a causa e o efeito de uma influência de fatores não genéticos. Os genes desempenham um papel nos níveis de telomerase, mas, dessa vez, era um fator externo, o estresse, que estava afetando a sua capacidade de se reparar", explicou.

A jornalista CLÁUDIA COLLUCI viajou a Lindau a convite do 61o Encontro dos Laureados do Nobel

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