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"Parecia que o prédio ia cair", diz brasileira na China
MARINA WENTZEL
da BBC, em Hong Kong
O terremoto de 7,9 graus que atingiu a Província de Sichuan, na China, na segunda-feira (12) foi como um "trovão sufocado" e "horrível", segundo relatos de sobreviventes brasileiros ouvidos pela BBC Brasil.
"Parecia que o prédio ia cair", contou Angélica Brune, 32, que vive no 16º andar de um prédio, e que teve que descer as escadas às pressas, levando um bebê, enquanto a terra tremia.
"Eu estava dormindo e acordei com o forte barulho das portas dos armários batendo e dos copos de vidros quebrando", ela disse.
"Nós moramos no 16º andar e sacudiu bastante, parecia que o prédio ia cair. Senti pânico e medo, pois eu não sabia o que era. Só peguei a bebê no colo, desci pelas escadas e quando cheguei lá em baixo já havia passado", narrou Brune.
"Trovão sufocado"
"Foi inesquecível, parecia um trovão sufocado. Achei que tinha caído um avião no terreno do lado", contou Miguel Wagner, gaúcho de 45 anos, morador de Chengdu, capital da Província mais atingida.
"A sensação era muito parecida com a da turbulência de um avião. Imagina o barulho que causa, pois mexe com a estrutura de todos os prédios e tem um monte de vidro quebrando. É um negócio horrível", descreveu Sepé Tiaraju Flores, 44, natural de Sapiranga, no Rio Grande do Sul.
Wagner e Flores fazem parte de uma comunidade de 13 gaúchos, que trabalham numa mesma fábrica de calçados e moram num mesmo condomínio com filhos e esposas.
Seis dos brasileiros estavam nas dependências da empresa, quando ocorreu o terremoto. "Tremeu forte mesmo, mas todo mundo saiu da fábrica sem pavor. Acho que não tinha caído a ficha", recorda Wagner.
"Nós saímos rapidamente e depois fomos buscar uns aos outros. Foi quando percebemos que o terremoto não parava. A gente se deu conta que o tremor simplesmente já ia pra coisa de mais de dois, três minutos e nada de parar", descreveu Flores.
"Graças a Deus ninguém se machucou e não aconteceu nada com os prédios", completou Wagner.
Noite na rua
Os brasileiros disseram que após o grande choque os celulares não funcionaram, o abastecimento de luz e água caiu e o governo proibiu as pessoas de entrar em locais fechados por algumas horas.
Sepé Tiaraju Flores recorda que passou a primeira noite após o terremoto na rua. "Passamos a noite em claro. Aconteceram tremores menores e ninguém tinha coragem de dormir. Ficamos pela rua conversando".
"O pessoal do condomínio ficou na calçada até receber permissão pra voltar, mas demorou. Eu só pude subir lá pelas dez da noite", conta Brune.
"Apesar do susto, dormi todas as noites em casa. Depois do primeiro dia, as coisas voltaram ao normal e no nosso apartamento não está faltando nem água, nem luz e a internet funciona", disse ela por telefone à BBC Brasil.
"Não cheguei a precisar passar nenhuma noite na rua, mas desde segunda o governo está recomendando pro pessoal que puder, pra tentar não ficar em casa", disse Wagner.
Segundo os entrevistados, apesar do susto, o grupo de brasileiros passa bem e não vê necessidade de ser removido da região.
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