O replay pode ser usado na Copa do Mundo de 2018, na Rússia, para auxiliar a arbitragem em lances considerados de difícil interpretação. Em entrevista à Folha, Lukas Brud, secretário da International Football Association Board, entidade que regulamenta as regras do esporte, afirma que a Fifa está disposta a colocar a tecnologia à disposição dos árbitros no Mundial.
"Se todos os testes correrem bem, a Fifa não vai querer esperar. Se não usar e acontecer um erro grave e decisivo, a pressão vai ser grande. Se havia a tecnologia, por que não utilizou?", diz Brud.
Cerca de 300 partidas em 12 países terão o assistente de replay (chamado de VAR, video assistant referee, em inglês) na temporada 2017.
A assessoria do presidente da Fifa, Gianni Infantino. confirmou à Folha que, se a International Board considerar os testes satisfatórios, o recurso pode ser utilizado no torneio na Rússia.
Além dos atuais quatro juízes no gramado, no modelo com uso da tecnologia, outro fica em uma sala. Ele observa a partida pelas câmeras instaladas e analisa as imagens assim que elas acontecem. Por meio da comunicação eletrônica, avisa sobre lances irregulares não percebidos pelo árbitro principal.
TREINAMENTO
A International Board admite que o novo sistema não resolverá todos os equívocos da arbitragem. A entidade espera, porém, que, com o replay, os considerados mais casos importantes, aqueles com potencial decidirem um Mundial, serão resolvidos.
Uma das maiores preocupações é o processo de seleção e treinamento dos árbitros que ficarão responsáveis pela análise de vídeo.
"É algo que precisa ser feito com cuidado porque a característica que faz um árbitro de campo ser bom não é a mesma que faz um árbitro de VAR ser bom. São coisas distintas. O treinamento deve acontecer com atenção. A Fifa tem pressa e nós também. Hoje em dia, em um estádio de futebol, todos têm a informação do que aconteceu em campo, menos o árbitro. As pessoas têm acesso aos vídeos dos lances pela internet e o juiz não. Precisamos mudar isso", conclui o secretário.
A International Board foi fundada em 1886 para unificar as regras do futebol e qualquer mudança no esporte tem de ser aprovada pela entidade, conhecida pelo conservadorismo.
A entidade é composta pelas federações da Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte (cada uma delas com um representante) e a Fifa, que tem direito a quatro votos. Para que alguma mudança regra do futebol seja aprovada, ela deve contar com o apoio de pelo menos 75% dos oito votos.
"A International Board era conservadora porque havia a necessidade de preservar a simplicidade do futebol. Isso está mudando. Nós não queremos forçar a Fifa a usar a tecnologia. Mas podemos dizer: 'ela está aqui, pronta. Se quiserem usar, que usem'", finaliza Brud.
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