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28/01/2005
-
20h44
EDITOR-CHEFE DA BBC BRASIL
Seis décadas depois da libertação do campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, líderes mundiais voltaram a lembrar nesta semana as atrocidades cometidas pela Alemanha nazista de Adolf Hitler.
Mais um de 1 milhão de pessoas, na sua maioria judeus, mas também prisioneiros soviéticos, ciganos e homossexuais, morreram em Auschwitz até que as forças da União Soviética libertassem o local, em 27 de janeiro de 1945.
A semana começou com o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Kofi Annan, afirmando, na segunda-feira, que o mundo deve ficar atento e combater qualquer ideologia baseada no ódio e na exclusão.
No dia seguinte, foi a vez de a Alemanha, de onde partiu a fúria nazista que deixou 6 milhões de judeus mortos, lembrar o maior crime da história da humanidade.
O chanceler alemão, Gerhard Schröder, disse que a atual geração, apesar de não ter culpa pelo Holocausto, tem a responsabilidade de preservar a sua memória para evitar que o mundo nunca mais sofra algo parecido.
Ele lembrou que o anti-semitismo ainda existe na Alemanha e que é um dever de todos os democratas combater o avanço de filosofias neo-nazistas.
A Segunda Guerra Mundial foi palco de inúmeros massacres de civis, inclusive do lado aliado, como no caso das bombas atômicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki, no Japão.
Mas a sistemática matança perpetrada pelos nazistas em Auschwitz, como parte da deliberada política de extermínio dos judeus e outras minorias, fez do local um símbolo dos sangrentos conflitos do século 20.
Esse palco de tantas atrocidades recebeu a principal cerimônia da semana, na quinta-feira, dia da libertação do campo de trabalho e extermínio.
Sobreviventes e líderes de vários países enfrentaram o frio e a neve para lembrar a matança nazista. O presidente de Israel, Moshe Katsav, condenou tentativas de alterar informações históricas sobre o holocausto para minimizá-lo.
O presidente russo, Vladimir Putin, representando o país que libertou o campo, atacou duramente o anti-semitismo, numa semana em que o tema voltou ao cenário político da Rússia.
Dois dias antes, a embaixada israelense havia protestado formalmente contra uma carta escrita por membros do Parlamento russo pedindo o fechamento de todas as entidades judaicas no país.
Um dos convidados presentes ao evento em Auschwitz não discursou. O presidente da Alemanha, Horst Köhler, permaneceu calado durante a cerimônia, numa forma de reconhecimento da responsabilidade do seu país pelo holocausto.
Nunca mais mesmo?
Apesar dos compromissos assumidos por lideranças mundiais após a Segunda Guerra de não tolerar mais nenhum outro genocídio, a perseguição a específicos grupos étnicos voltou a ser registrada em outros conflitos.
Mais recentemente, na década de 90, a Europa presenciou práticas de limpeza étnica durante as guerras civis na ex-Iugoslávia, e 1 milhão de tutsis foram massacrados por hutus em Ruanda. Novamente, o mundo prometeu que tragédias dessas proporções nunca mais ocorreriam.
Mas, no ano passado, o conflito na província sudanesa de Darfur ressuscitou a possibilidade de extermínio de um grupo étnico.
A morte de dezenas de milhares de negros da região, por milícias árabes apoiadas pelo governo central, levou o Ocidente a ameaçar impor sanções contra o Sudão. Os Estados Unidos chegaram inclusive a classificar a ação sudanesa de "genocídio".
Mas, na prática, pouco foi feito. Nesta segunda-feira, haverá mais uma oportunidade de se discutir uma saída, com a discussão no Conselho de Segurança da ONU de um relatório encomendado pelo secretário-geral Kofi Annan sobre a crise.
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Mundo promete, mais uma vez, o fim dos genocídios
ROGÉRIO SIMÕESEDITOR-CHEFE DA BBC BRASIL
Seis décadas depois da libertação do campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, líderes mundiais voltaram a lembrar nesta semana as atrocidades cometidas pela Alemanha nazista de Adolf Hitler.
Mais um de 1 milhão de pessoas, na sua maioria judeus, mas também prisioneiros soviéticos, ciganos e homossexuais, morreram em Auschwitz até que as forças da União Soviética libertassem o local, em 27 de janeiro de 1945.
A semana começou com o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Kofi Annan, afirmando, na segunda-feira, que o mundo deve ficar atento e combater qualquer ideologia baseada no ódio e na exclusão.
No dia seguinte, foi a vez de a Alemanha, de onde partiu a fúria nazista que deixou 6 milhões de judeus mortos, lembrar o maior crime da história da humanidade.
O chanceler alemão, Gerhard Schröder, disse que a atual geração, apesar de não ter culpa pelo Holocausto, tem a responsabilidade de preservar a sua memória para evitar que o mundo nunca mais sofra algo parecido.
Ele lembrou que o anti-semitismo ainda existe na Alemanha e que é um dever de todos os democratas combater o avanço de filosofias neo-nazistas.
A Segunda Guerra Mundial foi palco de inúmeros massacres de civis, inclusive do lado aliado, como no caso das bombas atômicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki, no Japão.
Mas a sistemática matança perpetrada pelos nazistas em Auschwitz, como parte da deliberada política de extermínio dos judeus e outras minorias, fez do local um símbolo dos sangrentos conflitos do século 20.
Esse palco de tantas atrocidades recebeu a principal cerimônia da semana, na quinta-feira, dia da libertação do campo de trabalho e extermínio.
Sobreviventes e líderes de vários países enfrentaram o frio e a neve para lembrar a matança nazista. O presidente de Israel, Moshe Katsav, condenou tentativas de alterar informações históricas sobre o holocausto para minimizá-lo.
O presidente russo, Vladimir Putin, representando o país que libertou o campo, atacou duramente o anti-semitismo, numa semana em que o tema voltou ao cenário político da Rússia.
Dois dias antes, a embaixada israelense havia protestado formalmente contra uma carta escrita por membros do Parlamento russo pedindo o fechamento de todas as entidades judaicas no país.
Um dos convidados presentes ao evento em Auschwitz não discursou. O presidente da Alemanha, Horst Köhler, permaneceu calado durante a cerimônia, numa forma de reconhecimento da responsabilidade do seu país pelo holocausto.
Nunca mais mesmo?
Apesar dos compromissos assumidos por lideranças mundiais após a Segunda Guerra de não tolerar mais nenhum outro genocídio, a perseguição a específicos grupos étnicos voltou a ser registrada em outros conflitos.
Mais recentemente, na década de 90, a Europa presenciou práticas de limpeza étnica durante as guerras civis na ex-Iugoslávia, e 1 milhão de tutsis foram massacrados por hutus em Ruanda. Novamente, o mundo prometeu que tragédias dessas proporções nunca mais ocorreriam.
Mas, no ano passado, o conflito na província sudanesa de Darfur ressuscitou a possibilidade de extermínio de um grupo étnico.
A morte de dezenas de milhares de negros da região, por milícias árabes apoiadas pelo governo central, levou o Ocidente a ameaçar impor sanções contra o Sudão. Os Estados Unidos chegaram inclusive a classificar a ação sudanesa de "genocídio".
Mas, na prática, pouco foi feito. Nesta segunda-feira, haverá mais uma oportunidade de se discutir uma saída, com a discussão no Conselho de Segurança da ONU de um relatório encomendado pelo secretário-geral Kofi Annan sobre a crise.
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