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Caso Jean Charles continua sem resposta, diz "Times"
da BBC Brasil
As questões em torno do caso Jean Charles de Menezes, morto por engano durante uma operação antiterror da Polícia Metropolitana de Londres, permanecem "sem resposta", afirma um editorial do jornal britânico "The Times" nesta sexta-feira.
Como outros diários britânicos, o "Times" dedica o seu espaço nobre para criticar o relatório de uma comissão independente que investiga se houve ou não acobertamento da morte do brasileiro por parte dos policiais que conduziam a operação no dia 22 de junho de 2005.
Para o jornal, ao criticar apenas o responsável pela operação antiterror, o comissário assistente Andy Hayman, e não seu chefe, o comissário Ian Blair, a comissão "apenas aumenta a confusão" em torno do caso.
O Times disse ainda que o relatório passa uma "impressão inevitável" de que Hayman foi tomado como "bode expiatório" pela comissão, que o criticou por supostamente não ter passado ao superior a informação de que um homem inocente havia sido morto.
"A prioridade absoluta de Hayman naquele dia, como o nome de seu cargo sugere, era conter o terrorismo, e não garantir o fluxo de comunicação interdepartamental da Scotland Yard [a polícia londrina]", diz o editorial.
Cético, o editorial afirma que, ao evitar as críticas a Ian Blair, a comissão "ainda precisa justificar a que veio".
Negligência
Linha semelhante foi defendida pelo "The Independent", que concorda com a avaliação de que Hayman virou "bode expiatório" no relatório da comissão.
Para o jornal, "o que se requer é que a Polícia Metropolitana diga claramente o deu errado e que mudanças foram feitas desde então para evitar que erros semelhantes se repitam".
O Independent reconhece que o dia da morte de Jean Charles foi especialmente tumultuado, mas ressalva: "Confusão não é o mesmo que negligência."
Ian Blair
Outros jornais criticaram duramente o comissário da Scotland Yard, Ian Blair, pelo que chamaram de "falta de liderança" dentro da polícia londrina.
O "Daily Mail" alfinetou: "Todo mundo sabia, em poucas horas, que a polícia havia cometido um erro trágico quando matou Jean Charles de Menezes. Comandantes da Scotland Yard sabiam. Policiais de folga que assistiam a um jogo de críquete sabiam. Até uma secretária no próprio escritório do comissário da Polícia Metropolitana tinha ouvido que eles 'haviam pego o homem errado'".
"Apenas Sir Ian Blair, o homem supostamente encarregado (do caso), foi mantido às escuras."
O jornal criticou o fato de que "anos depois, ninguém foi responsabilizado. Ninguém prestou contas. E a polícia continua sendo chefiada pelo homem que não sabia."
Falta de liderança
Na mesma linha, o "Daily Telegraph" trouxe um editorial intitulado "A falta de liderança do chefe da polícia de Londres".
"Sir Ian pareceu orgulhoso de sua ignorância, porque demonstra que ele não mentiu para o público quando sustentou a versão de que o homem morto era um terrorista."
Na visão do jornal, o comissário "falou como se a morte de Menezes fosse apenas um evento periférico, e como se ele tivesse coisas mais importantes para fazer".
"Não basta", diz o "Telegraph". "Um chefe de polícia que não sabe o que está acontecendo em seu próprio grupo não inspira confiança nem de seus subalternos nem do público."
Lentidão
Já o "Guardian" disse que "a polícia foi muito rápida para reunir informações que não sabia se eram verdade -por exemplo, a de que o homem morto havia sido abordado".
Entretanto, "foi muito lenta para externar fatos mais precisos -por exemplo, de que o homem morto parecia ser um brasileiro".
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