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05/08/2004
-
12h45
da BBC Brasil
O representante da Anistia Internacional para o Brasil, Tim Cahill, criticou nesta quinta-feira a postura do governo federal em relação aos projetos de combate à violência. "A nossa preocupação não é que [a política de segurança] está caminhando a passos lentos, é que não está caminhando de maneira nenhuma", disse.
"A mudança na Secretaria Nacional de Segurança Pública, onde estavam pessoas que tinham um papel reconhecido na criação do projeto Susp (Sistema Único de Segurança Pública), parece que parou", disse. "Isso porque as questões de segurança pública não são realmente de interesse político."
O objetivo do Susp é unificar ações e bancos de dados sobre segurança do governo federal, dos Estados e dos municípios.
Para o representante da Anistia, a questão da segurança pública tem sido deixada de lado pelo governo por ser uma questão "difícil de ser vendida politicamente". "As pessoas querem respostas imediatas, e esses projetos são muito profundos para terem resposta imediata."
Polícia
Uma das principais medidas no combate à criminalidade, segundo Cahill, é o controle da violência policial. "Nos últimos oito anos, vimos o aumento de mortes cometidas por agentes de segurança. No Rio de Janeiro, por exemplo, [o crescimento] tem sido de 300%. São dados oficiais", afirmou.
Cahill disse considerar "chocante" os números de crimes cometidos no Brasil. "Quarenta e cinco mil pessoas em 2002 oficialmente morreram por alguma forma violenta", disse. "Isso precisa ser reconhecido, tanto pelo governo federal como pelos estaduais, e combatido de uma maneira sistemática, de longo prazo, e não só de uma forma eleitoreira, como tem sido feito durante anos."
Medo
Para Cahill, o próprio brasileiro não encara de frente o problema da violência, como forma de sobrevivência. "De certa forma, é impossível viver o dia-a-dia sempre reconhecendo esse nível de violência. As pessoas já vivem com um certo medo. Se ele aumenta, não nega o fato de que muitos brasileiros sofrem por causa da violência."
Cahill lembrou que os mais prejudicados com o aumento dos crimes são aqueles que vivem na parte mais excluída da sociedade, que não têm condições de se proteger. Já os que podem se fecham em casa.
"As pessoas se fecham dentro de apartamentos e blocos, como em Alphaville (condomínio de classe alta em São Paulo), se fechando um pouco do que está acontecendo do lado de fora, não querendo pensar na necessidade para como combater esses problemas. E ao mesmo tempo, procurando respostas de curto prazo."
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CLAUDIA SILVA JACOBSda BBC Brasil
O representante da Anistia Internacional para o Brasil, Tim Cahill, criticou nesta quinta-feira a postura do governo federal em relação aos projetos de combate à violência. "A nossa preocupação não é que [a política de segurança] está caminhando a passos lentos, é que não está caminhando de maneira nenhuma", disse.
"A mudança na Secretaria Nacional de Segurança Pública, onde estavam pessoas que tinham um papel reconhecido na criação do projeto Susp (Sistema Único de Segurança Pública), parece que parou", disse. "Isso porque as questões de segurança pública não são realmente de interesse político."
O objetivo do Susp é unificar ações e bancos de dados sobre segurança do governo federal, dos Estados e dos municípios.
Para o representante da Anistia, a questão da segurança pública tem sido deixada de lado pelo governo por ser uma questão "difícil de ser vendida politicamente". "As pessoas querem respostas imediatas, e esses projetos são muito profundos para terem resposta imediata."
Polícia
Uma das principais medidas no combate à criminalidade, segundo Cahill, é o controle da violência policial. "Nos últimos oito anos, vimos o aumento de mortes cometidas por agentes de segurança. No Rio de Janeiro, por exemplo, [o crescimento] tem sido de 300%. São dados oficiais", afirmou.
Cahill disse considerar "chocante" os números de crimes cometidos no Brasil. "Quarenta e cinco mil pessoas em 2002 oficialmente morreram por alguma forma violenta", disse. "Isso precisa ser reconhecido, tanto pelo governo federal como pelos estaduais, e combatido de uma maneira sistemática, de longo prazo, e não só de uma forma eleitoreira, como tem sido feito durante anos."
Medo
Para Cahill, o próprio brasileiro não encara de frente o problema da violência, como forma de sobrevivência. "De certa forma, é impossível viver o dia-a-dia sempre reconhecendo esse nível de violência. As pessoas já vivem com um certo medo. Se ele aumenta, não nega o fato de que muitos brasileiros sofrem por causa da violência."
Cahill lembrou que os mais prejudicados com o aumento dos crimes são aqueles que vivem na parte mais excluída da sociedade, que não têm condições de se proteger. Já os que podem se fecham em casa.
"As pessoas se fecham dentro de apartamentos e blocos, como em Alphaville (condomínio de classe alta em São Paulo), se fechando um pouco do que está acontecendo do lado de fora, não querendo pensar na necessidade para como combater esses problemas. E ao mesmo tempo, procurando respostas de curto prazo."
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