Publicidade
Publicidade
Medo de derrota no Senado convence Lula a negociar mudanças na CPMF
Publicidade
GUSTAVO PATU
LEANDRA PERES
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Temeroso de uma derrota no Senado, o governo começou ontem a negociar com aliados e oposicionistas alterações na proposta de emenda constitucional que prorroga a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) por mais quatro anos.
À noite, o relator do projeto na Câmara, o deputado e ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci (PT-SP) conseguiu apresentar seu relatório na comissão especial encarregada de examinar o projeto, apesar das tentativas da oposição de usar manobras regimentais para inviabilizar a sessão. A única alteração foi impor o piso de 0,2% à alíquota da CPMF, equivalente à parcela da arrecadação do tributo destinada à saúde --o texto original só previa a possibilidade de reduzir a alíquota por meio de lei.
Embora Palocci tenha apresentado uma nova versão do texto praticamente idêntica à original do Executivo, as concessões poderão ser feitas durante a tramitação na Casa, que deve se arrastar, no mínimo, até o final do mês.
Uma das possibilidades mais mencionadas é promover a redução gradual da alíquota da contribuição, que hoje transfere aos cofres federais 0,38% do valor de cada débito em conta corrente. Mas um acordo pode ser fechado em torno da redução de outra contribuição --a das empresas à Previdência encabeça a lista de exemplos.
Desde que o tributo foi criado, em 1993, com o nome de IPMF e alíquota de 0,2%, sua carga só fez subir nas sucessivas prorrogações aprovadas pelo Congresso. Desta vez, porém, o Executivo enfrenta dificuldades inéditas para conseguir manter a contribuição.
Não só há críticas generalizadas ao patamar recorde da carga tributária como, pela primeira vez, não há um ambiente de crise econômica capaz de assustar os parlamentares.
Como a Folha noticiou, na semana passada o governo já considerava a hipótese de negociar o texto, o que ficou mais explícito ontem, quando o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) discutiu o tema com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Embora o projeto ainda esteja na Câmara, é no Senado que o apoio partidário ao Planalto é mais frágil.
"No Senado, o equilíbrio de forças é mais complicado. Nós não temos maioria significativa e, portanto, vamos procurar um entendimento, inclusive com a oposição", disse Jucá.
Para não haver perda de receita, o texto precisa ser aprovado até o fim do ano, quando a CPMF deixa de vigorar. Até lá, são votações em dois turnos na Câmara e no Senado, com aprovação mínima de 60% --e, em caso de alteração no Senado, a proposta volta à Câmara.
Por isso, se considerar necessário um acordo para a alteração do texto, o governo terá de fazer a negociação já em um entendimento conjunto com Câmara e Senado, aliados e oposição. Em audiência com defensores da extinção do tributo, Palocci disse que o "ideal" seria manter a CPMF, mas com uma alíquota menor no futuro: "Se o debate caminhar para o fim da CPMF, a extinção não pode ser abrupta".
A audiência contou com a presença do presidente da Fiesp, Paulo Skaf, e os economistas Raul Velloso, especialista em contas públicas, e José Roberto Afonso, ligado ao PSDB. Skaf levou números para sustentar que o governo pode ficar sem a CPMF e um manifesto com 1,1 milhão de assinaturas contra o tributo.
Acompanhe as notícias em seu celular: digite wap.folha.com.br
Leia mais
- Chinaglia diz que CPMF será votada até o fim do mês na Câmara
- Mantega admite abrir mão de impostos, mas não da CPMF
- Receita pode ser criativa para compensar fim da CPMF, diz Rachid
- Lula cobra lealdade de aliados para aprovação da CPMF
- Lula diz que CPMF é um imposto "justo e fiscalizador"
- Comente matérias da Folha Online
Especial
Publicidade
As Últimas que Você não Leu
Publicidade
+ LidasÍndice
- Nomeação de novo juiz do Supremo pode ter impacto sobre a Lava Jato
- Indicação de Alexandre de Moraes vai aprofundar racha dentro do PSDB
- Base no Senado exalta currículo de Moraes e elogia indicação
- Na USP, Moraes perdeu concursos e foi acusado de defender tortura
- Escolha de Moraes só possui semelhança com a de Nelson Jobim em 1997
+ Comentadas
- Manifestantes tentam impedir fala de Moro em palestra em Nova York
- Temer decide indicar Alexandre de Moraes para vaga de Teori no STF
+ EnviadasÍndice