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05/09/2007 - 07h50

Orçamento da ONU pode impedir mais tropas no Haiti, diz Jobim

BRUNO GARCEZ
enviado especial da BBC Brasil a Porto Príncipe

Os problemas de orçamento da Organização das Nações Unidas podem colocar em risco a intenção do Exército brasileiro de aumentar seu envolvimento em obras de reconstrução no Haiti. É essa a opinião do ministro da Defesa, Nelson Jobim.

''É uma decisão que a ONU tem que tomar, e a ONU tem problemas orçamentários. Para aumentar o contingente, seria preciso resolver problemas internos da ONU'', disse o ministro da Defesa, em Porto Príncipe, a capital haitiana, após participar de uma reunião com ministros da Defesa de outras oito nações latino-americanas que têm tropas no país caribenho.

O ministro endossa a opinião de militares brasileiros de que reduzir o efetivo envolvido em operações de segurança para ampliar o de engenheiros militares poderia colocar em risco a estabilização do Haiti.

''A nós, cabe avaliar as questões internas do país. Nós temos 1,2 mil homens, 150 são de engenharia, 1050 são tropas. E as tropas brasileiras estão nos pontos mais sensíveis, que são os de segurança nos bairros.''

A divisão de engenharia militar do Exército diz que precisaria de mais cem homens e de cerca de R$ 10 milhões para ampliar a sua atuação em setores como perfuração de poços, pavimentação de ruas e reconstrução de casas, mas ambas as reivindicações dependem da aprovação da ONU.

Mandato

O mandato da missão da Minustah (Missão de Estabilização da ONU no Haiti, na sigla em francês), que vence em outubro deste ano, deverá ser renovado e as forças de paz no país caribenho, comandadas pelo Brasil, receberão algumas novas atribuições.

É o que diz o brasileiro Luis Carlos Costa, representante especial da ONU no Haiti. Costa não adiantou quais seriam essas novas atribuições. Mas as mais prováveis são a de oferecer um treinamento mais intensivo à polícia haitiana e auxiliar no policiamento de fronteiras e da região costeira do Haiti.

Apesar de julgar importante a atuação de militares na reconstrução do Haiti, Costa afirmou que ''os soldados não são agentes de desenvolvimento''. De acordo com o representante da ONU, o desenvolvimento do país depende de contribuições de países ricos, como os Estados Unidos e o Canadá, mas o efeito dessas contribuições só poderá ser medido a longo prazo.

Mudanças

Na terça-feira, após a reunião entre titulares da pasta da Defesa, o presidente haitiano, René Preval, endossou a declaração conjunta dos ministros latino-americanos e afirmou que gostaria de ver renovado por mais um ano o mandato da Minustah.

Ele disse também que gostaria de contar com a ajuda da Minustah para auxiliar no treinamento da polícia e para patrulhar as fronteiras e a região costeira do país. O atual mandato não permite a atuação das tropas em operações de fiscalização nas fronteiras do Haiti.

Segundo o presidente, essas atribuições passariam a ser necessárias para que o Haiti possa colocar em prática o que chamou de novas prioridades. ''Agora que a situação de segurança no Haiti está se estabilizando, a prioridade passa a ser o combate à corrupção, ao narcotráfico e ao contrabando'', disse Preval.

Com um contingente militar de 6,8 mil homens liderado pelo Brasil, a Minustah chegou ao país em julho de 2004, logo após a revolta popular que levou à queda do então presidente Jean-Bertrand Aristide. Desde então, o mandato da missão tem sido sucessivamente estendido.

Luis Carlos Costa diz que o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, defende a prorrogação da presença da Minustah por mais um ano e acrescentou ser provável que a missão no Haiti ainda se estenda por vários anos.

 

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