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18/05/2007
-
03h38
da BBC
A saída de Paul Wolfowitz da presidência do Banco Mundial acabou sendo mais uma questão pessoal do que política. Ele foi derrubado por suas próprias ações, não por suas políticas. Seus adversários talvez vejam esse episódio como o de mais um neoconservador que se estraçalha em uma queda causada por sua própria arrogância.
Esses adversários vão notar com satisfação que Wolfowitz vai se unir a dois ex-colegas no ostracismo político: o ex-secretário de Defesa Donald Rumsfeld e o ex-embaixador americano na ONU John Bolton.
Ambos eram identificados, assim como o próprio Wolfowitz, com os neoconservadores que levaram adiante e defenderam a política de invasão do Iraque e de tentar remodelar o Oriente Médio.
Seus inimigos políticos devem agora ver este episódio como mais um sinal de fraqueza do próprio presidente George W. Bush.
O episódio é um golpe para a equipe de Bush. É também um golpe no confortável sistema pelo qual os Estados Unidos sempre escolhem o chefe do Banco Mundial, enquanto a Europa decide quem vai chefiar o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Os apoiadores de Wolfowitz também podem se voltar contra aqueles a quem culpam por sua saída: os governos liberais da Europa.
Afirma-se que esses governos se opuseram à guerra e se opuseram a Paul Wolfowitz no comando do Banco Mundial, onde ele anunciou sua intenção de balançar a instituição e de combater a corrupção nos governos que aceitavam empréstimos do banco e não utilizavam o dinheiro de forma correta.
Posição difícil
O chefe do grupo especial de diretores internacionais que cravou a faca em Wolfowitz em um relatório sobre suas atividades foi um holandês, Herman Wijffels, um economista e democrata-cristão.
Certamente, há potencial aqui para uma explosão de hostilidade transatlântica. No entanto, a Casa Branca foi cuidadosa em retirar o apoio a Wolfowitz quando detalhes a respeito de suas decisões se tornaram cada vez mais aparentes e a sua defesa se tornou cada vez mais difícil.
O fato é que a queda de Wolfowitz pode ser amplamente atribuída a uma série de erros de cálculo que ele cometeu enquanto tentava proteger a posição de sua namorada, Shaha Riza, que também trabalhava no Banco Mundial.
Como a mulher de Cesar, Wolfowitz tinha de estar acima de qualquer suspeita, especialmente enquanto atacava outros por corrupção.
Uma análise de seus erros mostra que Wolfowitz estabeleceu uma posição que era difícil, ou até mesmo impossível, de defender, quer fosse ou não um neoconservador ou qualquer outra coisa.
No final, a sua queda foi sua própria obra. Ele cometeu três principais erros de cálculo. O primeiro foi tentar argumentar que poderia lidar com o conflito de interesses criado por presidir uma instituição na qual sua parceira tinha um papel importante simplesmente evitando qualquer decisão "pessoal" que a afetasse.
Wolfowitz sustentou que ainda seria capaz de ter "contato profissional". Isso foi contra as normas do banco. O segundo erro foi aceitar o aconselhamento informal do comitê de ética do banco (de que ele deveria dizer ao chefe de pessoal para lidar com a questão) como um sinal verde para impor uma decisão ele próprio. O próprio Wolfowitz admitiu que foi um erro ter se envolvido pessoalmente.
O terceiro engano de Wolfowitz foi impor um acordo tão generoso para que Riza fosse transferida para o Departamento de Estado.
O salário de Riza, pago pelo Banco Mundial, teve um reajuste maior do que o padrão. Ela recebeu ainda a promessa de promoção automática caso retornasse ao banco, o que também não é usual.
A defesa de Wolfowitz foi a de que agiu seguindo o que considerava ter sido o conselho do comitê de ética do banco. E é verdade que o comitê aprovou o acordo com Riza, não apenas uma vez, quando foi informado sobre a proposta por Wolfowitz, mas novamente, quando foi questionado por um e-mail, supostamente remetido por um funcionário do banco.
Também é verdade que o chefe do comitê não foi suficientemente claro em suas negociações com Wolfowitz. Mas no final, a responsabilidade foi de Wolfowitz. E ele pagou o preço.
