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Erundina diz que mulher é sub-representada na política nacional
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REGIANE SOARES
da Folha Online
O fato de as mulheres representarem mais de 50% do eleitorado brasileiro não reflete a participação feminina na política nacional. As mulheres ainda são minoria no Senado, na Câmara, nos governos estaduais e nas prefeituras. Para a deputada Luiza Erundina (PSB-SP), as mulheres ainda são sub-representadas na política devido a questões culturais, sociais e econômicas, além do preconceito e do machismo. "A mulher não é educada e preparada para conquistar e exercer o poder", afirma.
Na avaliação de Erundina, a cultura brasileira não estimula o exercício do poder pelas mulheres porque no inconsciente da sociedade está embutido que política é "coisa para homem" e que não seria um trabalho indicada para elas.
Erundina também acredita que o fato de a mulher ter que dividir seu tempo com a família, o serviço doméstico e o trabalho fora de casa dificulta o envolvimento com questões coletivas e acaba se excluindo da disputa pelo poder.
Aos 73 anos --mais de 50 dedicado à vida pública--, Erundina também teve que superar o preconceito de ser nordestina de origem humilde para conquistar diversos cargos públicos, sendo o mais importante deles a Prefeitura de São Paulo, em 1988, quando ainda militava no PT. Foi a primeira mulher a administrar a maior cidade do país.
Segundo a ex-prefeita, foi sua condição humilde e as circunstâncias que viveu no sertão da Paraíba que motivaram a reflexão para as desigualdades sociais. Além disso, a formação em Ciências Sociais e a militância sindical durante a época da ditadura militar contribuíram para sua vida política.
"Foi minha origem de classe que me deu consciência do papel que teria que cumprir. Essa consciência [da realidade do sertão nordestino] foi me formando politicamente de que havia desigualdade social", afirmou.
A dedicação exclusiva à vida pública fez com que Erundina optasse em não constituir família. "Escapei desse modelo", disse a deputada, ao lembrar que as mulheres de sua geração casavam muito jovens e tinham muitos filhos.
"Naquela época não havia nenhuma perspectiva de a mulher assumir alguma atividade pública. Somente agora a mulher pode conciliar uma profissão com família e, eventualmente, ter uma filiação partidária. Porém, isso é um grande sacrifício tanto pra ela como para a família", afirmou.
Apesar das mudanças sociais e da disposição de algumas mulheres em se envolver com questões públicas, Erundina acredita que a forma com que a política-partidária atualmente é organizada no Brasil não contribui para que elas cheguem ao poder.
A deputada citou como exemplo o fato de não haver nenhuma punição para os partidos que não cumprem a lei que obriga os partidos a inscreverem, no mínimo, 30% de mulheres nas chapas proporcionais.
Além disso, a deputada ressalta que pouca são as mulheres que são presidentes de partidos, exercem a liderança das bancadas ou fazem parte das comissões permanentes na Câmara.
"Somente uma reforma política poderá mudar isso. São questões que não mudam tão facilmente e que vai exigir muito de nós mulheres para mudar esses valores e comportamentos", afirmou.
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