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22/08/2002 - 17h22

Sabatina Maluf: Leia a 3ª parte de perguntas dos jornalistas

da Folha Online

Na última parte de perguntas dos jornalistas ao candidato Paulo Maluf, o pepebista responde sobre contas na Suíça, PAS, apoio ao governo FHC e pedágios nas rodovias estaduais.

Leia abaixo a terceira e última parte das perguntas de jornalistas durante o ciclo "Candidatos na Folha", promovido pelo jornal Folha de S.Paulo. Participam da sabatina os jornalistas Fernando Canzian, secretário de Redação da Folha, Fernando de Barros e Silva, editor de Brasil, Nilson Oliveira, editor de Cotidiano, e Rogério Gentile, editor do Painel.

Fernando Canzian: Eu queria fazer uma pergunta, que o senhor vai responder várias vezes durante o horário eleitoral, que é sobre a reportagem que a Folha publicou ano passado sobre a suposta existência de contas que o senhor teria na ilha de Jersey, paraíso fiscal. O senhor nega veementemente a existência dessas contas, no entanto, há cerca de dois meses nós ficamos sabendo, que em 1997, três fundos operados pelo Deutsche Bank, fizeram uma compra de ações de US$ 89 milhões na sua empresa, Eucatex. Os fundos estavam localizados em gerais UE, quer dizer, como o senhor explica que, negando a existência das contas, que esses fundos foram comprar a Eucatex de uma forma extremamente desvantajosa para eles, o momento que todo mundo estava tirando dinheiro do Brasil, o câmbio ia estourar em 99. As empresas estavam tirando dinheiro. A situação não era boa em 98, em 99 o câmbio estourou. Quer dizer, houve investimento de fundos de Jersey na sua empresa e há uma acusação do Ministério Público, eu tenho aqui inclusive depois indícios que eu gostaria de ler um por um para o senhor, da existência dessas contas.

Paulo Maluf: Em primeiro lugar, já desmenti mil vezes e agradeço que todas as vezes a Folha de S.Paulo, que é um jornal honesto, colocou o outro lado, colocou o meu desmentido. Eu vou desmentir 2.000 vezes, 10 mil vezes, porque não tenho contas. Não tenho. Não tenho nenhuma conta fora do Brasil, não tenho. Segundo, investimentos na minha empresa, graças a Deus uma empresa que tem 50 anos, deixa eu fazer o marketing dela. Tem 3.000 trabalhadores diretos, 5.000 indiretos, eu dou empregos, plantei na minha vida pública 80 milhões de árvores, sou o maior reflorestador privado aqui do Estado de São Paulo. Eu produzo oxigênio... (risos).

Paulo Maluf: Contra a poluição. (aplausos).

Paulo Maluf: Então uma legislação na Alemanha do partido verde dando prioridade para investimentos em empresas que reflorestam. Pois bem, eles vieram em 97, nós estávamos precisando de capital de giro, vendemos um pedaço da empresa, está tudo registrado na CVM, tudo absolutamente normal.

Fernando Canzian: Quem são então os proprietários desses fundos que investiram?

Paulo Maluf: Está lá na CVM.

Fernando Canzian: Na CVM, o que consta são fundos do Morgan Grenfell que são fundos do Deutsche Bank e não constam o nome dos proprietários do dinheiro, uma conta numerada, eu gostaria que o senhor publicamente dissesse quem são os donos dos fundos se é o que senhor pode revelar isso.

Paulo Maluf: Os fundos estão todos registrados na CVM, foi tudo vendido que entrou pelo Deutsche Bank, no Banco Central, tudo absolutamente registrado. Tanto é que não corre nenhuma ação no Ministério da ,Fazenda que seria o órgão para isso.

Fernando Canzian: Eu queria deixar claro. Em agosto de 2001 o governo da Suíça foi quem enviou ao Brasil, um acordo internacional que existe entre os países, dizendo, pedindo informações a respeito de uma movimentação de contas no nome do senhor e de seus familiares. Deixa eu acabar.

Paulo Maluf: O governo da Suíça não mandou. Aqui que perguntaram.

Fernando Canzian: o governo da Suiça mandou um documento oficial.

Paulo Maluf: Não foi documento oficial.

