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31/03/2010 - 08h55

Uma Uma em apuros

IVAN LESSA
colunista da BBC Brasil

Eu não chegava a ser fã da Uma Thurman. Abro o jogo. Até que antipatizava um pouquinho com a jovem senhora em questão. Como numa marchinha esquecida de Carnaval, eu sou mais as morenas e até mesmo as ruivas. De porte médio.

La Thurman é longa que não acaba mais. Suas pernas, com a licença do poeta, dão a volta ao mundo. Quem me levou a botar Uma no álbum de favoritas foi o Quentin Tarantino. Primeiro, com o "Pulp Fiction", onde, depois de uma dança antológica com o Travolta, ela, primeiro, rouba serena e desmaiadamente, uma sequência com uma agulha enfiada com violência travoltiana no peito afim de ser ressuscitada de uma superdose de heroína. Segundo, seu despertar para a vida (bom título ruim para um mau filme) com um susto e um grito.

Depois, os dois esplêndidos volumes de "Kill Bill", também do prendado Tarantino. Com a vantagem, inclusive, até onde sei, de participar de dois filmes seguidos que não receberam o tiro de misericórdia na nuca de título em português. "Garotas e Bandidos", talvez. Ou "Uma Turma da Fuzarca".

Depois a perdi de vista. Outros tempos, outras louras longilíneas.

Surge ela agora nos noticiários botando pra quebrar e ameaçando dar entrada no livro Guiness World Records. Coitada da moça. Está em apuros. Deve ter sido o nome que seu mais recente filme recebeu no Brasil, esse que o título desta coluna faz uma tola referência: "Uma Mãe em Apuros". O que é puro anos 40 da pior safra possível. Talvez até anos 30. Na companhia de chanchadas e filmes vagabundos. "Dois Marujos em Apuros", "Cupido é Moleque Teimoso", por aí. Uma Mãe, sozinha, já seria chato. Próximo demais a "um mamão". Agora, colado ao EmApuros, tenham a santa paciência.

Encerrado o nariz de cera, vamos ao que interessa. Uma Thurman ameaça entrar para a história do cinema, ou ao menos a história da exibição em cinema, como a principal protagonista do maior fracasso de bilheteria no Reino Unido de todos os tempos. Quiçá do mundo.

Aqui levaram com o título original americano, "Motherhood", simplesmente, sem apuros, apesar de tê-los a granel, para falar em linguagem ou legendas cinematográficas de meados do século passado neste século 21.

O filme foi retirado bruscamente de cartaz quando, no vital fim de semana de estreia, apenas 11 pessoas (como uma equipe de futebol da várzea) compareceram para conferir o que havia e o que não havia.

Não havia nada no filme, tudo indica. Não deram pelota sequer para a presença de Jodie Foster, atriz contemplada com dois Oscar, e Minnie Driver, uma cidadã britânica de certa incerta popularidade em incertos meios. Nem posso jurar que os pobres coitados dos 11 tenham visto até o fim. As bilheterias, no domingo, levantaram 9 libras apenas, ou seja, US$ 13,5. Que foi o que o único espectador pagou para dar uma checada nos apuros de Uma. Uma má (atenção para o rico cacófato anterior) língua jura que nem o lanterninha nem o projecionista assistiram ao que ultrapassa os diversos massacres tarantinescos a que estamos acostumados.

88 libras. Lá pelos US$ 100. Total arrecadado no fim-de-semana em questão. O abacaxi (ir ao dicionário de gírias superadas) ultrapassou o fracasso de seu lançamento, em setembro do ano passado, nos Estados Unidos, onde levantaram apenas perto de US$ 60 mil, que é uma barra e já passou para o legendário da história do cinema americano.

Por estas bandas, leitores, e não cinéfilos, aguardam a briga de foice (por certo tarantinesca também) que vem aí entre produtores e distribuidores do danado do --não há outro nome-- produto.

Agora, só nos resto aguardar o lançamento em DVD. E Blue-Ray. Da briga, claro. Do filme, deixem para lá. Vai ver aí melhora tudo.

 

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