Lima nega que trabalhará pela absolvição de Renan e diz que não aceitará críticas

O senador Almeida Lima (PMDB-SE), escolhido relator dos últimos processos contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) no Conselho de Ética do Senado, rebateu nesta terça-feira as acusações de que vai trabalhar pela absolvição do colega de partido. Ele disse que só vai aceitar críticas à sua indicação de parlamentares que tiverem "autoridade moral" e um passado honrado.

Lima disse que não vai aceitar receber "críticas desaforadas de quem quer que seja", especialmente dos senadores que não têm "legitimidade" para questionar a sua indicação.

20.jun.2007/Folha Imagem

Almeida Lima nega que trabalhará pela absolvição de Renan

Em tom de ameaça, o relator disse que os seus críticos devem ter "cuidado" para lhe dirigir acusações. "Quem vier falar de mim tenha cuidado, porque tenho um passado de respeito e dignidade. Eu não tenho papas na língua nem rabo preso. Eu quero saber se alguém tem passado para me questionar", enfatizou.

O relator negou que vá recomendar a absolvição de Renan, a exemplo do que fez na primeira representação contra o parlamentar no Conselho de Ética. "Eu não posso afirmar [que o senador Renan é inocente]. Eu ainda não conheço os autos, nem recebi os processos. Não confundam o parecer que eu dei na primeira representação com o que eu possa vir a dar", afirmou.

Indicação

O presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), indicou Lima para relatar as duas últimas representações contra Renan no órgão. A oposição e senadores da própria base aliada do governo reagiram à indicação do peemedebista, já que é do mesmo partido de Renan e um de seus principais aliados no Senado.

Quintanilha foi questionado na manhã de hoje por integrantes do conselho sobre a indicação do peemedebista. "O senhor não deveria ter indicado o senador Almeida Lima, e o senador não deveria ter aceitado", disse o senador Renato Casagrande (PSB-ES).

Lima vai relatar os dois últimos processos contra Renan, referentes às denúncias de que o presidente do Senado teria usado "laranjas" para comprar um grupo de comunicação em Alagoas, além de integrar um esquema de desvio de recursos em ministérios controlados pelo PMDB.

Quintanilha disse esperar que em um mês Lima conclua as investigações sobre os dois últimos processos contra Renan. O relator afirmou, no entanto, que não tem prazo pré-estabelecido para analisar os casos. "Não terá sofreguidão comigo. Vou receber os processos e analisar", disse Lima.

Reunião

O conselho se reúne hoje para discutir a decisão de Quintanilha de unificar os últimos processos contra Renan, assim como colocar em votação o relatório do senador João Pedro (PT-AM) sobre o segundo processo contra o peemedebista.

Na segunda representação, Renan é acusado de beneficiar a Schincariol no INSS depois que a empresa comprou uma fábrica de seu irmão, o deputado Olavo Calheiros (PMDB-AL), por preço superfaturado.

João Pedro vai recomendar o "sobrestamento" (paralisação) do processo até que a Câmara dos Deputados conclua as investigações sobre o envolvimento do irmão de Renan no caso.

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