Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
17/04/2008 - 07h12

Ramos-Horta diz que atentado não vai mudar seu estilo de vida

da BBC

O presidente do Timor-Leste, José Ramos-Horta, disse nesta quinta-feira em uma entrevista à BBC que não mudará seu estilo de vida e procurará estar perto das "pessoas comuns", mesmo depois do atentado que quase lhe custou a vida.

"Agora tenho muita segurança, mas não tenho planos de mudar meu estilo de vida. Quero voltar aos lagos, às ruelas da cidade, quero ir aos banhos públicos encontrar as pessoas comuns", afirmou Ramos-Horta, que chegou à capital timorense, Dili, após dois meses internado em estado grave em um hospital na cidade australiana de Darwin.

"Não serei demovido por ameaças de estar com as pessoas pobres. No fim das contas, sou presidente para servir aos pobres deste país, não vou me esconder em meu escritório ou minha casa."

Ramos-Horta foi alvejado por rebeldes em frente à sua casa em Dili, no dia 11 de fevereiro. Atingido nas costas e no peito, o presidente foi submetido a uma série de operações e chegou a ficar 10 dias em coma induzido.

Ao chegar ao aeroporto, o presidente timorense se disse "arrebatado" pela recepção calorosa de milhares de pessoas que portavam cartazes de boas-vindas.

Ele foi saudado pelo primeiro-ministro, Xanana Gusmão, que conseguiu escapar ileso de um atentado realizado no mesmo dia. Também estavam no aeroporto ministros do governo e o líder da oposição, Mari Alkatiri.

"Fiquei muito tocado, arrebatado pela recepção que tive. Havia literalmente milhares de pessoas em todo o caminho do aeroporto até minha casa, a muitos quilômetros dali. Fui arrebatado com tão extraordinária demonstração de apoio", contou Ramos-Horta.

Rebeldes

Ao atentado de fevereiro contra Ramos-Horta sucedeu-se uma troca de tiros entre forças de segurança do presidente e um grupo de ex-soldados liderados pelo rebelde Alfredo Reinaldo, que acabou morto nos confrontos.

Reinaldo encabeçou a onda de violência que varreu o Timor Leste em maio de 2006, após a expulsão de 598 militares do Exército. Em várias semanas de combates, pelo menos 37 pessoas foram mortas e mais de 150 mil timorenses foram obrigados a deixar suas casas.

Agora, disse Ramos-Horta, a ameaça rebelde está diluída, porque "pelo menos dois terços dos rebeldes se entregaram com suas armas".

"O único líder rebelde conta apenas com ele mesmo e no máximo 12 pessoas, com igual número de armas. Ele disse várias vezes em nossa imprensa que se renderá quando eu voltar (ao Timor Leste). Ele quer se render pessoalmente a mim", afirmou Ramos Horta, que criticou os ex-soldados por, em sua visão, responder com violência a tentativas de diálogo.

"Estive envolvido em diálogos com eles (os rebeldes) por quase 18 meses. Nunca hesitei em me meter na floresta, na selva, nas montanhas, nos vales. Devo ser o único presidente do mundo que fez isto para se reunir com seus dissidentes, com rebeldes", disse o prêmio Nobel da Paz.

"Entretanto, eles nunca me escutaram. Dei a eles várias chances e qual foi a resposta? Organizar um atentado em minha casa e quase me matar."

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página