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Pesquisa diz que 30% rejeitam voto em mulheres na Argentina
MARCIA CARMO
da BBC Brasil
A quase um mês das eleições presidenciais argentinas, marcadas para o dia 28 de outubro, as pesquisas de opinião revelam que cerca de 30% dos eleitores rejeitam a idéia de votar em uma mulher, mas pesquisas apontam que aproximadamente 42% deverão eleger a senadora e primeira-dama Cristina Fernández de Kirchner no primeiro turno do pleito.
Os dados são dos analistas políticos Jorge Giacobbe, da consultoria Giacobbe e Associados, Rosendo Fraga, da Nova Maioria, e Graciela Römer, da Römer e Associados.
"É a primeira vez que a Argentina vota em uma mulher para presidente. Já votou em mulher para vice que chegou à Presidência (María Estela Martínez de Perón, a "Isabelita Perón", no poder entre 1974 e 1976), mas não para presidente", disse Giacobbe.
A disputa eleitoral conta com a presença de duas mulheres entre seus principais candidatos. Além de Kirchner, participa da corrida a ex-deputada Elisa Carrió, da Coalizão Cívica.
Isabelita Perón
Na opinião de Giacobbe, há três meses --antes de confirmar que seria a sua mulher, e não ele, o candidato do governo à Presidência-- o presidente Néstor Kirchner contava com 52% das intenções de voto.
"Esse dado reforça o desafio que terá Cristina, caso eleita, de mostrar que quem governará será ela e não ele", afirmou Giacobbe.
Segundo Giacobbe, os 30% que se negam a votar em uma mulher são, na maioria, homens e mulheres com mais de 50 anos que têm más lembranças da gestão de Isabelita Perón.
Seu governo, afirmam historiadores, foi um período "dramático" na vida política argentina, abrindo caminho para a ditadura militar (1976-1983).
Giacobbe diz que outro fator que explicaria o comportamento dos eleitores de não querer votar em mulheres seria o machismo.
Mudanças
Hoje, segundo Giacobbe, Fraga e Römer, os votos em Cristina Kirchner estão concentrados nas classes mais pobres.
"Apesar de serem os que mais sofrem com a inflação, os mais carentes votam, tradicionalmente, no candidato do oficialismo. Para eles, qualquer outro significaria incerteza", disse Fraga.
"Já a classe média e, principalmente, os eleitores dos grandes centros urbanos, buscam alternativas de voto e são hoje os mais avessos ao governo Kirchner", afirmou Giacobbe.
Segundo Römer, hoje 80% dos eleitores argentinos acham que a inflação vai subir, mas ainda assim votarão em Cristina.
"O eleitorado argentino quer mudanças, mas não muitas", afirmou.
Muito tempo
Graciela Römer recordou que os candidatos Elisa Carrió e o ex-ministro da Economia, Roberto Lavagna, estão tecnicamente empatados em segundo lugar, com cerca de 15% das intenções de voto.
Para ela e Giacobbe, muitos eleitores ainda estão esperando chegar mais perto das eleições para saber quem será o possível segundo lugar nas pesquisas para depois definir o voto.
"E o segundo lugar será, provavelmente, um homem", disse Giacobbe, explicando que sua previsão tem como base o fato de existir uma alta rejeição ao voto em mulheres.
Ele não descarta que o segundo lugar seja uma "surpresa", como por exemplo, o presidenciável Alberto Rodríguez Saá, que conta com cerca de 5% das intenções de voto.
"Um mês na Argentina é muito tempo", disse Giacobbe.
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