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07/01/2005 - 21h30

ONGs brasileiras dizem querer aproveitar solidariedade à Ásia

DIEGO TOLEDO
da BBC Brasil

A participação dos brasileiros em campanhas de arrecadação de donativos para vítimas do maremoto na Ásia criou a expectativa de que a "onda de solidariedade" despertada pela tragédia seja aplicada também em futuras iniciativas voltadas para o próprio Brasil.

O coordenador da Ação da Cidadania contra a Fome, a Miséria e pela Vida, Maurício Andrade, afirma que cabe à sociedade civil pressionar o governo a cumprir sua parte nos esforços de ajuda às populações carentes.

"É normal a população brasileira ser bastante solidária e rápida nas tragédias. O que precisa, às vezes, é o próprio Estado ser também eficiente", diz Andrade. "Isso, às vezes, demora mais do que a ação da própria sociedade."

Para o antropólogo Rubem César Fernandes, coordenador do movimento Viva Rio, o Brasil tem um forte histórico de campanhas humanitárias desde 1993, quando o sociólogo Herbert de Souza (Betinho) lançou uma campanha contra a fome.

"A novidade dos últimos anos é que esse sentimento vem crescendo para o lado da cidadania, da vida pública", afirma o diretor do Viva Rio. "E isso cria a possibilidade de uma aproximação de ações do governo e da sociedade em torno de dramas comuns."

Governo "tímido"

O coordenador do Viva Rio reconhece que a participação do governo brasileiro nos esforços de ajuda à região atingida pelo maremoto foi "pronta" e "importante", mas sugere que a iniciativa não representou uma contribuição forte.

"Vejo mais como uma participação do ponto de vista simbólico do que com uma eficiência de peso", diz o antropólogo. "O governo respondeu, mas o valor dessa resposta, em termos físicos, é pequeno."

Na opinião de Rubem César Fernandes, os investimentos sociais do governo Lula têm sido "muito tímidos" por causa da preocupação das autoridades em promover um ajuste econômico nas contas do país.

"Não me surpreende que ele (o governo) não tenha se apressado em colocar recursos maiores em uma missão internacional, quando ele não tem colocado tampouco em missões nacionais", afirma o diretor do Viva Rio.

S.O.S. Sri Lanka

Tanto o movimento coordenado pelo antropólogo como a Ação da Cidadania estão atuando, em parceria com o consulado do Sri Lanka no Rio de Janeiro, na arrecadação de dinheiro e suprimentos para as vítimas do tsunami.

"Todas as organizações da sociedade civil têm que ter essa responsabilidade e esse compromisso quando ocorrem tragédias naturais como essa que ocorreu na Ásia", afirma Maurício Andrade.

A maior dificuldade para os organizadores das campanhas no Brasil é a distância em relação à área afetada pelo maremoto --o obstáculo é o elevado custo para o transporte dos donativos até o Sudeste Asiático.

"É fundamental que o Estado forneça instrumentos que viabilizem o transporte desses produtos para os locais", diz o coordenador da Ação da Cidadania.

"O próprio cônsul do Sri Lanka disse que está com um volume muito grande de doações e precisava de uma certa agilidade por parte das autoridades, não só brasileiras, mas desse grande conjunto", acrescenta Andrade.

Potencial solidário

O coordenador do Viva Rio diz que a entidade foi mobilizada a entrar na campanha S.O.S. Sri Lanka, lançada pelo consulado, pela pressão de voluntários do próprio movimento que queriam encontrar meios de ajudar.

"A novidade dessa campanha é o sentido planetário da solidariedade, que, no Brasil, não é tão agudo", afirma Rubem César Fernandes. "Esse evento talvez seja o primeiro que tenha mobilizado a opinião brasileira nessa dimensão mais internacional."

Os resultados da iniciativa chegaram a surpreender o próprio consulado do Sri Lanka, que organizou a campanha de ajuda às vítimas do maremoto.

"Já assisti a algumas tragédias no mundo, mas jamais vi uma mobilização dessa natureza aqui no Rio de Janeiro, sobretudo nesse período de férias e festas", diz o cônsul do Sri Lanka na cidade, Sohaku Bastos.

"O Brasil tem uma riqueza, que muita gente desconhece, que é o seu próprio povo", afirma Bastos. "As pessoas aqui têm uma capacidade de discernimento que passa pela afetividade, e não só pelo racionalismo."

"Tenho a impressão que qualquer movimento ou iniciativa governamental que tocar o coração do cidadão brasileiro vai conseguir atingir qualquer meta que possa imaginar", afirma o cônsul cingalês.

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