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07/07/2005
-
17h13
da BBC Brasil, em Nova York
Nova York, Madri e Londres são cidades irmanadas pela dor, capitais do mundo ocidental, vítimas da barbárie terrorista. José Maria Aznar foi uma vítima política. O ex-primeiro-ministro espanhol partiu após o 11 de Março. Agora, seguem de pé George W. Bush e Tony Blair, companheiros de armas e de tragédias.
Os atentados desta quinta-feira em Londres foram um recado genérico e niilista para embaraçar os dirigentes do G8 (e seus associados de países emergentes), reunidos na Escócia, com o propósito de debater soluções para aflitivos problemas mundiais.
Mas, em termos mais específicos, os ataques foram consumados para punir Blair, aliado de primeira hora de Bush.
O dirigente britânico cerrou fileiras com o presidente americano após o 11 de Setembro e se engajou com retórica e tropas nas guerras do Afeganistão e do Iraque. Blair sempre foi instrumental a Bush para dar tonalidades multilaterais a uma campanha basicamente americana.
Agenda "soft"
Por Blair, Bush foi até as Nações Unidas, deixando de lado seu desprezo pela instituição. E o presidente americano foi até mais longe.
Pelo dirigente britânico, ele encampou causas como a pobreza na África, o tema mais rico desta reunião do G8 agora esvaziada.
Para Blair, esta chamada agenda "soft" é fruto de convicção, mas também de um cálculo político de que é mais fácil de vender para uma opinião pública cética quanto à validade de uma causa maniqueísta, mais bushiana, de que o desafio do terror representa uma luta entre o bem e o mal.
Ironicamente, nos últimos tempos mesmo Bush havia baixado o tom sombrio, enfatizando que o engajamento americano no Oriente Médio e no resto do mundo era vital para trazer democracia e prosperidade.
Claro que as credenciais de Bush como comandante na chamada guerra contra o terror são sua a razão de ser desde o 11 de Setembro.
Muito se falou da importância dos valores morais para garantir um segundo mandato nas eleições de novembro passado. Mas, no final das contas, foi sua credibilidade na questão de segurança que pesou mais para os eleitores.
Combate militarista
Mesmo assim, neste começo de segundo mandato, ficara visível como o foco de Bush estava se transferindo para prioridades domésticas como a reforma do sistema previdenciário e, agora nas últimas semanas, para a composição da Corte Suprema.
Até a insurgência no Iraque se tornara cada vez mais um "problema local" com seu impacto negativo na taxa de popularidade do presidente.
O 7 de julho em Londres deve, no entanto, reforçar a agenda mais tradicional e mais robusta de Bush.
O combate militarista e sem tréguas ao terror, mais do que uma abordagem social e que leva em conta suas causas, ganha munição em razão dos terríveis eventos na capital britânica.
A tragédia deve proporcionar ainda mais convicção a Bush de que ele está à frente de uma missão histórica. Com Nova York, Madri e agora Londres, o presidente americano se sente justificado. Como ele disse, logo após os atentados do 7 de julho, "a guerra contra o terrorismo continua".
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Análise: Atentados devem reforçar aliança entre Blair e Bush
CAIO BLINDERda BBC Brasil, em Nova York
Nova York, Madri e Londres são cidades irmanadas pela dor, capitais do mundo ocidental, vítimas da barbárie terrorista. José Maria Aznar foi uma vítima política. O ex-primeiro-ministro espanhol partiu após o 11 de Março. Agora, seguem de pé George W. Bush e Tony Blair, companheiros de armas e de tragédias.
Os atentados desta quinta-feira em Londres foram um recado genérico e niilista para embaraçar os dirigentes do G8 (e seus associados de países emergentes), reunidos na Escócia, com o propósito de debater soluções para aflitivos problemas mundiais.
Mas, em termos mais específicos, os ataques foram consumados para punir Blair, aliado de primeira hora de Bush.
O dirigente britânico cerrou fileiras com o presidente americano após o 11 de Setembro e se engajou com retórica e tropas nas guerras do Afeganistão e do Iraque. Blair sempre foi instrumental a Bush para dar tonalidades multilaterais a uma campanha basicamente americana.
Agenda "soft"
Por Blair, Bush foi até as Nações Unidas, deixando de lado seu desprezo pela instituição. E o presidente americano foi até mais longe.
Pelo dirigente britânico, ele encampou causas como a pobreza na África, o tema mais rico desta reunião do G8 agora esvaziada.
Para Blair, esta chamada agenda "soft" é fruto de convicção, mas também de um cálculo político de que é mais fácil de vender para uma opinião pública cética quanto à validade de uma causa maniqueísta, mais bushiana, de que o desafio do terror representa uma luta entre o bem e o mal.
Ironicamente, nos últimos tempos mesmo Bush havia baixado o tom sombrio, enfatizando que o engajamento americano no Oriente Médio e no resto do mundo era vital para trazer democracia e prosperidade.
Claro que as credenciais de Bush como comandante na chamada guerra contra o terror são sua a razão de ser desde o 11 de Setembro.
Muito se falou da importância dos valores morais para garantir um segundo mandato nas eleições de novembro passado. Mas, no final das contas, foi sua credibilidade na questão de segurança que pesou mais para os eleitores.
Combate militarista
Mesmo assim, neste começo de segundo mandato, ficara visível como o foco de Bush estava se transferindo para prioridades domésticas como a reforma do sistema previdenciário e, agora nas últimas semanas, para a composição da Corte Suprema.
Até a insurgência no Iraque se tornara cada vez mais um "problema local" com seu impacto negativo na taxa de popularidade do presidente.
O 7 de julho em Londres deve, no entanto, reforçar a agenda mais tradicional e mais robusta de Bush.
O combate militarista e sem tréguas ao terror, mais do que uma abordagem social e que leva em conta suas causas, ganha munição em razão dos terríveis eventos na capital britânica.
A tragédia deve proporcionar ainda mais convicção a Bush de que ele está à frente de uma missão histórica. Com Nova York, Madri e agora Londres, o presidente americano se sente justificado. Como ele disse, logo após os atentados do 7 de julho, "a guerra contra o terrorismo continua".
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