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Departamento de Tarija opta por autonomia na Bolívia
da BBC
Eleitores no departamento (Estado) boliviano de Tarija votaram no domingo a favor da autonomia em relação ao governo central do presidente Evo Morales, segundo dados divulgados pelas principais redes de televisão do país.
De acordo com a rede Unitel, 79% dos eleitores optaram pelo "sim" e 21% pelo "não". Já segundo a rede ATB, o "sim" conseguiu 80,3% dos votos e o "não", 19,7%.
Logo após a divulgação dos resultados do referendo, defensores da autonomia saíram às ruas para comemorar. Autoridades descreveram como "calma" a jornada de oito horas em que votaram cerca de 173 mil pessoas.
Partidários do presidente Morales, que declarou o referendo "ilegal", ficaram em casa, segundo correspondentes.
"Caminho para Bolívia"
O governador de Tarija, Mario Cossío, disse diante de uma multidão que havia "chegado a hora de fazer da autonomia o caminho para a Bolívia inteira". Cossío ainda pediu que o presidente Morales considere o referendo como legítimo.
"Se o governo não reconhecer os estatutos (de autonomia) e esta vitória, não poderá ser considerado um governo democrático", disse ele entre aplausos.
A expectativa era que o pequeno --mas rico-- departamento seguisse o caminho de outros três Santa Cruz, Beni e Pando e votasse amplamente pela autonomia.
Nesta segunda-feira, os governadores dos quatro departamentos que reivindicam a autonomia devem se encontrar para definir sua posição sobre a situação política do país e sobre como deverão lidar com a resistência do governo.
Os quatro departamentos estão na parte oriental do país, a mais rica da Bolívia, e desejam a autonomia para aumentar seu controle sobre a renda obtida com as suas reservas de gás e petróleo.
Os governos desses departamentos, controlados pela oposição, desafiam os planos do presidente Morales para redistribuição da renda.
O referendo de Tarija tem especial importância porque a região é dona de 85% do gás natural boliviano e porque os líderes autonomistas esperam consolidar o bloco de Departamentos autônomos e suas novas ações contra o governo.
Mas o futuro permanece incerto, porque Morales classifica os referendos como ilegais e diz que não aceitará seus resultados.
No que será uma nova queda-de-braço entre o governo e a oposição, o presidente convocou para agosto um referendo que poderá revogar seu próprio mandato, apenas dois anos e meio após sua chegada ao poder.
Se sobreviver à consulta, em compensação, ele deverá ter um mandato ainda mais forte para combater o movimento pela autonomia na região oriental do país.
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