Fernando Canzian: Há uma documento oficial com assinatura e timbre do governo da Suíça perguntando sobre as contas.

Paulo Maluf: Não senhor.

Fernando Canzian: Depois de setembro.

Paulo Maluf: Posso responder ou não posso?

Fernando Canzian: Gostaria de terminar a pergunta.

Paulo Maluf: Tá bom então, termina.

Fernando Canzian: O procurador geral de Genebra mandou uma carta ao Brasil também timbrada, na qual afirma que ordenou a apreensão preventiva de diversos documentos bancários da família Maluf. O Ministério Público diz que houve superfaturamento, o que senhor nega veementemente e há depoimentos e registros inclusive do Banco Central de remessas de dinheiro da construtora OAS, a gente tem registro de um ao Banco Central no valor de R$ 6,8 milhões para Jersey no final de 97, depois quando o senhor já tinha saído da prefeitura para, e foi na mesma época em que a Prefeitura de São Paulo pagou a OAS pela obra na Água Espraiada. Eu queria que o senhor comentasse indícios aqui, enfim.

Paulo Maluf: Em primeiro lugar, pela primeira vez na história política do Brasil o Ministério Público estadual, a quem não está afeito esses casos, é o Ministério Público federal e a Justiça Federal, por decisão do Tribunal Superior de Justiça em Brasília manda procurador para a Suíça, que quando respondeu a um pedido de informações da minha bancada na Assembléia Legislativa disse: não, eu até viajei barato. Que lá em Genebra eu comia cheeseburger, lá no Mc Donalds, está publicado no seu jornal. Então mandaram um procurador que não tinha poderes para isso, para investigar. Voltou com as mãos abanando porque eu não tenho conta lá e em nenhum lugar fora do Brasil. Abriram o meu sigilo bancário. Eu só tenho conta aqui e em lugar nenhum. A Folha publicou uma inverdade um dia, a Folha publicou que eu tinha uma conta em Genebra, no Banco Safra. Porque o meu sigilo telefônico que foi quebrado, 20 números telefônicos durante nove anos tinha uma ligação telefônica para o Banco Safra. Eu chamei a minha secretária e perguntei: alguém aqui ligou para o Banco Safra? Eu não liguei. Não, dr. Paulo, no dia 9 de dezembro, está aqui uma conta telefônica realmente que foi o fax que o senhor mandou pelo falecimento do presidente do banco, Edmond Safra.

Fernando Canzian: Essa ligação durou cinco horas, são 332 minutos de ligação. (risos). (aplausos).

Paulo Maluf: Não é verdade.

Fernando Canzian: Está nos registros, 332 minutos.

Paulo Maluf: Não é verdade, o que ali me espanta, que isso foi quebrado sob segredo de Justiça e a Folha de S.Paulo tenha isso de maneira fraudulenta na sua redação. Está por segredo de Justiça. Sim senhor.

Fernando Canzian: O jornal conseguiu as informações, é mérito do jornal.

Paulo Maluf: O jornal não pediu informação nenhuma, quando o Ministério Público se interessa, tem um inimigo dos tucanos, passam as informações para vocês.

Fernando Canzian: São 332 minutos de ligação, mais 70 minutos depois para o escritório em Jersey.

Paulo Maluf: Eles erraram. Eu não tenho uma ligação minha para Jersey, é mentira! Mentira! "O Estado de São Paulo" publicou em manchete principal e eu estou desafiando o jornal "O Estado de São Paulo" que diga que dia, que número telefônico e quando foi. Não há nenhuma ligação para a ilha de Jersey, nenhuma! (aplausos).

Paulo Maluf: Vocês que estão vaiando, eu quero agradecer porque o meu amigo deputado diz que vaia é o aplauso dos descontentes, descontentes, muito obrigado. (aplausos).

Paulo Maluf: Muito obrigado. (risos).

Rogério Gentile: Prefeito, o senhor citou aqui, disse que houve uma fuga de indústrias, segundos o senhor, jamais vista. Em campanha pelo interior, para criticar a gestão Alckmin, o senhor disse que várias empresas estavam deixando o Estado. Em nota, as empresas desmentem. (As empresas respondem) "Lamentamos a má informação do candidato a governador, bem como boato que está longe da verdade". Eu pergunto ao senhor, se o senhor acha correto o candidato a governador...

