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08/02/2006 - 08h49

Participação em eleição no Haiti foi de "até 80%"

CAROLINA GLYCERIO
da BBC Brasil, em Porto Príncipe

Até 80% dos eleitores haitianos podem ter ido às urnas na terça-feira para escolher o seu novo presidente, segundo uma representante do Conselho Eleitoral Provisório (CEP), Josepha Gauthier.

Segundo Gauthier, embora os números oficiais ainda não tenham sido apurados, o CEP, responsável pela organização das eleições, estima que a participação tenha ficado em torno de 75% a 80% das 3,5 milhões de pessoas registradas para votar.

O comparecimento maciço nas primeiras eleições no país desde a queda do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide, em 2004, surpreendeu os observadores internacionais.

Por outro lado, a falta de estrutura para receber o grande volume de pessoas gerou tumultos que deixaram pelo menos quatro mortos.

Linchamento

Na cidade de Gonaives, um homem foi morto por um policial, que em seguida foi linchado pela multidão.

Uma terceira morte ocorreu na capital haitiana, Porto Príncipe, onde um eleitor de 75 anos morreu, aparentemente sufocado, em meio ao empurra-empurra das pessoas que se aglomeravam para votar.

A quarta pessoa teria morrido de ataque cardíaco.

Outros incidentes violentos aconteceram especialmente nas primeiras horas da eleição.

O atraso na abertura das seções deixou exaltados milhares de haitianos, muitos podiam ser vistos caminhando nas ruas ainda escuras de Porto Príncipe para chegar aos centros de votação às 6h, horário previsto para a abertura das urnas.

Ao longo do dia, porém, o processo foi acelerado e os ânimos se acalmaram.

O secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), José Miguel Insulza, disse que parte dos problemas se deveu justamente a aglomeração de pessoas tão cedo nos centros de votação.

"Muitas pessoas foram votar muito cedo, o que não acontece em nenhum outro lugar do mundo. As pessoas vão geralmente durante o dia. Isso criou dificuldades", disse Insulza, em um entrevista coletiva.

Insulza insistiu que para a OEA, que ajudou o Haiti no processo eleitoral, os resultados desta terça-feira foram "satisfatórios", ao responder às perguntas mais incisivas de jornalistas haitianos sobre os problemas que impediram eleitores de votar.

"O importante é que a larga maioria votou. Muitas pessoas duvidavam que esta eleição sequer fosse acontecer", afirmou o secretário da OEA.

Adiamentos

As eleições, inicialmente marcadas para novembro do ano passado, foram adiadas quatro vezes por causa de problemas técnicos e, segundo alguns analistas, falta de vontade política da parte do CEP.

O chefe da Minustah, a força de estabilização da ONU no país, Juan gabriel Valdes, também disse que a avaliação das Nações Unidas, que investiu US$ 72 milhões nestas eleições, é positiva.

“Do ponto de vista da Minustah, o processo eleitoral foi verdadeiramente
admirável”, disse Valdes.

Os observadores nacionais e estrangeiros entrevistados pela BBC Brasil
também se mostraram satisfeitos com a eleição.

"É um milagre. Apesar de tudo o que deu errado, os problemas acabaram sendo
corrigidos e quase todo mundo conseguiu votar", disse o chefe da missão de
observadores da União Européia no Haiti, Johann Van Hecke.

O parlamentar europeu também estima a participação entre 75% a 80% do
eleitorado.

Contestação

Josepha Gauthier, do CEP, diz esperar a contestação das eleições. “Havia 34
candidatos. Agora serão um ou dois, os outros vão reclamar.”

Se nenhum dos candidatos obtiver mais de 50% dos votos, a eleição será
decidida no segundo turno, marcado para o dia 29 de março.

Pesquisas de opinião realizadas em janeiro indicavam que o favorito e o
candidato René Préval, do partido Lespwa (Esperança, em crioulo, uma das
duas línguas oficiais faladas no Haiti, alem do francês).

O empresário Charles Henri Baker, sem partido, aparece em segundo lugar nos mesmos levantamentos.

A ONU vai manter o forte de esquema de segurança montado para a votação nos
próximos dias, para se prevenir contra reações violentas aos resultados.

“Precisamos esperar ate que os resultados sejam divulgados”, afirmou um representante da polícia da ONU.

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