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Veja o perfil de Paul Wolfowitz
Conselho do Banco Mundial aceita renúncia de Wolfowitz
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Análise: Wolfowitz pagou preço por erro de cálculo
PAUL REYNOLDSda BBC
A saída de Paul Wolfowitz da presidência do Banco Mundial acabou sendo mais uma questão pessoal do que política. Ele foi derrubado por suas próprias ações, não por suas políticas. Seus adversários talvez vejam esse episódio como o de mais um neoconservador que se estraçalha em uma queda causada por sua própria arrogância.
Esses adversários vão notar com satisfação que Wolfowitz vai se unir a dois ex-colegas no ostracismo político: o ex-secretário de Defesa Donald Rumsfeld e o ex-embaixador americano na ONU John Bolton.
Ambos eram identificados, assim como o próprio Wolfowitz, com os neoconservadores que levaram adiante e defenderam a política de invasão do Iraque e de tentar remodelar o Oriente Médio.
Seus inimigos políticos devem agora ver este episódio como mais um sinal de fraqueza do próprio presidente George W. Bush.
O episódio é um golpe para a equipe de Bush. É também um golpe no confortável sistema pelo qual os Estados Unidos sempre escolhem o chefe do Banco Mundial, enquanto a Europa decide quem vai chefiar o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Os apoiadores de Wolfowitz também podem se voltar contra aqueles a quem culpam por sua saída: os governos liberais da Europa.
Afirma-se que esses governos se opuseram à guerra e se opuseram a Paul Wolfowitz no comando do Banco Mundial, onde ele anunciou sua intenção de balançar a instituição e de combater a corrupção nos governos que aceitavam empréstimos do banco e não utilizavam o dinheiro de forma correta.
Posição difícil
O chefe do grupo especial de diretores internacionais que cravou a faca em Wolfowitz em um relatório sobre suas atividades foi um holandês, Herman Wijffels, um economista e democrata-cristão.
Certamente, há potencial aqui para uma explosão de hostilidade transatlântica. No entanto, a Casa Branca foi cuidadosa em retirar o apoio a Wolfowitz quando detalhes a respeito de suas decisões se tornaram cada vez mais aparentes e a sua defesa se tornou cada vez mais difícil.
O fato é que a queda de Wolfowitz pode ser amplamente atribuída a uma série de erros de cálculo que ele cometeu enquanto tentava proteger a posição de sua namorada, Shaha Riza, que também trabalhava no Banco Mundial.
Como a mulher de Cesar, Wolfowitz tinha de estar acima de qualquer suspeita, especialmente enquanto atacava outros por corrupção.
Uma análise de seus erros mostra que Wolfowitz estabeleceu uma posição que era difícil, ou até mesmo impossível, de defender, quer fosse ou não um neoconservador ou qualquer outra coisa.
No final, a sua queda foi sua própria obra. Ele cometeu três principais erros de cálculo. O primeiro foi tentar argumentar que poderia lidar com o conflito de interesses criado por presidir uma instituição na qual sua parceira tinha um papel importante simplesmente evitando qualquer decisão "pessoal" que a afetasse.
Wolfowitz sustentou que ainda seria capaz de ter "contato profissional". Isso foi contra as normas do banco. O segundo erro foi aceitar o aconselhamento informal do comitê de ética do banco (de que ele deveria dizer ao chefe de pessoal para lidar com a questão) como um sinal verde para impor uma decisão ele próprio. O próprio Wolfowitz admitiu que foi um erro ter se envolvido pessoalmente.
O terceiro engano de Wolfowitz foi impor um acordo tão generoso para que Riza fosse transferida para o Departamento de Estado.
O salário de Riza, pago pelo Banco Mundial, teve um reajuste maior do que o padrão. Ela recebeu ainda a promessa de promoção automática caso retornasse ao banco, o que também não é usual.
A defesa de Wolfowitz foi a de que agiu seguindo o que considerava ter sido o conselho do comitê de ética do banco. E é verdade que o comitê aprovou o acordo com Riza, não apenas uma vez, quando foi informado sobre a proposta por Wolfowitz, mas novamente, quando foi questionado por um e-mail, supostamente remetido por um funcionário do banco.
Também é verdade que o chefe do comitê não foi suficientemente claro em suas negociações com Wolfowitz. Mas no final, a responsabilidade foi de Wolfowitz. E ele pagou o preço.
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