Paulo Maluf: Em primeiro lugar tinha lido isso no Painel da Folha. Em segundo lugar, eu quero dizer para você que foi um engano meu sim, o deputado estadual Carlos Braga, de Bauru, me deu essa informação e posteriormente corre na cidade que iam sair. Por um pedido do governador, vão esperar a eleição. Mas se vão sair e não vão sair. Se eu dei a informação errada eu quero me penitenciar. Agora quer dizer para você que se a Folha de S.Paulo for justa vai encontrar mais de mil empresas que saíram do Estado. Vou dizer quantas. O prefeito de Americana me disse que está com mais de 13 mil desempregados em função do fechamento ou saída de 600 pequenas e médias indústrias têxteis. Eu estive em Franca, em Franca saíram quase metade das indústrias de lá e tem quase mil desempregados. Me diz o nosso senador Cunha Bueno que está recebendo, no Vale do Paraíba, no "Jornal Vale Paraibano", você tem a fonte, quantas indústrias fecharam no Vale do Paraíba. Agora, tem um jornal que eu gosto muito, você conhece a Folha de S.Paulo? 1 milhão, 878 mil.

Fernando de Barros e Silva: É o Agora, esse.

Paulo Maluf: É o vespertino. Esse não é bom, é? (risos).

Fernando de Barros e Silva: O senhor é que está dizendo.

Paulo Maluf: Esse é o vespertino da Folha de S.Paulo.

Fernando Canzian: Ótimo jornal.

Paulo Maluf: Perdão, 1,838 milhão de desempregados na Grande São Paulo. Agora, o pior é que há oito anos era 1 milhão, segundo dados.... ou seja, na Grande São Paulo aumentaram 100 mil desempregados por ano em 8 anos. No Estado de São Paulo eram 1 milhão, 900 mil no Estado inteiro. E hoje são 3,6 milhões de desempregados. Ou seja... ou seja, se tiver, como eu tenho certeza que existe, na Folha de S.Paulo, quem mais promoveu o desemprego e a fuga de indústria nesse Estado foi o governo tucano nos últimos 8 anos.

Rogério Gentile: O senhor apoiou em 98, vamos registrar.

Paulo Maluf: Eu apoiei a eleição do Fernando Henrique, se voltasse a 98 eu votaria nele, naquela ocasião sim. Mas não apoiei o Covas, não. Eu disse que o Covas não ia dar certo. Foi meu adversário, ganhou democraticamente, não é isso? Mas não há que se negar que o Covas e o Alckmin promoveram o maior desemprego e a maior fuga de indústrias da história de São Paulo. Negar isso é negar a credibilidade da Folha de S.Paulo, que eu não acredito.

Nilson de Oliveira: Prefeito, como o senhor explica então, o senhor defende aí que o Estado para funcionar tem que ter uma boa, tem que estar saneado, como um casamento para poder levar à frente políticas, por exemplo, para combater o desemprego. Para isso precisa ter vigor financeiro. No entanto, a sua administração aqui na Prefeitura de São Paulo fez com que fossem reduzida substancialmente a capacidade de investimento da prefeitura. Quando o senhor assumiu a prefeitura com uma dívida de 3 milhões e entregou ela, ao seu sucessor, seu afilhado político uma dívida de 7. E agora, a atual gestão teve que arcar com uma dívida de quase 19, 20 milhões aí de reais. Isso daí impede qualquer governo de levar à frente políticas que sejam capazes de gerar empregos e reduzir as mazelas sociais.

Paulo Maluf: O mesmo juro pornográfico que aumentou a dívida interna brasileira de 70 bilhões, herdada do governo Itamar Franco, esta mesma, este mesmo juro pornográfico está deixando o Fernando Henrique para seu sucessor herdar mais de 700. Segundo, deixo aqui para vocês os diários oficiais, depois de vender todos os ativos de São Paulo, o atual governo pegou com 12 bilhões e 900, está, em dezembro do ano passado, com 93 milhões. Aumentou 7 vezes. Terceiro, "O Estado de São Paulo" de ontem, vocês devem ler na página 12, não satisfeito ainda de vender tudo, de querer vender a Nossa Caixa, a Sabesp, a Cesp, lançar debêntures, ainda o secretário da Fazenda foi para Brasília tentar aprovar o aumento do endividamento de São Paulo, isso sem pagar os precatórios. Eu posso dizer o seguinte para você, eu deixei ativos na cidade. Eu mudei a cara de cidade de São Paulo.

