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01/04/2005 - 07h33

Morte de Schiavo inflama protestos em frente a hospital

CAROLINA GLYCERIO
da BBC, na Flórida

A morte de Terri Schiavo, 13 dias depois da remoção do tubo de alimentação que a mantinha viva, exaltou os ânimos entre os manifestantes que ainda se reúnem na frente do hospital onde ela estava internada, em Pinellas Park, no oeste da Flórida.

"Eu não vou embora até que seja aprovada uma lei federal impedindo que um tubo de alimentação seja removido [em futuros casos]", disse Lisa Wilson à BBC Brasil. Ela veio de Kansas, no centro do país, há oito dias para protestar contra o que considera um "assassinato".

Wilson está hospedada em um hotel, mas há vários manifestantes acampados na região do hospital. É o caso de Jeff Amussen, um motorista de caminhão que dirigiu por três dias e chegou a Pinellas Park carregando um pequeno crucifixo "porque Terri foi crucificada como Cristo".

Para os ativistas do "direito à vida", maioria entre os manifestantes, Terri Schiavo virou uma mártir e o seu drama deve ser usado para pressionar o governo por uma revisão das leis sobre o assunto.

Ânimos acirrados

Os poucos partidários do marido da paciente, Michael Schiavo, que pediu a remoção do tubo, mantinham discrição, mas uma declaração aos vários repórteres presentes no local, no entanto, era suficiente para acirrar os ânimos.

Enquanto Pete Cordero dizia à reportagem da BBC que era "desumano" manter alguém nas condições em que Terri Schiavo viveu por 15 anos, o missionário Tom Neverdal afirmava que essa era uma decisão que "apenas Deus poderia tomar".

"Você gostaria de viver nessas condições?", rebateu Cordero. "Isso é hipocrisia."

David Giannino pagou um preço por ser menos discreto. Carregando um cartaz dizendo "Isso não é assassinato. É a lei da Flórida, o esposo decide. Michael amava Terri", ele diz que recebeu duas ameaças de morte e ouviu de pelo menos 40 pessoas que ele não era bem-vindo ali.

"Tiraram a minha fotografia e me disseram 'Nós queremos você morto'."
David, que teve o seu pai na mesma situação, diz que apoiou a decisão da mãe de autorizar o desligamento dos aparelhos que o mantiveram vivo por duas semanas.

Ao ouvir a história de David, Vittoria Hohman, 69, aproximou-se e disse sussurrando que concordava, mas que tinha medo de ser hostilizada pelos ativistas pró-vida.

"Eu já deixei um documento dizendo que não quero ser mantida viva", disse Victoria.

Ambos acreditam que Terri Schiavo havia perdido toda a capacidade de sentir ou pensar, o que é contestado pelo movimento pró-vida.

Autópsia

Apesar do diagnóstico de "estado vegetativo persistente", os manifestantes alegam que as informações sobre as suas verdadeiras condições foram manipuladas.

Eles contam histórias da paciente articulando a palavra "help" [ajude-me, em português] ou se movimentando, que, dizem, foram omitidas pelo marido e seu guardião legal, Michael Schiavo.

"Ele tem uma namorada e dois filhos há dez anos. Ele não deveria estar fazendo decisões de vida e morte para ela (Schiavo)", diz a missionária batista Donna Kuntz.

Michael Schiavo pediu uma autópsia que, segundo ele, vai atestar a falta de atividade no cérebro da esposa, mas parece improvável que qualquer laudo médico vá acalmar os ânimos em qualquer dos lados da disputa.

De fato, a morte de Terri Schiavo parece apenas ter exacerbado ainda mais as tensões na sociedade americana entre o chamado movimento pró-vida e os que defendem a eutanásia como uma forma de "morrer com dignidade".

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