De 1.042º a um lugar mais positivo, Del Potro encontra alegria no tênis

Crédito: Antonio Bronic/Reuters Del Potro comemora vitória sobre Marin Cilic, pela final da Copa Davis entre Argentina e Croácia
Del Potro comemora vitória sobre Marin Cilic, pela final da Copa Davis entre Argentina e Croácia

CINDY SHMERLER
DO "THE NEW YORK TIMES"

O sol estava se pondo quando Juan Martín del Potro chegou ao final de sua segunda sessão de treino no domingo; as luzes dos refletores criavam sombras fantasmagóricas na quadra do Delray Beach Tennis Center.

No dia seguinte, começaria o Aberto de Delray Beach, um torneio da ATP no qual del Potro celebrou um triunfante retorno no ano passado após 11 meses afastado devido a cirurgias no pulso.

Ele optou por iniciar sua temporada 2017 no mesmo lugar. Del Potro estava tão cansado após comandar a Argentina em sua primeira conquista da Copa Davis, em novembro, que abdicou do Aberto da Austrália, para se recuperar física e mentalmente.

No ano passado, Del Potro ascendeu do 1.042º para o 38º posto no ranking da ATP. Encerrou a temporada com título do torneio em Estocolmo, seu primeiro em 15 meses.

Levou uma medalha de prata na Olimpíada do Rio, na qual ele derrotou o choroso Novak Djokovic na partida de abertura e Rafael Nadal nas semifinais, e obteve duas vitórias em cinco sets em partidas da Copa Davis. A primeira delas, contra Andy Murray, na semifinal entre Argentina e Reino Unido, durou mais de cinco horas; a segunda foi contra Marin Cilic, na final, em Zagreb, Croácia.

Em uma tarde fresca de domingo, Del Potro, treinava contra Jack Sock, 24, que recentemente superou John Isner como o americano mais bem posicionado no ranking.

Com menos de uma dúzia de espectadores espalhados pelo estádio de 3,4 mil lugares,Del Potro rebatia com firmeza. Em dado momento, um jovem sentado logo atrás da quadra se inclinou na direção do jogador e gritou "Delpo, obrigado por voltar".

Del Potro não respondeu ao torcedor diretamente, mas o fez à sua maneira –correu para o fundo da quadra, fingiu um backhand duplo e depois rebateu um forehand fraco de Sock com toda força na ponta cruzada da quadra. Depois, deu as costas à quadra e abriu um pequeno sorriso.

"Tenho tanto respeito por ele", disse Sock. "Ele é um dos caras gente boa nos vestiários. E, para ele, vencer um torneio de Grand Slam, ficar fora muito tempo e voltar como voltou no ano passado... bem, isso merece respeito".

Del Potro, 28, venceu o Aberto dos Estados Unidos em 2009 e chegou ao quarto posto do ranking mundial. Agora, está sempre atento à fragilidade de seu físico.

"Fiquei exausto depois da final da Copa Davis", disse.

"Não consegui me recuperar e ser competitivo, e por isso decidi parar e fazer uma pré-temporada", disse.

"No momento, estou bem, e isso é importante para mim. Só quero jogar tênis sempre que puder e onde puder."

Um dos novos métodos de condicionamento que Del Potro adotou é a ioga, que pratica a cada manhã, mais para ganhar flexibilidade e força nos pulsos que por qualquer outro motivo. Também trabalha para voltar à forma em seu backhand duplo, no passado um de seus trunfos.

Na vitória na primeira rodada em Delray Beach, contra o sul-africano Kevin Anderson, na segunda-feira, Del Potro voltou a mostrar hesitação no backhand, e nos momentos complicados optou por mais slices. No game final, acertou seis slices de backhand e apenas uma com as duas mãos e topspin. Neste sábado (25), ele disputaria uma vaga na final do torneio.

Felizmente para ele, seu serviço e seu desempenho perto da rede funcionaram bem, sobretudo quando acertou um ace na única ocasião em que corria risco de ter o seu serviço quebrado.

Del Potro disse estar ciente de que a conquista da Copa Davis e a vitória no Aberto dos Estados Unidos há oito anos poderão ser os pontos altos de sua carreira.

"No nosso país, a Copa Davis é muito especial", disse. "Todo mundo esperava que vencêssemos a final, claro, e eu senti a pressão. A semana não foi fácil para mim. Por isso fiquei exausto depois."

Daniel Orsanic, capitão da Argentina na Copa Davis, está em Delray Beach esta semana, ajudando Del Potro até que este escolha um novo treinador permanente, o que ele espera fazer até o Aberto de Miami no mês que vem.

"Nunca o vi tão feliz quanto depois da vitória na Copa Davis", disse Orsanic. "Ele se sentiu completo. Agora, precisa manter a forma e buscar novos desafios, como voltar a ir bem nos Grand Slams."

Del Potro disse ter aprendido com a final do Aberto da Austrália entre Roger Federer, 35, e Rafael Nadal, 30.

Ele pôs o despertador para tocar às 5h, em sua casa em Tandil, na Argentina, e assistiu na cama à recuperação de Federer, que depois de ter o serviço quebrado no quinto set derrotou Nadal.

"Se eles podem dar 100% em sua idade, também posso", disse Del Potro. "Se eles ainda conseguem jogar duro e rápido, também consigo".

"Todo mundo joga tênis bem, é forte e está em forma. A diferença é mental. Roger, Rafa mantêm suas mentes muito positivas o tempo todo. É o que tento fazer".

Tradução de PAULO MIGLIACCI

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