Nilson de Oliveira: Quais ativos o senhor deixou? Deixou um PAS que rendeu um prejuízo de R$ 500 milhões. Em 96, o seu último ano de governo, o senhor arrecadou 6,3 bilhões e gastou 7,5, deixou 1,2 bi para o Pitta. Como o senhor explica isso?

Paulo Maluf: O PAS, eu tenho aqui comigo, vou deixar com você, avaliado pela melhor escola de medicina do mundo, em Boston, Massachusetts, disse que o melhor plano que saiu em 96 foi o PAS, eu lembro de Rockfeller quando perguntaram para ele em 1960 qual é o melhor negócio no mundo, ele disse: é um poço de petróleo bem administrado. E qual o pior negócio do mundo? um poço de petróleo mal administrado. O PAS recebeu 79% de aprovação.

Nilson de Oliveira: Olha, em recente evento anterior o senhor falou que o PAS foi degradado por influência política e descartou o modelo...

Paulo Maluf: Não senhor, acontece o seguinte, que o PAS, no meu tempo, funcionou bem. Infelizmente, no governo que me sucedeu, a influência política dos vereadores, e eu falo a verdade, é que afundou o PAS. Porque o PAS...

Nilson de Oliveira: Vereadores que foram eleitos com o apoio do senhor.

Paulo Maluf: Dá licença, vereadores de todos os partidos, até que foram eleitos contra mim, até o PT tem PAS hoje. Lá, hoje inclusive você sabe que o PAS foi substituído por uma autarquia que é a mesma coisa. Agora, veja, governo do Estado. No meu tempo, está aí o Datafolha que eu vou deixar para vocês, 79% de aprovação do PAS pelo Datafolha. Hoje, capital sofre com a falta de 9.422 leitos e mil médicos em hospitais.

Nilson de Oliveira: A pergunta era....

Paulo Maluf: Faltam 9.000 médicos em hospitais estaduais. Falta médico em metade dos hospitais estaduais. Dossiê denuncia: abandono em 17 hospitais públicos do Estado. Agora, no meu tempo, quero dizer para você, de prefeito, funcionou muito bem a prefeitura quanto à saúde pública.

Rogério Gentile: O senhor vai implantar o PAS no Estado?

Paulo Maluf: O PAS não porque são 645 municípios e você não pode pegar um sistema que funcione para uma cidade e tentar colocar estadualamente. O que eu presente fazer é muito claro. Os médicos ganham mal e por que ganham mal? Se sujeitando a um concurso, ficar estáveis e aí vem a história: não comparece porque ganha R$ 1.000 e ninguém tem obrigação de obrigá-los a comparecer. O médico no PAS ganhava R$ 6.600 pela CLT, portanto todos, todas as contratações que eu pretendo fazer no governo do Estado serão CLT. Eles vão ganhar bem, mas se eventualmente não pagarmos, eles vão largar o cargo para um outro. Ou seja, não vão ficar. Agora, o que eu não posso me permitir é que aqui o jornal Agora, é um bom jornal não é Fernando?, o paciente espera quatro meses para fazer exames pelo SUS. É assim que se encontra a saúde hoje. E o atual governador, que é médico, diz que cuida das pessoas. Como cuida das pessoas se hospitais estão fechando? Se o paciente demora quatro meses? E peço para vocês que não acreditam em mim, não na porta do Hospital do Servidor Público, o segundo maior hospital da cidade de São Paulo, onde eu estive há dois meses, uma senhora me pegou e me disse: dr. Maluf me ajuda. Eu disse: eu não sou médico, sou engenheiro. Não, não, estão marcando, era fevereiro, era março. Estão marcando a minha consulta para junho. Em junho, ou eu sarei, e não preciso mais do médico, ou eu morri. E não preciso mais do médico. Então peço a vocês que não acreditem em mim, visitem os hospitais estaduais e vejam que a saúde pública do Estado governada por um médico, essa sim está...

