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Blanca Ovelar tenta ser "cara nova" do Partido Colorado no Paraguai
MARCIA CARMO
da BBC, em Assunção
Atrás do candidato da oposição nas pesquisas eleitorais, a governista Blanca Ovelar diz que quer "promover mudanças" e tem adotado bandeiras tradicionalmente de esquerda em sua campanha para a Presidência do Paraguai.
Um de seus desafios é convencer um eleitorado que aparentemente deseja renovação de que ela é capaz de representar mudanças, apesar de pertencer ao Partido Colorado, que está há 61 anos no poder.
"O Partido Colorado tem valores doutrinários e princípios muito fortemente arraigados no coração do povo paraguaio, e a mudança pode ser feita a partir de dentro", disse a candidata em entrevista nesta quarta-feira, em Assunção.
Apesar da defesa dos "valores colorados", Ovelar faz questão de tentar se afastar da imagem do partido tradicionalmente associado ao ditador Alfredo Stroessner, que ficou 35 anos no poder, de 1954 a 1989.
"O nome do Partido Colorado foi usurpado por Stroessner e seus comparsas. Fui vítima da ditadura, meu pai foi um perseguido político por suas tendências socialistas. Foi preso muitas vezes. Não tenho nada a ver com essa história nefasta", disse a candidata governista.
"Machismo"
Um dos argumentos de Ovelar para mostrar que representa uma novidade é o fato de ter conseguido a indicação como candidata à Presidência em um partido que, segundo ela, é "tradicionalmente machista".
"Houve muita resistência", disse Ovelar, uma ex-jogadora de basquete, com 1m82cm de altura, ex-professora primária, ex-diretora do MEC paraguaio e ministra da Educação e Cultura entre 2002 e 2007.
Casada e mãe de três filhos, ela chegou à política com apoio do atual presidente paraguaio, Nicanor Duarte Frutos.
Ovelar conquistou a candidatura numa disputa apertada, que levou seu adversário, o ex-vice-presidente Luis Castiglioni, a acusar fraude no pleito.
Se for eleita, Blanca Margarita Ovelar de Duarte será a primeira mulher a ocupar a Presidência do Paraguai.
"A minha missão será a de terminar, de uma vez por todas, com a pobreza, o subdesenvolvimento e a ignorância e avançar para o desenvolvimento econômico e social", diz a candidata em sua página oficial na internet.
Sua plataforma de campanha prevê medidas como maior industrialização do país, apoio à formação de pequenas cooperativas para atender aos que estão na economia informal e "subsídios em dinheiro" para mulheres pobres com mais de 60 anos.
Fernando Lugo
Ovelar costuma criticar a candidatura de seu principal opositor, ex-bispo católico Fernado Lugo, que lidera as pesquisas eleitorais no Paraguai com um discurso em defesa da reforma agrária e da inclusão social.
A candidata governista considera as idéias do adversário "populistas". "Se eu tenho que responder pelos erros do Colorado, imagine Lugo com a Igreja", disse Ovelar no seu discurso de encerramento de campanha, na noite desta quarta-feira, em um comício em frente ao Congresso Nacional.
Ao contrário de Ovelar, Lugo formou uma frente de centro-esquerda, a Aliança Patriótica para a Mudança (APC, em espanhol), que inclui o também tradicional Partido Liberal Radical Autêntico (PLRA) e movimentos sociais de esquerda.
Como Ovelar, essa é a primeira vez que Lugo se candidata a um cargo político. E uma de suas principais bandeiras é a revisão do contrato de Itaipu, assinado entre Brasil e Paraguai em 1973.
Na entrevista, em um hotel em Assunção, Ovelar respondeu com cautela quando questionada sobre o assunto.
"Vamos convocar uma comissão internacional para que faça um estudo sobre a verdade deste assunto, e aí sim poderemos falar com as autoridades brasileiras com mais precisão", disse a candidata.
Ovelar elogiou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dizendo que ele tem demonstrado "maior abertura" em relação a seus antecessores frente às demandas do Paraguai.
Segundo ela, o Brasil é o principal destino da produção paraguaia. No entanto, afirmou sem dar detalhes, que é preciso uma relação com "mais justiça" entre um país grande e outro com apenas 6 milhões de habitantes o Paraguai.
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