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CPI do Apagão quer explicações do dono Gautama sobre obras em aeroporto
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GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília
A CPI do Apagão Aéreo do Senado pretende convocar o dono da construtora Gautama, Zuleido Veras, para prestar depoimento sobre as obras de ampliação do aeroporto internacional de Macapá (AP). A empreiteira venceu a licitação das obras que, segundo o TCU (Tribunal de Contas da União), apresentam "graves irregularidades" em sua execução.
A Folha Online apurou que a convocação de Zuleido é mantida sob sigilo na CPI para evitar uma manobra da base aliada do governo contra a presença do empresário na comissão. O requerimento de convocação será apresentado quando a CPI avançar nas investigações sobre a Infraero.
"A Gautama entra mais na frente [nas investigações]. A empresa está entre o grupo que sempre ganhava licitações", disse o relator da CPI do Senado, Demóstenes Torres (DEM-GO).
O relator deve concluir na semana que vem as investigações sobre as causas do apagão aéreo que atingiu o país nos últimos meses. Depois de apresentar um relatório parcial com as suas conclusões, Demóstenes dará início às investigações sobre a Infraero --o que inclui as obras no aeroporto de Macapá.
"Na quinta-feira vamos apresentar o relatório parcial sobre as causas do apagão. A partir daí, vamos nos dedicar aos crimes da Infraero", disse o senador.
Demóstenes quer apurar as denúncias de superfaturamento e irregularidades em obras da estatal.
Irregularidades
Segundo reportagem publicada pela Folha, as obras de ampliação do aeroporto de Macapá foram um pedido pessoal do senador José Sarney (PMDB) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O relatório do TCU produzido pelo ministro Benjamin Zymler, no ano passado, apontou sobrepreço, subcontratação, restrição indevida de participantes, indícios de conluio e direcionamento entre licitantes pré-qualificadas na concorrência.
O consórcio Gautama-Beter venceu a concorrência e o contrato foi celebrado em 25 de novembro de 2004, no valor de R$ 112,8 milhões. O fim das obras estava marcado para dezembro do ano passado, mas elas foram suspensas depois da auditoria do TCU.
Segundo o tribunal, o desvio nas obras é estimado em R$ 50,9 milhões. Apesar do relatório do TCU, as obras e serviços de engenharia de construção do novo terminal de passageiros, do sistema viário e da ampliação do pátio de aeronaves do aeroporto de Macapá não foram incluídas nas investigações da Polícia Federal na Operação Navalha --que apontou a Gautama como responsável por fraudes em licitações públicas do governo federal.
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