Nilson de Oliveira: Tudo bem que o senhor está preocupado com a saúde da população, mas pelo visto o senhor não esteve muito preocupado pela saúde financeira das administrações pelo qual o senhor passou, eu insisto. O senhor entregou a, pegou a prefeitura com uma dívida de 3 bi, entregou com 7. No último ano arrecadou 6,3, gastou 7,5, e por isso está sendo processado e foi condenado pela fazenda pública de São Paulo.

Paulo Maluf: Não tem condenação nenhuma com todo o meu respeito. Se foi de 3 para 7 foi pura e simplesmente o custo financeiro da rolagem da dívida. Agora, o que para mim é pornográfico é de 60 para 700. É de 13 para 97, nisto aqui quero dizer o seguinte para você: eu não aumentei a dívida, ao contrário, eu deixei para a cidade 8 túneis, 3 grandes avenidas, quase mil ruas asfaltadas, iluminei toda a periferia, construi 78 escolas, fiz entre creches construídas 135, 20 mil apartamentos Cingapura, ou seja, eu quero que vocês, no mínimo tenham a consciência de que eu deixei ativos sim para São Paulo. Eu mudei a cara da cidade de São Paulo em 4 anos. Tem mais, não aumentei o IPTU. Eu peguei com 0,6%, me neguei a colocar o IPTU progressivo, que a dona Luiza Erundina queria e larguei com 0,6%. Não aumentei impostos e mudei a cara da cidade de São Paulo. Por quê? Porque eu sou um administrador e vou explicar porque, quando assumi a prefeitura a CMTC, com a tal municipalização, a passagem em vez de ser cobrada por passageiro, era cobrada por quilômetro. Isso era simples, só rodar de noite, ônibus vazio e tomava da prefeitura. O déficit operacional da CMTC era US$ 1,5 milhão por dia. US$ 500 milhões por ano. Privatizamos, nenhum motorista foi demitido, porque os ônibus continuaram rodando, nenhum cobrador foi demitido. Agora os marajás... pela anterior foram demitidos. Eu fiz uma administração austera e mudei a cara da cidade sem aumentar nenhum imposto. No mínimo eu peço essa justiça.

Fernando Canzian: Está certo. Dr. Paulo eu queria voltar a uma pergunta que o Fernando já fez sobre o apoio que o senhor deu ao atual governo federal que está aí, terminando agora este ano. O senhor acusa o governo federal de ter feito com que a dívida pública, tanto federal como estadual, tenha sumido no caso da estadual de 13 para 93 bilhões, é verdade, o senhor acusa o atual governo de ter privatizado o Banespa, dado para os espanhóis, a Eletropaulo é dos franceses, o senhor diz. Agora o senhor apoiou o governo que no primeiro mandato havia mudado a Constituição para que tudo isso fosse feito. Apoiou o governo em 98 quando a taxa de juros é exorbitante e o senhor estava em outdoors com o Fernando Henrique aqui em São Paulo. Como o senhor agora cobra essa situação, se o senhor viu aquilo e apoiou mesmo....

Paulo Maluf: Eu cobro porque o dinheiro sumiu. Eu não sou contra a privatização.

Fernando Canzian: Mas a situação estava consolidada. Não é uma surpresa.

Fernando de Barros e Silva: O modelo econômico era o câmbio supervalorizado....

Paulo Maluf: Eu fui contra. Com o dinheiro da Cesp se construísse mais uma Ilha Solteira, uma Juquiá e mais uma Porto Primavera. O que aconteceu é que a Cesp tinha 15 milhões de quilowatts instalados que a US$ 2.000 por quilowatt dava um patrimônio de US$ 30 bilhões, cadê o dinheiro? Não sou contra o processo de privatização, eu só pergunto cadê o dinheiro, vendeu uma usina de 1 milhão de quilowatts, com esse dinheiro constrói uma outra usina, venderam tudo e só deu apagão. Contra isso sim, eu sou contra. Eu, na eleição de 98, você sabe muito bem que eu apoiei e apoiaria se votasse para 98, se naquela ocasião Fernando Henrique. Mas que eu não apoio em absoluto tudo o que foi feito nesse Estado referente a violência que dobrou, ao desemprego que dobrou, aos pedágios que foram construídos mais de 80, a educação...

Rogério Gentile: Só um aparte, desculpe, o senhor falou em pedágio um ponto importante. Uma espécie de pai dos pedágios, foi o senhor que implantou o primeiro na Anchieta em 1971.

