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"Homem da mala" foi à Casa Rosada, diz promotora
MARCIA CARMO
da BBC Brasil, em Buenos Aires
Uma promotora argentina disse nesta quinta-feira que o empresário venezuelano Guido Antonini Wilson, que ficou conhecido por entrar na Argentina com uma mala com quase US$ 800 mil, esteve na sede da presidência do país durante o governo do presidente Néstor Kirchner.
Segundo a promotora María Rivas Díez, a informação se baseia em declarações de Victoria Beresziuk, assessora do Ministério do Planejamento da Argentina.
Beresziuk estava no avião em que Wilson, juntamente com outros assessores do governo Kirchner e da estatal venezuelana PDVSA, chegou à Argentina no dia 4 de agosto, levando a mala com os dólares.
"Ele [Wilson] teria estado [na Casa Rosada] para assinar documentos sobre convênios com a Venezuela", disse a promotora.
Esta visita à sede da Presidência argentina teria ocorrido dois dias depois do seu desembarque no país e quase ao mesmo tempo em que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, visitava a Argentina.
Prisões
Na quarta-feira, o senador da oposição Gerardo Morales, da UCR (União Cívica Radical), questionou se Wilson, que chamou de "o homem da mala", esteve na Casa Rosada antes de sair do País.
Morales pediu maior apuração do caso, que está sendo investigado pela juíza argentina Marta Novatti e também pela justiça americana.
Na semana passada, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos informou que prendeu em Miami três venezuelanos e um uruguaio acusados de envolvimento no caso. Wilson, que também tem nacionalidade americana, permanece em liberdade na cidade americana.
As prisões ocorreram dois dias depois da posse da presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, mulher do ex-presidente Kirchner.
Repúdio
Nesta quinta-feira, algumas das principais emissoras de televisão da Argentina, exibem a gravação de Tom Mulvihill, assistente do promotor federal de Miami, dizendo que os presos tentavam "ocultar" a origem do dinheiro com a ajuda dos governos da Venezuela e da Argentina.
Na quarta-feira, o Congresso argentino aprovou uma declaração de "repúdio" ao governo dos Estados Unidos, acusando-o de "alimentar uma terrível operação de inteligência (conspiração) contra a presidente Kirchner".
Poucas horas antes, o ex-presidente Kirchner criticou o governo americano e insistiu que Antonini Wilson seja extraditado para ser julgado na Argentina.
"Uma quadrilha de mafiosos não pode prejudicar a argentina", afirmou sobre os presos em Miami.
Num discurso, na semana passada, Cristina tinha condenado a investigação publicamente, depois que a imprensa argentina publicou que, segundo um dos presos, o dinheiro seria para sua campanha eleitoral.
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