Paulo Maluf: Quantos pedágios eu deixei?

Rogério Gentile: O senhor não vai...

Paulo Maluf: Quantos eu deixei?

Rogério Gentile: Não tenho o dado.

Paulo Maluf: Um.

Fernando Canzian: Dr. Paulo como o senhor espera...

Paulo Maluf: Agora tem um decreto meu que foi revogado pelo Montoro em que da 0h às 6h passava de graça. Quero deixar claro e peço que vocês registrem amanhã que eu vou enfrentar a farra dos pedágios. Porque em todo o mundo existe uma legislação onde tem uma rota de fuga ou rota alternativa. Tem uma auto-estrada na França, na Alemanha, nos Estados Unidos, tem que ter uma estrada paralela onde não paga pedágio. Pois bem, aqui não tem. O que o Paulo Maluf vai fazer? Eu vou abrir as praças de pedágio.

Fernando Canzian: Quem vai pagar os custos da ação judicial que vai ter contra o Estado?

Paulo Maluf: Se fosse em Cuba, o Fidel Castro chamava quem assinou os contratos, que era o Alckmin, botava ele no paredão e estava fuzilado. Agora aqui tem processos. (aplausos).

Paulo Maluf: Quer dizer quem tem que ser processado é quem assinou esses contratos de maneira lesiva. Porque esses contratos ferem o Código de Defesa do Consumidor, está aqui o deputado Celso Russomanno que foi um dos relatores dessa lei. Então, o que é que eu vou fazer? Está claro e público e me processe depois, não há problema. É para isso que tem, graças a Deus, um sistema democrático. Eu vou abrir das 23h às 6h.

Rogério Gentile: Todas as rodovias?

Paulo Maluf: Todas as rodovias estaduais, não posso abrir na via Dutra que é federal. Ou seja, caminhão, ônibus e automóvel não vai pagar pedágio. É bom que à noite eles viajem, os caminhões, ônibus, porque estando mais frescos gasta menos óleo diesel, gasta menos pneu se chegarem às marginais antes das 6h, encontra menos congestionamento. É bom para São Paulo. Respondendo a sua pergunta, bem, tem o contrato, toda cláusula abusiva é muito claro, é nula de pleno direito. O que vão fazer as empresas, se quiserem vir contra o Estado digo de pronto o que vou fazer. Vão me encontrar do outro lado. Eu vou aceitar a causa e vou pedir ao Ministério Público, que não fez até agora, que investigue esses contratos porque uma parte dos pedágios em São Paulo é mais caro do que nos Estados Unidos e na Europa, portanto eu acredito que inclusive numa ação pública eu possa diminuir o valor dos pedágios daqui do Estado de São Paulo.

Fernando de Barros e Silva: Prefeito, não sei se está na hora das perguntas dos leitores já.

Paulo Maluf: Pode continuar.

Fernando de Barros e Silva: O governador Alckmin disse, respondendo a pergunta de um leitor, que quem mandava na casa dele era a mulher dele. Eu só queria fazer uma curiosidade, na sua casa é a mesma coisa ou não?

Paulo Maluf: Quando eu estou sozinho, eu mando, quando a Silvia chega, ela é que manda. (risos).

Fernando Canzian: A gente chegou aqui ao final do primeiro bloco, governador...

Paulo Maluf: Agora, no caso do Alckmin quando ele está sozinho... quando eu estou sozinho eu mando, quando a Silvia chega ela que manda. Em casa, ela que manda.

Fernando Canzian: Chegamos ao final do primeiro bloco.

Paulo Maluf: Agora, quero fazer uma justiça, estou casado com a melhor mulher do mundo há 47 anos. (risos). (aplausos).

Paulo Maluf: Nunca se meteu em política. Nunca pediu a nomeação de um funcionário, de um secretário de Estado, a Silvia é a primeira-dama ideal porque ela só se interessou, e vocês todos são testemunha, em obras sociais. Adoro Silvia. (aplausos).

Leia a íntegra da sabatina com Paulo Maluf:
  • 1° Parte- Perguntas da Platéia

  • 2° Parte- Perguntas da Platéia


  • Veja também: o especial Eleições 2002
     

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